o começo do começo

1914 Words
Sam não estava entendendo nada. Sua confusão mental estava lhe dando dor de cabeça. Preferiu pensar com cuidado nos argumentos que usaria para explicar seus motivos para Júnior. Então, quando terminaram de comer, levou as coisas pra pia e colocou uma camisola. Quando se deitou, ele já tinha limpado tudo e se deitou ao lado dela. Aninhou ela gentilmente em seus braços e pegou no sono. Samara não conseguia pensar em um único motivo para abrir mão disso tudo. Quando foi pra casa dele naquela tarde, tinha todos os argumentos na ponta da língua. Era um relacionamento abusivo, ele nunca a assumiu, eles não saíam em público, ele nunca contou pro irmão que estava com ela. Ele foi morar com outra mulher, que ele esfregou na cara dela pouco mais de um mês depois de ter tirado sua virgindade! Ele a deixou casar. Até incitou sua mãe a forçar o casamento... O que ele quis dizer com "nunca me considerou"? Olhando ele dormir ao seu lado, tranquilamente, entendeu que ele já tinha passado outras noites assim. Que ele já tinha passado toda aquela angústia. Então resolveu voltar no tempo. Rebobinando o filme, quem sabe encontraria na história o que nunca tinha entendido… Era o dia do jantar, sua mãe seria apresentada para a família de Jones e Samara estava apreensiva. Começou a trançar os cabelos. Estava tão acostumada a ficar o mais simples possível para deixar sua irmã brilhar, que nem se lembrou que aquela ocasião seria para as duas, então não precisava se apagar. Emília detestava isso nela. Sempre dizia que ela era linda e não precisava apagar seu brilho por ela. Cada uma tinha sua personalidade e brilharia por si. Samara adorava Emília. Dois anos mais velha, sempre foi alegre e deslumbrante. E quando seus pais brigavam, Emília protegia Sam das discussões. Fazia brincadeiras, cantoria e às vezes até tirava ela de casa. Como se Samara fosse uma criança inocente. Sam achava isso muito fofo. As coisas melhoraram depois que papai saiu de casa e a mãe conheceu Jones. Ele tinha muito dinheiro, mas estava lutando para salvar a empresa da família da destruição e se saiu muito bem. A família de Clara não tinha muito, mas viviam bem e não podiam ser chamadas de interesseiras! Clara era outra pessoa depois que conheceu Jones, e o desejo de se casar com ele era nítido, mas isso só iria acontecer se Emília e Sam o aprovassem. Pelas duas, estava mais do que aprovado. O único empecilho eram as irmãs dele. Clara entrou no quarto enquanto Samara ainda trançava os cabelos: — Por que você não passa um batonzinho nessa boca linda? — Pra que? Não quero nem ir, quanto mais me embelezar! — Sammy, é importante pra mim que elas me aceitem — Mamãe, elas nunca vão te aceitar. Somos brancas e elas são famosas por praticarem racismo contrário. Não tem ninguém na família delas um pouco mais clarinha. Ninguém nunca se casou com um branco, não tem um café com leite naquela família e me chega nós duas, esplendorosas em nossa pele transparente e olhos verdes. Vão nos odiar. Até nisso Emy deu sorte. Por ter puxado o papai, tem a pele um pouco só mais escura. Mas você e eu, não temos chance com elas — Sam, eu ensinei vocês duas a não aceitar o racismo, seja de onde vier. Você não é seu tom de pele. — Eu sei, mamãe. Quem poderia imaginar que uma branquinha dos olhos verdes se preocuparia com racismo contra si, né? — Você não é nenhuma branquinha não kkkkk. Tem bem o pé na cozinha Sam revirou os olhos. Claro que não era tão branca quanto a mãe, mas sabia que passaria por princesinha da casa grande tranquilamente na época da escravidão. Isso a irritava. Era a única coisa que invejava em Emy. Que não podia ser considerada n***a, mas também não era tão clara quanto a mãe e Sam. — Samara, você é uma cobrinha — a mãe disse, trazendo-lhe de volta ao momento — O que eu fiz? — Há há, inocentezinha. O que mais provoca a ira de uma n***a racista reversa? — Tranças — Emy respondeu entrando no quarto e as três riram — Elas acham que não é nosso lugar usar um corte típico de negras — Não ligo. Vou ficar bem quieta, usando toda a educação que mamãe me deu. Mas nenhuma mulher vai me intimidar e uso o que eu quiser. Armada assim, Samara foi para o jantar. Era só uma menina de 13 anos, mas era inteligente, lia bastante, tinha sua opinião formada das coisas. Achava os negros fascinantes, fortes. Nada se aplicava a família do futuro padrasto. Eram negros arrogantes, que achavam a miscigenação ofensiva. Entrou na casa meio que escondida por Jones, e decidida a odiar todos eles! Até que o viu abraçando Emy com tanto carinho. Meu Deus! Que boca era aquela? Instantaneamente, sentiu borboletas em seu estômago. Balançou a cabeça e se perguntou: Samara, Samara vc costumava ser mais inteligente. Que patifaria clichê é essa? Nesse momento, ele se aproximou dela para conhecê-la. Ficou tão envergonhada dos pensamentos sobre a boca dele, que temeu levantar os olhos e ele descobrir tudo, então m*l o cumprimentou, passando a impressão de uma pirralha que não sabia se comportar. Envergonhada por sua atitude inicial, deixou o jantar correr sem aparecer. Mesmo porque, temia que seu temperamento explosivo colocasse a noite da mãe a perder. Não queria ouvir nenhum insulto por ser branca e ainda ter que ficar calada. Então se isolou e aproveitou o momento para pensar. Ana tinha lhe contado naquela tarde que estava grávida, o que a deixou horrorizada. Não pelo fato em si, porque Ana sempre foi mais atirada e estava no seu segundo parceiro. Ainda zombava da virgindade de Sam: — Sei nem pra que tá guardando isso aí. Se morrer virgem, a terra é que vai comer. — Não estou guardando nada, Ana. apenas não sou maníaca igual a você Ana revirou os olhos: — Confessa que está esperando o príncipe encantado. — Você fala cada coisa. Eu não estou esperando nada. Só não é algo pra fazer com qualquer um. Talvez esteja esperando o cara certo. — Isso aí, enquanto eu não acho o certo, me divirto com os errados Caíram na gargalhada, mas Ana preocupava Samara. Ela era apaixonada pelo seu primeiro. Ficaram 5 meses juntos e ela não esperou nem um mês para se entregar. Samara invejava esse jeito despojado de ela ver as coisas. Tomou a decisão de ter sua primeira relação e perseguiu o que queria. Já Samara era mais reservada. Tinha medo da dor, tinha medo que fosse alguém que queria só a usar, tinha medo do julgamento da mãe… — Seu m*l é que você pensa demais nas coisas. Se soubesse o quanto sexo é bom, não ficava guardando isso aí. Ana tinha razão em partes, Samara pensava demais nas coisas. Tudo era bem pensado, calculado os riscos, medido prós e contras. Na verdade dela, era uma romântica tøla que acreditava sim no príncipe encantado. Queria fazer amor com um único parceiro. Seu primeiro deveria ser também seu último e único. E como não tinha intenção nenhuma de se casar aos 15, 16 ou por aí, não via sentido em começar a vida s****l tão cedo. Parte desse cuidado também se devia a Ana. Depois de 5 meses, tiveram uma discussão e se desentenderam. Ana ao invés de esclarecer as coisas, deixou o i*****l do Carlos se aproveitar da situação. Isso é típico em crianças. Por isso que meninas de 13, 14 anos não deviam f********o. Não tem maturidade para resolver todas as questões que envolvem se tornar uma mulher tão cedo. E o Carlos, meu Deus, que porre! Era um homem de 23 anos. De péssima aparência que insistia em ficar com ela. Ela sempre o desprezou, mas irritada com o Wesley, foi pra cama com ele. Uma única vez. No dia seguinte, aquele idiöta espalhou para toda vizinhança. Quando saíram da escola, a mãe dela estava tão nervosa e envergonhada, que foi lhe buscar e lhe deu uma surra na frente de todos. Samara pedia pra ela não fazer aquilo, mas ela não ouviu: — Tia, por favor, pare. Não vai resolver, não bate nela… E enquanto Samara chorava inconsolada vendo aquilo, Ana meio que ria da situação. Algum tempo depois ela falou as gargalhadas: — Minha mãe deve pensar que cinto conserta himem rompido… Samara admirava sua forma de sair por cima da situação. Se fosse ela no caso, nem sairia mais de casa de vergonha, quanto mais ir pra escola de novo. O único transtorno que ela sentiu, foi o Wesley olhando aquela cena e sabendo porque ela estava apanhando. No dia seguinte ele procurou Samara e disse que nunca mais queria sequer falar com ela, que ele não merecia essa humilhação. Claro que Ana se abalou com isso. Ela não era tão fria a ponto de saber que o amor de sua vida não queria mais falar com ela por um ato impensado e não se abalar. Mas escondeu bem nesses três meses depois do ocorrido Tudo foi se acalmando e ninguém nem pensava mais nisso. Wesley realmente não falava com ela, mas voltou a entregar as coisas sem dizer nada. E não precisava, Samara sabia que era pra entregar a Ana, que não ficava mais feliz como no começo. Então naquele dia Samara não suportou mais a tristeza dela e a questionou. — Faz 3 meses que eu não menstruo — Meu Deus, amiga. E agora? Wesley já sabe? — Não é do Wesley Samara entrou em choque. Nem lembrava que ela tinha transado com o i*****l do Carlos. Mas se incomodou com a certeza dela: — Como você pode estar certa disso? Foram meses com o Wesley e uma única vez com o Carlos — tentou argumentar — Mas Wesley usava camisinha, e Carlos arrancou antes de terminar — Não acredito. Porque você não me contou isso antes? Isso é uma violação do seu corpo. Devemos tomar medidas. — Não. Esquece isso. Vou fazer um aborto Samara ficou em silêncio, depois disse que iria apoiá-la em tudo. Só não sabia como. Sempre foi contra o aborto. Acreditava fielmente que uma mulher tem meios de se proteger contra uma gravidez. E se não tivesse tomado os devidos cuidados, deveria arcar com as consequências. Mas no caso de Ana, ela foi violada. Equiparava-se a um estupro. Aquele idiöta violou o direito de ela se proteger. Pensou que poderiam fazer um escândalo. Por ela ser menor e ele maior, poderia ser considerado estupro. Mesmo com o consentimento dela. Mas ela não queria ficar com um bebê do Carlos. Se fosse do Wesley, com certeza ela estaria muito feliz. Mas sendo do imbėcil aproveitador, ela queria tirar o mais rápido possível. Sua mãe, católica ferrenha, jamais permitiria que ela interrompesse a gravidez, e a obrigaria a se casar com o Carlos. Então ela não tinha escolha. Faria um aborto arriscado e ilegal. E Samara estava com esses pensamentos em mente durante o jantar, quando o irmão de Jones se aproximou dela. Como não viu quem era, levantou os olhos e o encarou. E o coração derreteu, parecia picolé no sol. Olhou aquela boca maravilhosa e teve vontade de beijá-la no mesmo instante. E admitiu pra si mesma: clichê ou não, se apaixonou à primeira vista pelo irmão do seu padrasto…
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD