Vou acordando aos poucos, meus braços doendo, abri meus olhos e reconheci que não estava em casa, tentei me levantar.
— Ei, Eve, como se sente? — Rui estava ao meu lado, segurava minha mão.
— Cansada, onde estou?
— No hospital, você desmaiou. Eve, o que aconteceu? — Comecei a me lembrar
— Foi ele, Rui, o Tony. — Conto ao Rui tudo que aconteceu.
— Eu sabia! Sabia que esse b****a iria vir atrás de você de novo, vou m***r esse cara, juro que vou.
— Calma, filho, vamos à polícia registrar uma queixa — Minha mãe diz, ela tinha uma expressão cansada, não havia percebido que ela estava no canto do quarto.
— Como a gente fez da outra vez? Do que adiantou? Ele fugiu, e o pior voltou. — Rui disse com a voz alterada, estava muito nervoso.
— Eu sei, filho, mas agora é o melhor a fazer. — Pude ver a decepção nos olhos de Rui, entendo o que ele estava sentindo e mesmo que eu impotência, estávamos dominados por um maníaco.
— Eu vou garantir sua segurança, maninha, confia em mim. — Disse segurando minha mão.
Depois que me deram alta fomos à polícia e fizemos um B.O.. A polícia foi até a casa do Tony, mas ele já havia sumido. Como sempre astuto. Voltar para casa não foi fácil, não consegui dormir no meu quarto passei a dormir no antigo quarto de Rony. Meus pais mandaram por grandes em todas as janelas e instalaram uma câmera e mesmo assim não me senti segura. Rui estava mais protetor do que nunca só que o tempo dele era curto, ele se dividiu entre cuidar de mim, a faculdade e a academia, tem sido pesado para ele.
Faz uma semana e que não vou a faculdade. Não consigo, não me sinto segura, mesmo rui se oferecendo para me levar e ficar comigo o medo me consome.
Uma noite, escutei a voz alta de meu irmão na sala conversando com nossos pais, levando da cama e vou até eles.
— Eve, filha — Meu pai vem me abraçar — Como se sente?.
— Bem, pai, estou bem— Na medida do possível estava tentando ficar
— Senta, tenho algo para te falar — Disse Rui se sentando no sofá.
— Eve, eu estou em período de provas e tem a academia, está difícil ficar de olho em tudo o tempo todo. — Disse enquanto segurava minha mão.
— Eu sei, Rui, você tem sua vida. — Digo por que é verdade.
— Eu tenho um amigo que pode fazer sua segurança por um tempo, ele é lutador lá da academia, e é de extrema confiança você quer? — Olho para ele sem saber o que dizer, mas com medo que vinha sentindo eu precisava me sentir segura, precisava voltar a minha rotina, voltar a ter uma vida.
— Eu não concordo é um completo estranho. — Minha mãe deixa bem clara a opinião dela.
— Mãe, eu sei o que estou fazendo o Jared é de confiança. — Meu irmão insiste
— Vamos deixar a Eve decidir, ok? Então filha? — Pergunta meu pai
— Eu preciso voltar a minha rotina, traz ele aqui, Rui, assim a gente vê. — Rui beija meu rosto e sai
No dia seguinte Rui avisou que traria o amigo dele na minha casa, passo o dia apreensiva, afinal depois de tudo o que houve não me aproximei de nenhum homem e agora ia ter um sempre na minha cola, quando Rui não estivesse.
Ouço barulhos na garagem e a risada do meu irmão, senti um frio na barriga, finalmente iria conhecer o rosto do meu segurança pelos próximos dias. Visto meu moletom e saio do quarto. Entro na cozinha e Rui está na geladeira pegando cerveja.
Um enorme homem de cabelos castanhos e olhos azuis está encostado na pia, ele usa um jeans preto rasgado nos joelhos e coturnos, uma camisa branca, ele é muito alto provavelmente deve ter mais de 1,90m, os braços e as mãos são cobertos por tatuagens assim como o pescoço.
— Eve, maninha esse é o Jared. — Disse Rui vindo até mim e beijando minha testa.
Jared se aproxima e me estende a mão, que a seguro e aperto.Ele parece ser bem sério,o olhar sempre focado e firme, a postura ereta, como um soldado, fico pensando como Rui tem um amigo assim já que ele é um palhaço.
— Bom, Eve, se você aceitar o Jared irá cuidar da sua segurança, ele é o melhor lutador que conheço. – Rui está animado com ideia, ele poderá seguir com suas coisas sabendo que estou segura sobre o olhar de águia se seu amigo, eu estou com medo, mas para deixar meu irmão tranquilo...
— Tudo bem, eu aceito. — Digo e olho para o grande homem que tem os olhos presos em mim
— Hoje mesmo ele pode te levar para a faculdade.
Quando minha mãe chegou Jared ainda estava aqui, já que ela e meu pai queriam conhecê-lo. Meu pai gostou dele, já Dona Hannah não, segundo ela, ele tinha cara de marginal, tudo por causa das tatuagens.
— Mãe, ele é de confiança, e outra, o Tony se vestia todo engomado e fez o que fez, não é? Isso não define ninguém. — Meu irmão como sempre sendo sensato.
Quando comecei a namorar o Tony minha mãe defendia ele com unhas e dentes, o genro dos sonhos dela, “o homem perfeito para mim” como ela sempre dizia.
Jared me passou segurança, era tudo que eu precisava sentir, então resolvi voltar para a faculdade. Tomei um banho, coloquei uma calça jeans, meu velho all star e uma blusa de mangas compridas. Saio do quarto e encontro minha mãe na cozinha.
— Está linda, filha. — Disse ela ao me ver — Filha, eu e seu pai vamos sair do país semana que vem, vamos ficar umas três semanas fora, tudo bem para você? — Ela parece apreensiva ao me perguntar isso.
Meus pais são arquitetos, e têm uma empresa juntos, a maioria dos projetos são fora do país, e por meu pai ser o principal arquiteto e dono , está sempre viajando e minha mãe o acompanha.
— Tudo bem, mãe, Rui vai estar aqui?
— Sim, e o gigante tatuado também, ele vai dormir na garagem. — Uma onda de segurança me atinge — Falando nele, está lá fora te esperando.Ele tem uma moto enorme, não suba naquele troço, hein, Eve. — Tenho de rir, minha mãe odeia motos desde sempre.
— Tudo bem, Dona Hannah, vou de carro, ok.— Ela sorriu satisfeita.
Peguei minha bolsa e entrei na garagem, Jared estava encostado em uma Harley Davidson, realmente enorme, ele tinha um cigarro na mão, e quando me viu aproximando-se, jogou-o no chão e pisou em cima.
— Vamos de moto, boneca? — Perguntou com um sorriso de lado nos lábios.
— Não, vamos de carro, ordem da Dona Hannah. — Ele revirou os olhos e pegou a chave da minha mão.
— Eu dirijo! — Não me opus.
Mas me arrependi já que ele corria demais com meu pequeno carro, cheguei enjoada na faculdade.
— Entregue! – Disse ele.
Não me despedi, adentrei o prédio da universidade, o lugar estava cheio, o que me causa certa aflição, olho para as pessoas e a qualquer momento acho que vou ver o rosto de Tony no meio da multidão.
Fui rápido em direção a sala, quando entrei, vi Sara minha melhor amiga sentada no nosso lugar, caminho até ela e me sento ao seu lado.
— Amiga, seja bem vinda de volta. — Ela diz e me abraça.
Eu e Sara somos inseparáveis desde o nono ano, ela passou toda minha luta com Tony, sempre esteve ao meu lado.
Ao final das aulas, saí da sala com Sara ao meu lado, ela queria conhecer o Jared. Não tive escolha. Quando saímos pela porta do prédio ele estava encostado no meu carro fumando, pelo menos não fumou dentro do carro.
Sara fica com a boca aberta quando o vê — Amiga, ele é um deus grego! Céus esse homem deve ter uma pressão... — Ela se abana
— Céus! Sara, você tem namorado, se componha — Digo e ela gargalha alto
— Tenho namorado sim, mas também tenho olhos.
Sara namora com Ed desde a adolescência, eles estão noivos e se casam no ano que vem e serei uma das madrinhas.
Me aproximei de Jared com Sara ao meu lado.— Essa é a Sara, minha amiga — Digo e ele bate na mão dela, em forma de cumprimento.
Ele se vira para entrar no carro e Sara se aproxima de meu ouvido e diz:
— Gostoso. — Olhei de Cara f**a para ela que vai embora rindo.
Entro no carro com Jared e um forte cheiro de cigarro invade minhas narinas.
— Como foi sua aula? Viu algo suspeito? — Pergunta me olhando, os olhos azuis dele estão brilhando e com um leve aspecto vermelho que me faz pensar que ele não fume só cigarro.
— Não, foi tranquila.
Ele liga o carro e saímos,dirigiu devagar desta vez, olhando sempre o retrovisor, ora diminui, ora acelera mais o carro.
— O carro está r**m? — Perguntei achando estranho a atitude dele.— Não! Estamos sendo seguidos, tem um carro atrás da gente desde da faculdade. — Começo a me apavorar, olho para trás e vejo um carro preto com farol alto..
— Só pode ser o Tony, ele conhece meu carro.
O carro encosta na traseira do nosso, nos empurrando para frente.
— Filho da p**a. — Jared grita e acelera o carro.
Ele entra em ruas paralelas e o carro continua atrás da gente, seguro o cinto de segurança com força e fecho os olhos, não sei quanto tempo se passa até que sinto o carro parar.
— Tudo bem? — Pergunta segurando meu queixo
— Sim, se eu estivesse sozinha ele tinha me pego.