— Vamos a um clube — Catarina insistiu, não sabemos se é a nossa última noite aqui.
— Isso soou muito sombrio. — Augusto respondeu com uma ligeira risada, era verdade para nós não sabermos se faleceríamos no dia seguinte em qualquer missão, mas que alguém disse ser desastroso.
— Você tem que viver como se fosse o último dia sempre — disse Catarina antes de se inclinar para baixo e beijar Augusto. Foi breve, mas Augusto levou-o pela nuca e aprofundou a beijo, tornando o momento um pouco desconfortável para Cleber e para mim.
— Se quiser ir — esperei que separaram —, não me apetece sair.
— Acho melhor voltarmos ao acampamento — disse Catarina com as bochechas ao olhar para Augusto com um sorriso cúmplice.
Augusto, Cleber e eu pagamos a conta. Desde o primeiro momento em que Cleber e eu começamos a namorar, sempre foram contas separadas. No começo, foi um choque cultural para mim porque eu estava acostumado com a cultura americana no qual os homens pagavam e eram cavalheiros, agora eu estava acostumado com isso.
— Há o Capitão Chances, o Capitão Grei, e os almirantes — Cleber disseram assim que nos levantássemos e começássemos a caminhar até à saída —, vou dizer “olá”.
Raios, mas que fixação Cleber tinha em cumprimentar e despedir do Capitão Chances sempre que podia.
— Mas você já o cumprimentou… —murmurei, sabendo que se ele fosse sozinho, seria indelicado se não o acompanhássemos também; eles eram nossos superiores.
— Você não precisa ser rude — Cleber respondeu.
Ele foi até lá, Augusto e Catarina o seguiram, e eu não tive escolha a não ser um adulto e deixar meu orgulho em evitar o Capitão Chances de lado, para esconder que tudo estava bem.
— Boa noite! — Ouvi Cleber — dizer, espero que tenham gostado da minha recomendação, é o melhor restaurante perto do Centro D.E.A.
Ah! Aparentemente, foi Cleber quem disse ao Capitão Chances para vir.
Todo mundo estava começando a dizer bons comentários de comida com sorrisos amáveis, até que o capitão acrescentou:
— A comida aqui é excepcional, embora seja quase tão boa como a da América — os seus olhos cinzentos rolaram na minha direção e continuaram a dizer: — Ou o que me pode dizer, Comandante Bem?
Olhei para ele com interesse que ele ousou me perguntar algo específico.
— Sobre o quê, Capitão? — Perguntei, segurando o seu olhar profundo e sedutor.
— Gosta mais de comida alemã ou da americana? — Acabou de me soltar, fazendo-me sentir o meu rosto corar, o calor inundou a minha barriga e tive de tirar os olhos dele antes da intensidade que sentia.
Eu sabia muito bem que não estávamos falando de comida.
Senti que a Comandante Isa estava me observando de perto, analisando-me de cima para baixo, como se ela também tivesse percebido a estranha questão.
— Ambos deixam-me satisfeito — acabei de dizer —, certo pessoal? — Olhei para a Catarina e para o Augusto, sabendo que também eles podiam encobrir a estranheza da questão, afirmou ela, dizendo serem ambos deliciosos.
Dissemos adeus e saímos de lá, em Centro D.E.A. Mais uma vez, a estranha pergunta do capitão não foi discutida, eu era o único que notou suas intenções duplas. O que ele se importava com o quê? Comida?
Eu considerava melhor? Obviamente nada comparado a ele, nada comparado a quão intensa foi a nossa aventura, nem a todos os lugares onde fodemos como dois coelhos insaciáveis.
Quando cheguei ao meu apartamento, encontrei Iasmim deitada no sofá enquanto olhava hipnotizada para uma série e comia batatas de um saco. Ela olhou para mim com a boca cheia.
— Ei, onde você estava? — Ela perguntou, engolindo pesadamente o que estava em sua boca, reduzindo o volume na televisão.
— Eu saí com alguns velhos amigos do Centro E.M.M.
— Eu disse ao tirar o meu boné — após exposição com superiores.
— Como correu? — Perguntou curiosamente.
“Além de querer desmaiar, do olhar intenso do Capitão Chances sobre mim e as suas estranhas perguntas.”
— Bem — Acabei de responder —, vou dormir.
— Não é nem 21h. — Respondeu em zombaria.
— Rest. — Eu disse e entrei no meu quarto.
Tirei a roupa do uniforme rapidamente e me deitei na cama olhando para o teto, finalmente me forcei a fechar os olhos e adormecer, mas minha mente não queria descansar. Eu só vi aqueles olhos cinzentos profundos riscados de toques claros e escuros, sua boca sedutora lançando comentários ousados, p***a, como eu o odiava, eu o odiava tanto porque eu sabia muito bem que ele continuava me atraindo e me fazia despertar um desejo tempestuoso.
Eu andei e dei voltas na cama até às OOh e ainda estava frustrada, quente e incapaz de dormir um pouco, então eu coloquei a minha legging.
Treinando com um sutiã esportivo e jaqueta, saí do quarto, Iasmim estava dormindo no sofá, então desliguei a televisão e tentei fazer o mínimo de barulho possível quando saí.
Fui correr na quadra de treinamento, dando voltas e voltas até ficar sem fôlego e, apesar do frio intenso que o suor estava derramando nas minhas costas, senti que o frio já havia deixado meu nariz vermelho e era difícil para mim respirar, então decidi que era o suficiente. Eu saí e voltei para o meu apartamento, mas no caminho eu parei na sala de treinamento quando ouvi barulho lá e notei que as luzes estavam acesas. Normalmente, atualmente, tudo estava fechado, se ele fosse um dos sargentos ou os soldados que ele iria enviá-los para ficar como punição.
Entrei e percebi a sala vazia, mas, quando fui, seguindo o som dos solavancos e dos suspiros, vi um homem que estava ali, vestindo apenas uma camiseta preta meio molhada que grudava no tronco, com as costas largas e musculosas. Ele usava muitas tatuagens chamativas, luvas vermelhas cobrindo as mãos e batia com força em uma bolsa de box.
Eu não o havia visto antes, geralmente homens como ele se destacavam por sua musculatura e altura. Eu me aproximei pronto para ver a que pelotão ele pertencia quando parou quando percebeu meus passos e se virou.
Era o Capitão Chances.