Capítulo 04 Cascavel

1291 Words
Cascavel Narrando Nada melhor que um dia após o outro. Duas semanas depois do dia que descobrimos o paradeiro de Crislaine, saber que ela está na fortaleza do Pablo gerou muitas dúvidas. Como não sabíamos com quem ela iria se encontrar, fica claro que esse cara é o próprio demônio em pessoa. Ninguém nunca ousou entrar ou tentar invadir o território dele. Mas, como diz o grande Mendes: “você não é todo mundo”. Vou fazer o impossível, mas tiro ela de lá. Eles ainda não me conhecem... Em menos de uma semana, já tínhamos nos aliado a três máfias diferentes: japonesa, chinesa e colombiana. Fora os homens do Rodovic e os meus da máfia russa, que devem muitos favores ao Mendes. O bom de sempre ajudar um aliado é isso: lá na frente, quando você precisar, eles estarão do seu lado. Tudo estava combinado para tirarmos ela de lá essa noite. Corre uma notícia de que Carlos Pablo estava na nossa área hoje. Ou o cara tá brincando com a sorte, ou fez isso de propósito. De qualquer forma, tudo chega ao Conselho. Qualquer passo em falso ou movimento estranho, eles saberão. Já trajada de ninja – calça preta, blusa preta de manga comprida, coturno e colete preto –, amarrei o cabelo em um r**o de cavalo, coloquei minha touca ninja e estava pronta. Kiara e Yuri fizeram a mesma coisa. Saímos da minha casa direto para um prédio abandonado quase fora da cidade. Todos estavam bem armados, com armas e munições de última geração. No próximo mês, levarei um carregamento desses para as favelas. Estudamos eles por mais de um mês. Conseguimos entrar no sistema de segurança, e aí tudo ficou mais fácil. Invadimos as comunicações dele – foi mais fácil do que tirar doce de criança. Rodovic — É, morena! Tu sabe que não tem mais volta, né? — ele diz, colocando o colete e pegando um AK-47 todo folheado a ouro. Éramos mais de 150 homens. O bom de se dar respeito e ser respeitada é isso: quando o cinto aperta, você tem a quem recorrer. Parecia música para os meus ouvidos aquela sincronia de motos chegando e se aproximando de onde eu estava. — Tô ligada, Rodovic! Esquenta não. Sou uma pessoa que não tem costume de se arrepender. Dou a cara a bater. Sou dona do meu próprio nariz. Yuri — Você tá pronta? Eu também tô! Se nenhum deles tivesse fechado com você, você teria eu e a Kiara do seu lado. Como vocês falam no Brasil, “fechamos com você no claro e no escuro”, sem nenhuma dúvida. — Yuri fala, fazendo toque comigo, pega o colete e coloca munição na cintura. Depois, ajusta a touca ninja na cabeça. Seguimos. A maioria foi de moto. Eu, Rodovic, Kiara e Yuri fomos de carro, porque não sabíamos a situação dela. Depois de tanto tempo em cativeiro, impossível colocá-la em uma moto. — CASCAVEL NA VOZ! NÃO ACEITO NÃO COMO RESPOSTA E NÃO ACEITO PERDER UMA LUTA! Então saiam daqui com uma coisa na cabeça: saímos daqui fortes e voltamos mais fortes ainda! — grito, atravessando meu fuzil nas costas, ajustando a touca ninja e tampando toda a cabeça. Seguimos todos para a fortaleza do Pablo. Paramos as motos dois quarteirões longe de onde iríamos invadir. Peguei munições e coloquei uma pistola de cada lado do suporte na perna. Nos espalhamos. Kiara — Vamos por cima, nós três! Assim teremos visão de todos os ângulos. — Ela fala, e jogamos o cabo preso à nossa cintura. Assim que verificamos que estava firme, escalamos a muralha do poderoso Pablo. Abaixados sobre o muro, colocamos os silenciadores nas pistolas e começamos a derrubar os seguranças. Kiara pulou sobre um, lutou com ele e, em menos de cinco segundos, quebrou o pescoço dele. Assoviei para o pessoal no telhado ficar ligado. Pulávamos de telhado em telhado até o local combinado. Era moleza para quem já tinha pulado de laje em laje e escalado prédios no Rio de Janeiro. Yuri — Ela está logo ali! — Ele diz, vindo na minha direção e mostrando no computador. Havíamos invadido o sistema de segurança dele. — Pode abrir passagem. Estamos prontos. Não podemos deixar um irmão para trás. Yuri destravou a porta, que tinha um sistema de alarme de última geração. Logo, Rodovic e mais dez homens entraram pela porta, sinal de que haviam derrubado todos os que estavam do lado de fora. Crislaine veio correndo na minha direção, mas escutamos um barulho, e ela apontou para uma porta atrás de mim. — Ele saiu por aí assim que viu a movimentação lá fora! — ela fala. Entreguei uma arma para ela, e Yuri tirou o colete, entregando para Crislaine vestir. Entrei pela porta e subi. Acabei no telhado, onde começaram a atirar na minha direção. Me escondi atrás de um pilar, mas um helicóptero surgiu ao lado da mansão. Yuri, Crislaine e Kiara subiram atirando também, enquanto os filhos da p**a no helicóptero atiravam na nossa direção. Senti minha perna queimar. Corri na direção de Pablo quando ele virou para entrar no helicóptero. Consegui me pendurar, mas Pablo pisou na minha mão, esmagando-a, enquanto o piloto tirava o helicóptero do telhado e ganhava altitude. Pablo — Até logo, Cascavel. Se não nos encontrarmos aqui, nos veremos no inferno. — ele fala, atirando na minha mão. Soltei e comecei a cair em queda livre. Carälho, mano! Olhei para baixo, sem acreditar. Senti o impacto da água queimando meu corpo pela pancada e pela altura. Saí da água com o corpo dolorido e escutei uma buzina. Me rastejei para fora, e Rodovic gritou: Rodovic — Vem, Cascavel! Corre, p***a! — Ele freou com uma derrapada e já abriu a porta do carro. Entrei, e saímos dali o mais rápido possível. Quando estávamos em um território seguro, tirei o colete, rasguei um pedaço da calça e procurei a bala na perna. p***a, a maldita estava alojada. Olhei ao redor, mas não vi Yuri. — Cadê ele? Cadê o Yuri, porrä? — gritei. Kiara — Ele ficou para trás. — ela falou, e eu senti que falhei ao deixar um soldado para trás. Logo chegamos em casa, e os motoqueiros passaram direto, buzinando. Descemos do carro e entramos. Rodovic fechou a porta, e eu caí no chão da sala. Rodovic — Porrä, Cascavel! Levanta! — ele falou, me segurando por baixo dos braços e me levantando. Rodovic me deitou no sofá. Crislaine desceu as escadas correndo com um kit de primeiros socorros, pegou uma garrafa de whisky e entregou na minha mão. Bebi direto do bico. Ela sentou entre minhas pernas e começou a mexer na ferida. — Que p***a gelada é essa, c*****o?! — reclamei, sentindo o frio do que ela passava na minha perna. Logo ela removeu a bala. De repente, escutamos batidas na porta. Kiara foi abrir. Quando a porta se abriu, Yuri caiu aos pés dela. Kiara — Ai, meu Deus, isso não! — ela gritou, chorando, e rasgou a blusa dele. Crislaine levou a mão à boca, assustada. Levantei para olhar. Yuri tinha vários furos de bala no corpo. Como ele conseguiu chegar até aqui? Então me lembrei: ele tirou o colete e deu para Crislaine. — Que porrä foi essa? Estão me tirando de o****o nesse c*****o?! — gritei, enquanto Crislaine pegava o kit e se aproximava. Crislaine — Esse é melhor levar para o hospital. Já perdeu muito sangue, ele vai precisar de transfusão. — ela falou. Levamos Yuri ao hospital. Subi para o meu quarto, com o corpo dolorido e a mão inchada. Tirei a roupa, entrei no box e sentei no chão, deixando a água quente cair sobre meu corpo.
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