Episódio 11

1270 Words
Naquela noite durmo muito profundamente. Não apenas pelo vinho e por contar toda a minha história para alguém de quem gosto. Sinto que estou recuperando a minha identidade. Pelo menos para Larissa sou Emma novamente. De manhã descubro um saco de comida de gato na porta e que a minha porta está completamente limpa. Há um bilhete manuscrito que diz: Cuide do Theo e ele cuidará de você. Nós dois cuidaremos de você. PS: eu não sou Richard Hill. Longe de me tranquilizar, isso me confunde ainda mais. Então a pessoa que escreveu as mensagens para mim e a pessoa que me deu Theo não é Richard, então tenho dois perseguidores. E por falar nisso, esse novo sabe o nome completo do anterior. Enquanto estou distraído na porta Theo sai de casa. Corro para a rua para agarrá- lo. Olho nos olhos dele e vejo neles os mesmos olhos profundos e brilhantes de Mark. .... Lilly me cumprimenta na loja com uma cara hostil. Ela me repreende maternalmente por minhas distrações. Ela até questiona se eu estava flertando com Stephen durante o horário de trabalho. Quero explicar a ela que não, de jeito nenhum. Mas sinto que não vale a pena gastar a minha energia nisso. Então há um boato entre ele e eu. A propósito, um muito falso, como a maioria dos rumores. Eles acreditam ou querem acreditar sem ter certeza de nada. Naquela noite, Mark reaparece pessoalmente. Ele está do lado de fora da loja quando estou fechando. Ele não está com o capuz. A luz dos postes brilha nas suas costas, deixando o seu rosto imerso na escuridão. Os seus olhos verdes brilham. — Você não vai me convidar para entrar? Ele me diz com a sua voz rouca, fazendo alusão ao que aconteceu naquela noite lá. — A casa não é minha, então não posso convidar você para entrar. Eu respondo. Onde eu realmente quero te convidar é para vir na minha casa, na minha cozinha, ou melhor dizendo no colchão da minha cama. Ele sorri como se pudesse ler os meus pensamentos. — Como está Theo? Ele me pergunta com uma voz intrigante. Eu rapidamente amarro os nós na minha cabeça. — Então você é o dono do gatinho. Foi você também quem me pregou uma peça com o bolo na porta da minha casa? — Não. Claro que não. Não é meu estilo. Mas acredite, você não precisará mais se preocupar com isso. — Você não conhece Richard. — Suponho que não. Conhecer alguém realmente leva tempo. E não gosto de perder tempo. A vida é muito curta, você não acha? Ele me diz. A minha pele se arrepia. — Sinto que conheço você desde sempre. Ele acrescenta. — É tarde, estou com sono, não estou aqui para filosofar. Digo a ele, esperando que ele insista um pouco, só um pouco. Enquanto ele se move para abrir caminho para mim, vejo o seu rosto iluminado pela luz da lanterna Ele está machucado e também há um curativo no pescoço. Um gesto automático me faz tocar o seu rosto, onde sei que dói. Faço isso sem delicadeza. A sua expressão se enruga de dor, mas ele não se move. Eu olho para o pescoço dele. Uma gota de sangue espesso escorre do curativo. Ele toca a minha mão que está apoiada no seu rosto. Pressione a minha mão contra a sua ferimento. Isso dói? Ou é prazer que ele sente? A sua atitude de ferro me sacode, me deixa molhada. Hoje eu não estou de saia, mas, de calças muito justas. Já está um pouco frio. — Isso vai ficar feio. Digo a ele, tirando a mão do seu rosto. — Já tive lesões piores. Ele responde. — E como isso aconteceu com você? Pergunto a ele. — Eu te disse que Richard não vai mais incomodar você. Nem você, nem qualquer outra pessoa. Abro a boca, mas fico sem palavras. Não entendo nada. Não sei se realmente quero entender. Mark se vira, puxa o capuz do moletom sobre a cabeça e caminha alguns metros em direção à caminhonete. Ele liga e sai na direção oposta de onde estou indo. Em casa, Theo está me esperando. Ele comeu tudo que eu servi para ele e se aliviou, ou seja, fez bagunça na sala. Eu deveria comprar uma caixa sanitária para ele. Depois de um banho quente, vou para a cama de pijama. Reli as mensagens no meu celular que pensei serem de Richard, mas agora sei que são de Mark. Eu adiciono à minha lista de contatos. O telefone toca. É uma ligação. Eu olho para a tela. É o Mark. Deixei tocar um pouco mais. Contexto. Faço uma pergunta estúp*ida assim que reconheço a sua voz: como você sabia o meu número? — Da mesma forma que agora sei que o seu nome é Emma. Gosto muito mais desse nome. Ele me diz com a sua voz grossa. — Como você está? No rosto e pescoço. Pergunto a ele com interesse. Também é uma pergunta idi*ota porque faz apenas algumas horas desde que nos vimos. — É só um arranhão. Ele responde. Ele fica em silêncio em seguida, e depois de alguns segundos ele diz: vou desligar. — O que você queria? Dizer "boa noite" para mim? — Não. Seus monossílabos me incomodaram. Ainda mais nesse momento. — Abaixe o volume do seu telefone e coloque-o no modo vibratório. Ele me diz e desliga. Obedeço-lhe como se a sua ordem fosse uma regra de segurança. Porque não é uma sugestão, é uma ordem. Disse isso com aquele tom, com a convicção absoluta de quem sabe que será obedecido. Um minuto depois ele me liga. O telefone começa a vibrar e eu atendo. — Não quero falar. Hoje não. Ele sussurra para mim. — Então por que você está ligando? Tem certeza de que não perdeu nenhum parafuso? — Coloque o telefone na virilha, por cima da calcinha de algodão. Ele me diz e encerra a ligação. Eu obedeço. E ele liga novamente. O telefone vibra exatamente onde ele me disse para colocá-lo. Mexo um pouco para que o toque fique mais favorável. Eu aperto com as minhas coxas. Ele continua vibrando. A secretária eletrônica atende e ele me liga de novo. Com as mãos seguro a cabeceira da cama. A vibração do aparelho me sacode desde o meu centro, irradiando prazer por todo o meu corpo, é uma dança sutil no meu corpo molhado e carnudo. As pulsações me fazem tremer como se fosse a terra que se movesse. Coloco o telefone na pele, sob a calcinha. Parece ainda mais poderoso. A umidade na minha pele parece amplificar a sensação, criando uma conexão tangível entre o mundo digital e a minha realidade física. Nesse momento estou suspenso entre dois universos, unidos pela vibração que desperta cada fibra adormecida do meu ser. Enquanto estremeço de prazer, vêm à minha mente imagens de quando Mark me agarrou pelas nádegas na padaria e quando pressionou a minha mão contra o seu rosto ferido. Ele continua ligando, continua vibrando. Não posso mais. Sim, posso mais. Não. Eu explodo. Quando termino, exausta, satisfeita e perplexa, pego o telefone. Sinto como se tivesse morrido e acabado de voltar à vida. Escrevo uma mensagem para Mark. Uma única palavra. Linda. Eu não respondo. Adormeço, com um sorriso que se abre de dentro do meu corpo que aparece no meu rosto. O que foi isso que aconteceu ontem à noite? Pergunto a mim mesmo quando acordo. Os meus lençóis ainda estão úmidos. Faz anos que não tenho um orgasmo assim. Tão poderoso.
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