capítulo 03 Dimitri

1206 Words
Dimitri Narrando Em pouco tempo de convivência, já estou putö da vida com ela. Ela nem sequer é descendente russa, não vem de uma família russa. Ainda não entendi por que querem que ela concorra à cadeira da presidência. O mais engraçado é que esses puxa-sacos nem sabem quem ela é, de onde saiu ou o que está escondendo. Pensando bem, acho que nem ela mesma sabe quem é de verdade. Deixa ela continuar se achando; tenho uma carta na manga e, na hora certa, vou usá-la. Espero que o paizinho dela não apareça aqui para tentar impor autoridade. Se ele ousar, terei que tomar minhas próprias atitudes, mesmo que seja fora do Conselho ou até da máfia. Sou Dimitri, 38 anos, 1,90 de altura, cabelo castanho claro, barba e cavanhaque sempre bem alinhados. Minha pele é clara, e tenho a aparência que qualquer sogra gostaria de ver em um genro. Sou bisneto de russos e entrei na máfia por causa do meu avô, que foi ninguém menos que Bratva, parte de uma das famílias mais importantes da Rússia. O nosso mandamento é Vor v Zakone – “bandidös pela lei”. Agimos dentro das regras, mas sempre conseguimos o que queremos. Sou da mesma família que Yuri e Kiara, meus primos, e nós três ocupamos cadeiras no Conselho da Cúpula. A campainha toca, e Vânia vai atender. Para a minha surpresa, ele entra junto com Andrey. Não consigo acreditar que sobreviveu àquela tragédia. XXX — Olha só, meu grande amigo Dimitri Bratva. Te procurei porque, agora, não posso aparecer. Vou deixar que acreditem que estou morto. Enquanto isso, continuo agindo como sempre fiz. Vai chegar o dia em que ela vai se arrepender de ter cruzado o meu caminho. Ou não me chamo XXX Friedman. Sou o único sobrevivente da minha família — ele diz, e olho para Andrey, que apenas balança a cabeça. — Pode ficar à vontade. Você tem carta branca para fazer o que quiser. É uma honra ter um Friedman na minha casa. Fique o tempo que precisar — respondo. Ele e Andrey sobem as escadas para deixar as malas, mas logo descem. Vânia já nos espera com um café servido na varanda. Andrey — Estava pensando — Andrey começa. — O que vocês acham de pegar ao menos uma parte da mercadoria que está chegando? Estamos no Conselho há tempo suficiente. Se for para desconfiar, que desconfiem dos novatos. Ele toma um gole do café e olha sério para mim. XXX — E então? O que descobriram? — XXX insiste, olhando de um para o outro. — Pelo jeito, é algo sério. Me chamaram aqui, mas não quiseram falar pelo telefone. Ele tenta arrancar informações sobre a Cascavel e Mendes, mas ainda é cedo para abrir o jogo. Preciso garantir que a maioria do Conselho esteja ao meu lado. Já tenho Andrey, Kira e Raíssa. Somos sete; contando comigo, tenho quatro votos. — Estou com você. O que precisar, pode contar comigo — declara Andrey, e eu já sabia disso. XXX — Presta atenção — alerta, interrompendo. — Não é porque estamos no escuro que precisamos manter os olhos fechados. Qualquer passo em falso pode botar tudo a perder. Precisamos ser ágeis, porque Pablo não é conhecido pela paciência. Terminamos o café e seguimos para um galpão abandonado usado pela minha família para treinamentos. Lá, teríamos a privacidade necessária para nossa conversa. — Como foi viver escondido esse tempo todo? Eu já teria enlouquecido, longe dos negócios — comento enquanto coloco meus óculos escuros. XXX — Para mim, foi fácil. Desde que nasci, aprendi a viver assim. Então, cinco ou oito anos foram fichinha. Nesse tempo, me reinventei, fiz novos aliados e me fortaleci. Sei os pontos fracos de cada um deles e como agir sem que percebam — ele responde, com um sorriso sinistro. Esse cara é peculiar, mas eficaz. Sua família é uma das mais ricas da máfia russa. Melhor estar com ele do que com aquela insuportável e gostosa da Cascavel. Tem horas que me pego dividido entre confrontá-la e desejá-la. Andrey comenta sobre a capacidade dele em manter sua posição na Cúpula, mesmo afastado. Quando chegamos ao galpão, já encontramos Pablo com seis seguranças fortemente armados. XXX — Olha só, Pablo. Pelo visto, seu plano não saiu como esperado, não é? — XXX provoca. Andrey — Cara, nos primeiros dias foi fácil. Ela estava chapada, mas agora não me deixa nem tocar nela. Estou dois meses com ela naquela casa, subindo pelas paredes. Quero ela para mim, de qualquer jeito — Pablo responde. Eles conversam em códigos, mas não vou me intrometer. Pablo é herdeiro da máfia calabresa, a mais perigosa da Itália. XXX — O melhor dessa história é que eles não têm ideia de onde procurar por ela. Continue fazendo sua parte, porque eu estou cumprindo a minha — Ele responde. Pablo vai até o carro, pega uma maleta e a entrega para ele. Pablo — Isso cobre o preço dela, não? Quero levá-la para outro país antes que alguém descubra. Não abro mão dela. Quero casar e ter um herdeiro com ela. Mato quem tentar impedir — Pablo afirma, sério. XXX — Negócios, meu amigo, sempre falam mais alto. Boa sorte com a onça — Ele se despede, rindo. Pablo dá uma última tragada no beck, joga fora e segue no carro. Nós entramos no nosso veículo, rumo ao restaurante onde almoçaríamos antes de levar Friedman ao hotel. Depois, seria hora de mais uma reunião da Cúpula. XXX — Negócios, meu caro, negócios. Eles falam mais alto do que o nosso próprio ego, mais alto do que o nosso próprio sangue. Se você não sabe negociar, também não sabe viver. É preciso saber como encaixar tudo na vida. Ah, quase me esqueço de apresentar, mas acredito que você já saiba: este é Pablo, herdeiro legítimo da máfia mais perigosa da Itália, a 'Calabresa' — diz ele, enquanto Pablo solta uma risada sinistra, daquelas que arrepiam até a espinha. Putä merdä, pensei. Ter esses caras do meu lado é algo poderoso. Pablo vai até o porta-malas do carro, pega uma maleta e a abre, mostrando o conteúdo para nós. Caraca... ele vendeu a mina. Pablo — Isso aqui paga por ela, não é? Espero que sim. Pretendo ir para outro país antes que alguém venha atrás dela. Mas não vou abrir mão dela assim tão fácil. Provei, me apaixonei, quero ela para mim. Mato se for preciso. Ninguém sabe da existência dela, nem o meu pai, nem a máfia italiana. Eles só vão saber quando eu estiver casado com ela, com os papéis assinados, e com meu herdeiro crescendo no ventre dela — diz ele, entregando a maleta para Friedman, que responde com um toque de mão. XXX — Foi bom fazer negócio contigo. Você terá notícias minhas e verá que essa troca de favores me favorece — e muito. Valeu, uma mão lava a outra. Boa sorte com a onça lá, kkkkk — diz ele, rindo. Pablo entra no carro e parte. Nós seguimos para o nosso veículo, rumo ao restaurante onde almoçaríamos. Depois, levarei Friedman para o hotel onde ficará hospedado. Em seguida, nos preparamos para mais uma reunião da Cúpula.
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