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ASSEXUAL

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Melissa, fundadora de uma entidade filantrópica, assexual, independente, formada em Contabilidade e Letras, capricorniana, kardecista e totalmente descrente do amor, morava em Gramado, RS. Gabriel, autônomo e investidor, s****l, amoroso ao extremo, formado em Agronomia e Veterinária, virginiano, budista e apaixonado, morava em RJ, Capital. Ela estava à procura de um veterinário para sua entidade, ele em busca de um caminho na vida. Ao encontrar a entidade Meu DNA Late na internet, Gabriel, descobre a foto de Melissa e a reconhece espiritualmente. Sua avó havia acabado de morrer, e se sentia confuso e perdido procurando um novo lar. Melissa tinha sonhos com seu amor de outra vida e ao conversar com ele pela internet, começa a ter visões dos dois em um futuro repleto de amor. Assustada o contrata, mas passa a fugir de seus sentimentos e dele. Sem saber sobre a assexualidade dela, nem sobre suas visões,Gabriel tenta aproximação e confunde sinais, iniciando um romance cheio de decepções e recomeços, afinal tinha ele também seus próprios fantasmas do passado para expiar.

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CAP 1 - PRIMEIRO CONTATO
Gabriel está sozinho, sentado na cadeira, em frente a mesa do computador, olhando a foto de sua avó. Uma cachorrinha idosa está deitada no sofá chorando e olhando para ele. Ele se vira para ela dizendo: - Também sinto falta dela. - ele então repassa os olhos em toda a sala. Seu olhar é triste e perdido. Vira-se e decide sentar no sofá pegando um notebook. Abrindo começa a passear na internet. Ele então busca por entidades filantrópicas direcionadas para a causa animal. Depois de algum tempo encontra uma com um nome interessante: Meu DNA Late. Entra no **, f******k, site, twitter e verifica uma vaga de emprego para veterinário. Ele era engenheiro agrônomo e veterinário. Dois ofícios que amava. Entrando para ver a vaga, acaba olhando tudo das páginas e redes sociais, e encontra a foto da fundadora Melissa. Uma sensação estranha invade seu peito. Era como se conhecesse aquele olhar. Ele então encontra um vídeo dela, apresentando seu trabalho e o da ONG. Ao ouvir sua voz, ver seu jeito, suas ideias, a forma como as coloca, seu sorriso, gestos, tudo parecia ser próximo e estranhamente familiar. Era como se a conhecesse de alguma forma. Esboçou um sorriso aberto que nunca tinha dado. Imediatamente prepara e envia uma mensagem com um currículo. Ele morava no Rio de Janeiro e a entidade era em Gramado. Se ela respondesse e o aceitasse no trabalho, iria vender tudo e ir embora. Ali só tinha lembranças de sua avó, que acabara de falecer. Eram somente os dois desde que ele se conhecia por gente. Morou junto duas vezes, e não dando certo, voltava para casa de sua amada vozinha. Estava bem financeiramente, tinha vários investimentos e, tinha decidido ficar um pouco em casa, com sua perda. Precisava repensar a vida. Com quarenta e cinco anos, estava sem propósito. Queria agora se dedicar a uma causa e adorava cães. Sentia no coração algo surpreendente ao ver Melissa. Parecia ser algo do destino. Tinha visto que ela era solteira e tinha quarenta anos. Ele era do signo de virgem e ela do signo de capricórnio. Ambos quando tinham uma ideia eram firmemente obstinados. Deixando seu notebook ligado, vai até a cozinha preparar seu almoço, sempre conversando com sua amada Dorotéia, idosinha vira-latas, doce, gordinha, porte médio, branquinha com a barriguinha rosada. Ele faz aquele omelete caprichado e divide com sua amada mascote, dizendo: - Preciso me tornar vegano. Ao anjo da Morte Tormento… Que doce encanto, faz me leve o pesar da prisão. Quem é você que da morte faz sonho, e da vida desencanto. Que saudade é esta? Onde seduz a dor do vazio, como ímã que me puxa ao abismo, como recanto que me conduz ao lar. Imensa força que faz torpor na minha alma, que cansa de lutar contra tua vastidão. Sinto-me fraco, distante, apagando… busco em um sonho teu semblante, tua ilusão. Procura ingrata me traz mãos vazias, como vazio parece estar meu coração. Onde estás, quem é, como te procurar? Grande é o meu penar, sangro sem te ver chegar, ardo sem te sentir por perto, vivo, se partindo, a teu lado pareço estar. Forte apatia se abate em meu corpo, como transmutação de casca morta, a grandiosa abstrata forma… com asas fortes e poderosas, que possuem o segredo do lar, a maciez dos braços estendidos, a leveza de jardins colorido, às pessoas como pétalas de rosas-brancas… Cura parece inexistente, como sólida existência tem meu espírito. Como se moldasse em meu corpo sua morada, e se fundisse em meus pensamentos e sentimentos. Que voz é essa que escuto a sussurrar: Venha! (precisa colocar um travessão Rob pq n consigo no meu teclado)Diz suavemente. Vamos para casa! (tb precisa de um travessão Rob) Repete insistentemente. Sem precisar machucar para convencer… Ainda te busco mesmo despedaçada, mesmo ancorada em tanta emoção. Anseio o retorno e a fuga do abandono, almejo a paz e o esquecimento dos interesses. Desesperadamente quero o amor e o definhamento do descaso. Água pura, sede sua… Beber seria o renascimento, solver seria a devoção.” Após limpar tudo direitinho, com muito cuidado, passando no final alcool em tudo. Ele gostava de tudo organizado e o lugar. Esticando o pano de pratos para secar no suporte, vai para a sala e deita no sofá. Dorotéia deita junto num cantinho entre o encosto e ele. Então pega um cobertor que sua avó sempre deixava no encosto do braço e cochila. Ele então sonha com um campo lindo cheio de girassóis. Adiante, mais afastado uma linda e frondosa árvore e uma mulher sentada de costas para ele. O sol brilha em um dourado que reflete em todo o lugar. Um calor agradável e uma brisa gostosa repartiram o ambiente com um doce perfume de rosas. Andava descalço, em uma estrada de pedras brancas e azuis. Virando-se para a sua esquerda, via rosas vermelhas e azuis, misturadas aos girassóis e flores do campo. Tudo harmoniosamente colocado numa mistura de encher os olhos de alegria. Em sua direita, grama verdinha, novinha e curtinha, com pedras e cristais graciosamente colocados como esculturas e bancos e alecrim plantados em tudo. Além da árvore, em sua frente, um lago de água azul turquesa, delicadamente circular, que tinha uma pequena cascata de pedras e plantas que faziam um barulho agradável aos ouvidos. Seu corpo estava envolto dos raios dourados do sol. Pássaros e borboletas dividiam o céu, de uma forma conjunta e em paz. Gabriel enchia seu peito com todo aquele aroma de alecrim, rosas e terra molhada. Era como se estivesse em casa, mais do que isso, no seu verdadeiro lar. Aproximando-se da mulher, percebe que ela possui longos cabelos brancos, trabalhados em uma trança, com algumas pontas mais curtas, soltas. Ela vira-se e ele a reconhece. Era sua avó. Gabriel abre um sorriso largo e senta-se ao seu lado a abraçando e dizendo: - Saudade minha vozinha. Sua avó era mais nova, sem muitas rugas, com um vestido branco que deixava os ombros à mostra. Ela estava de pés descalços e um sorriso de paz. Ela então diz para ele: - Saudade também meu filho, mas nunca nos separamos de fato. Gabriel: - Para mim está sendo uma separação. Ela coloca sua mão em seu peito e fecha os olhos. Um raio lilás sai de suas mãos para o peito dele entrando no seu coração. Imediatamente ele sente conforto. Dormindo no sofá ele esboça um sorriso gracioso. Sentia no corpo o carinho daquele momento. Então diz para ele: - Você logo estará em casa, sentirá essa paz que sente aqui. Gabriel pergunta: - Irei morrer? A jovem senhora diz, sorrindo: - Não, meu menino. - Então o abraça e mostra uma casa simples do outro lado da margem do lago. Era uma casa cheia de janelas, toda repleta de luz. Em seu pátio, há muitos animais. Cães, gatos, patos, cavalos, entre outros, dividiam espaço de maneira gentil e organizada. Gabriel abre um lindo sorriso e a senhora diz: - Está vendo? Ele balança sua cabeça dizendo sim. Ela então aponta dizendo: - Olhe. Ele olha e percebe entre os animais uma mulher sentada numa pedra lendo um livro. Ele tinha longo cabelo preto cacheado e sorria parecendo um anjo. Seus olhos eram grandes, redondos e castanhos escuros. Seus olhos azuis marejaram de emoção. Ele então vira-se para sua avó e pergunta: - Quem é ela? A avó diz: - Mel Ele começa a ser puxado para seu corpo, saindo dali escutando ela dizer: - Doce como mel. Ele então traz a imagem do mel em sua cabeça e acorda lembrando de mel. Não lembrava de detalhes, sentia-se bem, renovado, como se a tristeza tivesse ido embora por alguns momentos. Percebeu que acordara com vontade de comer queijo com mel. Então levantou-se, preparou um café e comeu uma generosa fatia de queijo com mel, dando as cascas para Dorotéia. Voltando para o sofá com a xícara e o restante do café, percebe que alguém respondeu um e-mail. Era da ONG Meu DNA Late. Sorrindo, abre e lê. A fundadora havia se interessado por seu currículo e queria marcar uma reunião online. O coração de Gabriel começou a disparar, sem ele entender como, nem porquê. Dava para ouvir uma música tocando no fundo do seu coração: Ele começa a responder, sorrindo, sozinho. Era um sorriso imenso, largo que quase não conseguia controlar. Sabe aquele de romances, que dizem ficarmos com a cara de bobo, sorrindo? Enviando o e-mail, sente uma onda de calor invadir seu peito. Decididamente não entendia o que estava acontecendo com seu corpo. Do outro lado da mensagem, Melissa estava sentada em sua cama, com seu cão Coragem e sua cachorra Vida. Ao ouvir o barulho do e-mail chegando, Mel sente um arrepio do lado direito do seu braço e na sua cabeça. Era um arrepio agradável e não gelado. Sentia normalmente quando seu anjo protetor queria lhe dizer algo. Mel era médium vidente e olfativa aflorada. Ao abrir a mensagem sente-se fora do corpo, em um lugar diferente em que se percebe no colo de alguém, sorrindo e o beijando. Falavam de algo e ambos sorriam. Estavam em um lugar agradável com cheiro forte de rosas. Ele apoiado em uma frondosa árvore e ela no seu colo, deitada com a cabeça no seu peito, ouvindo o barulho de água correndo. Sentia uma doce brisa e um agradável calor solar. O rosto dele era envolto de uma luz dourada e o seu sorriso, ah...que sorriso que iluminava tudo à sua volta. Quase não conseguia enxergar o rosto pelo brilho do seu olhar e sorriso…. Mel é trazida de volta ao seu corpo. Ela, levemente tonta sem entender a visão, começa a ler o e-mail. Então passa seu w******p para que conversassem mais facilmente. Gabriel está do outro lado, estalando os dedos e roendo as unhas. Ansioso por uma resposta tentava se convencer que talvez levasse um tempo para ser respondido. Nisso chega a resposta com o w******p de Melissa. Ele na mesma hora a adiciona e envia: - Oi. Tudo bem? Mel responde: - Oi, tudo e com você? Gabriel: - Melhor agora com a possibilidade da vaga. Mel gostou da resposta e do interesse. Sua carinha é feliz, bem como a dele. Ela então escreve: - Eu gostei muito da tua experiência e currículo, podemos conversar em vídeo? Gabriel: - Agora? - ele na mesma hora se preocupou com sua barba por fazer, seu cabelo comprido e sua blusa de casa. Melissa: - Vamos ver um horário melhor, agora vou ter uma reunião com patrocinadores do projeto. Pode ser a noite? Lá pelas vinte horas? Gabriel: - Perfeito. Mel: - Então até lá. Gabriel: - Até. Os dois estão sorrindo sem entender o motivo. Mel fica lembrando da visão e se repete ser alguma bobagem qualquer. Gabriel não lembra do sonho, mas lembra do mel e sorri. “A ti com amor Quero descansar em seus olhos, onde o mar parece ser leito. Quero abraçar seu espírito, onde o Sol parece encontrar nascimento. Desesperadamente preciso resgatar em suas palavras, o doce encontro com as estrelas. Em total desalento preciso absorver seu sorriso, a doçura encantada do aroma de pétalas de rosa-branca. Sua pulsação resgata minha vida, seu calor me faz pura no íntimo… Somos um lar banido, procurado e perdido, em um se fez fortaleza… e todos os sentimentos almejados… e todos os sonhos impelidos… e todas as crenças resgatadas…” Ele então vai a barbearia se arrumar e ela entra online com um possível patrocinador. Entre suas atribuições era captadora de recursos para sua ONG. Ela então entra no skype e conversa com um empresário da capital, que amava cachorros e tinha vontade de contribuir com um valor mensal sobre seu lucro. Ao vê-lo pela primeira vez, sente uma afeição inexplicável. Senhor distinto, sisudo, de olhos azuis e cabelo branco, muito direto, já pergunta de cara: - Gostaria de ajudar com um valor mensal, porém quero muito participar ativamente dessa ONG. Melissa esboça um doce sorriso. O senhor, não acostumado com sorrisos, corresponde falando como se sorrisse, porém sem mostrar os dentes, só sendo mais simpático e soltando uma risada gostosa entre as frases. Mel: - Seria adorável termos sua participação ativa. O senhor pretende vir quando nos conhecer, senhor Augusto? Augusto: - Estou pensando amanhã. Hoje já farei uma transferência bancária e quero conhecer tudo. Quero inovar no ramo empresarial. Quero acertar como regra da minha empresa doar um percentual mensal de seus lucros para uma entidade específica e quero que seja a sua. Para isso preciso conhecê-la pessoalmente, como conheço seu trabalho e apresentar toda a documentação necessária para acertarmos isso legalmente. Melissa fica surpresa. Era muito difícil conseguir ajuda empresarial. Geralmente, classe média e baixa eram as que mais ajudavam, com o pouco que tinham. Ela tentara muito conseguir patrocinadores maiores, para conseguir melhorar suas atividades, mas era muito difícil. Também estudava inglês e tentava conseguir patrocínio internacional. Era administradora da ONG, operava futuros na bolsa de valores, escrevia para um site de livros, era perita judicial e grafotécnica, captadora de recursos e estudante de inglês, pois não se tornará fluente, só com a faculdade. tinha oito cães seus pessoais, sendo dois de dentro de casa, e dividia seu tempo entre eles, a ONG, suas profissões e estudo. Seu escritório, fora de casa, era de madeira pré-fabricada, cor escura imitando imbuia, estilo chalé, nele por dentro, havia vários monitores com gráficos na plataforma Profit, onde acompanhava seus day traders, swing traders e Buy hold. Nas paredes quadros, cada um de espécies distintas de animais, que recebera de todos da entidade, evidenciando uma característica da espécie, seja física ou de personalidade, que Mel tinha em comum, remetendo para um elogio a ela. Tinha, por exemplo, em suas costas, um elefante branco de costas, com a frase: “Sutil feito um elefante”. Quem lhe dará era seu associado, protetor Lucas, para evidenciar o quanto Mel era direta e sem “papas na língua”. Ela os pendurava por toda ONG, em todas as suas estruturas, com muito orgulho. Pelo pátio, estátuas de pedra grandes de cães, harmoniosamente colocados nos jardins, junto com as plantas e árvores, para que todo o terreno fosse um delicioso passeio. A ONG era toda organizada e dividida em partes. Havia containers das casas dos trabalhadores na zona sul, onde eram colocados de maneira graciosa com muitas flores, retratando uma vila colorida e alegre onde todos estavam perto uns dos outros. Já na zona norte estavam os animais e canis. Tudo feito em containers. Na zona oeste, o cultivo de cogumelos, árvores, estufas, plantas, ervas, verduras e flores. Na zona leste o centro de esportes e dança, o de artesanato, música e canto e de estudos. Tudo também em containers. Só o escritório central e sala de reuniões que eram em madeira, como um portal de boas-vindas a todos os visitantes. Entre uma ou outra ala grutas em pedra de várias religiões, que serviam para proteger e homenagear entidades que protegiam os trabalhos. A casa de Mel era em um container, nada muito grande, tinha uma cozinha conjugada com sala, tudo branco e claro, com grandes janelas e persianas, porque Mel às vezes gostava de se isolar do mundo. Em outras adorava ver a luz entrar. Nas paredes, quadros dos seus oito filhos. Móveis escuros, paredes em tom branco, decoração em bege e pastel, não tinha nada luxuoso, só limpo, sem muitos enfeites, claro e cheio de pequenos detalhes, como almofadas de retalhos feitas pelas “tias” da ONG. Na sala, logo na entrada, uma escrivaninha e livros. Embaixo só tinha mais um banheiro para as visitas e a área de serviço perto da cozinha, que dava para um pátio onde, do outro lado, era a casa de sua mãe. Atrás da casa containers, canis dos seus seis filhos, que ficavam bem onde a janela, sacada-porta do seu quarto estava. Saindo da sala havia uma pequena escada dando para um corredor que levava aos quartos. Era toda cercada e fechada com um portão para que Coragem não passasse onde estavam as visitas. Ele não aceitava ninguém, só sua avó, sua mãe e Vida. Após o corredor, uma mini academia, um quarto de hóspedes e o quarto de Mel, com um banheiro privado. Toda a decoração da ONG era simples, festiva, lembrando casa de vó. Mel amava isso, pois guardava em seu coração muita saudade de seus avós maternos. A única e melhor parte de sua infância. Mesmo estando em Gramado, e sendo de origem alemã, Mel gostava da origem italiana, e a maioria de seus amigos tinham tal origem. Sentia-se em casa com eles, que eram a maioria de Caxias do Sul, onde havia crescido. Melissa então responde ao objetivo senhor: - Sim, podemos nos encontrar aqui amanhã. Será uma honra mostrar tudo ao senhor. Estamos iniciando tudo aos poucos, mas com o tempo, tenho certeza que tudo funcionará perfeitamente, tendo mais doações e patrocínio. Augusto: - Estamos acertados então, até amanhã às sete horas, pode ser? Mel sorri: - Pode ser sim. Até breve. Eles desligam e ela pega o celular e envia mensagem para Lucas ir lá. e alguns minutos seu amigo está lá junto com Berta Maria, sua fiel secretária, braço direito e faz tudo. Os dois entram e Mel diz em tom de brincadeira: - Chamei o Luca somente. Berta Maria, evidenciando ser piada interna entre elas, responde: - Vim de metida, mesmo. Berta era uma travesti elegante, porém visivelmente masculina. Falava com tom delicado, mas às vezes, quando provocada, engrossava a voz e falava palavrão. Estava estudando serviço social e ajudava Mel em tudo. Praticamente era sua segunda mãe e melhor amiga. Lucas: - O que houve? Mel senta para trás em sua cadeira, dizendo: - Ué tem que ter havido algo, não posso estar com saudades do meu amigo, irmão? Luca faz cara de quem está duvidando e diz: - Hummm...não. Mel: - Palhaço. - Fala sentando para frente. Luca senta em uma das cadeiras das visitas e Berta na outra. Mel, para invocar e provocar Berta diz, cruzando os braços: - E a recepção vai ficar às moscas? Berta responde com “cara de nem aí”: - E aos mosquitos. Lucas fala acostumado com as brincadeiras: - As comadres já terminaram? Mel: - Eita, paciência… Amanhã Sr. Augusto, aquele empresário patrocinador que falei, vem aqui visitar a ONG. Parece que quer fixar um valor mensal sobre o lucro, para nossa entidade, caso goste. Preciso que vocês cuidem de tudo para mim, ok? Lucas faz sinal de sentido e Berta imita. Berta: - Era só isso? Nos fez vir até aqui para isso? Mel: - Queria olhar nos olhinhos de vocês. Me sentia só. Nisso entra rapidamente um baixinho, careca e gordinho pela porta, todo ofegante. Era Piggy, o responsável pelas compras e fornecedores da entidade. Ele era uma espécie de bobo da corte e vivia querendo fazer Mel rir. Ela era muito séria e quase não saia ou se divertia. Demonstrava muita afeição por todos, mas quase sempre os mantinha longe de sua i********e. Piggy diz: - Cheguei amantíssima Dona. Mel: - Pare de me chamar assim Pig. Esse apelido está pegando. Piggy: - É esse ou Rainha ou Diva. Mel: - Tudo menos Diva. Rainha é até passável, menos m*l Dona. Credo, mas porque não me chamam de mel? Piggy: - Que graça teria isso, se a graça está em te ver bravinha? Mel balança a cabeça em negativa e pergunta: - O que você quer Pig? Piggy: - Não tem reunião, ué? Mel: - Eu chamei o Luca, Berta veio de metida. Piggy: - Reunião da cúpula eu venho. Mel faz com a mão para irem embora. Berta: - Eu odeio essa mãozinha. Mel faz de novo com a mão mais incisivamente. Eles saem todos resmungando. Mel continua analisando seus gráficos e relatórios. No Rio de Janeiro, Gabriel está na barbearia com carinha feliz. Seu barbeiro de anos, amigo do seu avô, que levou Gabriel lá pela primeira vez, já era um tio avô dele e vendo sua carinha feliz, depois de vê-lo triste meses pela perda da sua avó, pergunta: - Viu um passarinho azul? Gabriel: - Na verdade acho que foi multicor. Eles riem juntos. Gabriel estava esperançoso em ter encontrado um novo recomeço. Em sua vida não havia encontrado um propósito, nem um amor. Ele sentia que estava no caminho certo. Uma sutil lembrança do sono o fazia ter certeza que encontraria seu lar, nessa nova oportunidade. Chegando em casa, traz um biscoito canino para Dorotéia, que tinha ficado triste, já que estava acostumada a sempre ter a companhia da sua dona falecida. Gabriel percebendo diz, afagando sua cabeça: - Desculpa Doris, tive que ir me ajeitar um pouco para o novo emprego.- ele olha para ela, fingindo ter respondido, dizendo: - Não me olhe assim, eu fui me arrumar para o novo emprego sim, nada a ver com a Mel. - diz rindo. Ele vai até a cozinha e prepara um café, para comer com o pão que trouxe. Arruma ração na tigela de Doris e vai tomar um banho. Doris come a ração em segundos e vai atrás dele, deitando na sua cama, enquanto está no banho. Ele sai enrolado na toalha e vai até o guarda roupas, ficando na dúvida de que roupa escolher. Retira sua calça de brim preta e joga na cama, depois pega duas blusas iguais, porém de cores diferentes, xadrez, uma preta com vermelho e outra preta com azul. Ele mostra para Doris e pergunta: - Qual das duas Doris? Ele olha para uma, depois para outra e diz: - Boa escolha, a azul para ressaltar meus olhos. Vestido, coloca seu tênis preto, com meias pretas. Deitando na cama, pega um livro de poesias para fazer hora. Olhando para seu relógio era apenas dezoito horas. Mel termina suas atribuições e vai para a casa de sua mãe buscar Coragem e Vida, que ficavam lá para lá trabalhar. Todo dia ela levantava cedo, levava Coragem no colo e Vida no chão, pelo pátio até a casa da sua mãe e padrasto. O padrasto saía para ajudar na ONG, enquanto sua mãe ficava com Coragem que não aceitava seu "vodrasto''. Ela ia para os canis de seus outros seis filhos limpar e dar comida, ficando um pouco com eles. Depois fazia uma hora de exercícios, tomava banho e ia trabalhar lá pelas nove. Excetuando quando tinha reunião. Chegando em casa, alimenta os dois e pega um suplemento pronto para beber. Depois faz uma enorme xícara de café em sua cafeteira de expresso. Ela amava café. Cafe era vida. Lembrando de avisar Luca que teria que alguém limpar os canis dos seis, no outro dia de manhã, já que sua rotina teria uma mudança pela visita de Augusto, envia mensagem no whats para seu irmão amigo: - Amanhã envia alguém nos canis dos seis para limpar e cuidar? Lucas responde: - Pode deixar. Já sabia. Mel: - Mãe preocupada. Lucas: - Irmão zeloso. Mel: - Boa noite, estrupício. Lucas: - Boa noite, insuportável. A mulher de Lucas, chamada Manoela, preparando o jantar, pergunta, se aproximando, com seu enorme barrigão de grávida: - Mel? Lucas fala, a abraçando e beijando sua barriga: - Sim. Pedir que envie alguém lá para cuidar dos seis. Manoela: - Ela não se relaxa, né? Lucas: - Em nenhum momento… Eles sorriem um para o outro. Ela então volta para a cozinha terminar a janta. ele liga a televisão e vai ver o jornal. Gabriel está lendo uma poesia de Camões sobre o amor. Imediatamente ele pega seu celular e lembrando da música de Legião Urbana - Monte castelo, que mistura a poesia de Camões com a Carta de Paulo aos Coríntios, outro magnífico texto sobre o amor, e colocando-a, fica pensando na foto e no vídeo de Melissa. Terminando a música, Gabriel recita a carta de Paulo aos Coríntios, sobre o amor, com o olhar longe, parecia sentir saudade de algo ou alguém. Melissa está em sua casa e sente um arrepio no braço direito e ao mesmo tempo que Gabriel recita, ela escuta em sua mente o mesmo texto. Do nada lembra da música e a coloca também. Em lugares diferentes, os dois não sabem, mas estão em sintonia. Uma linda faixa dourada com lilás sai do coração de um indo para o coração do outro. O pensamento de Gabriel era tão forte por ela que a fazia senti-lo. Ela ainda relutava em acreditar nas visões. Via, mas negava ver o rosto de Gabriel e o que tinha enxergado nos seus olhos, pela foto, tentava ignorar. Chegara vinte horas. Gabriel estava sentado no seu quarto, em uma mesinha, aguardando. Não sabia se era ele ou ela que iniciaria a conversa. Enquanto esperava, roía unha. Olhando a Doroteia que o fitava, diz: - O que? Vou esperar um pouco, se ver que ela não liga eu tomo iniciativa. Mel do outro lado, está em sua cama, com Coragem ao seu lado e o notebook no colo. Ela então lembra da reunião e leva um susto. Era vinte horas e cinco, então chama Gabriel em vídeo, pelo w******p. Ele vai atender e puxa a mão esperando um pouco. Então atende. Mel sente um frio no estômago ao vê-lo e um calor no peito, ele abre um lindo sorriso dizendo: - Olá, boa noite. Mel responde com um sorriso comedido: - Boa noite. Gabriel: - Estou empolgado com a oportunidade. Mel: - Eu devo dizer que estou aliviada com a tua candidatura. Gabriel: - Aliviada? Mel: - Você não sabe como é difícil encontrar um veterinário que aceite o salário que podemos pagar, e você ainda é agrônomo. O que, claro, pagaremos a parte outro salário. Gabriel: - Na verdade o salário oferecido está bom para mim desempenhas as duas funções. Mel:- Não parece justo. Gabriel abre um sorriso, dizendo: - Digamos que tenho uma boa vida, que dinheiro graças a Deus não é meu problema e, que quero muito uma chance, de fazer a diferença. Seu projeto deu uma luz no meu coração. - Ele na verdade não falava somente do projeto. Mel então abre um sincero sorriso. Gabriel pensa: - Aí está. Mel: - Façamos assim, se você tiver o interesse mesmo de se mudar para cá, vamos conversar a respeito do seu salário, tudo bem? Gabriel: - Então a vaga é minha? Mel já mais descontraída, juntas suas mãos dizendo: - Por favor. Gabriel sorri e diz: - Vou precisar de uns dias para vender tudo por aqui e partir. Algum problema? Mel: - Você vindo, te dou até um mês. Gabriel olha bem para os olhos dela e responde: - Eu vou, e pretendo ficar. - Ele pára um pouco e acrescenta: - Se vocês gostarem do meu serviço. Mel diz: - Algo me diz que sim, Gabriel. Fui com a tua cara. Gabriel sorri olhando para baixo, sem graça e diz olhando de volta: - eu também fui com tua cara, Mel. Posso te chamar assim né? Mel: - Com certeza. Os dois riem um para o outro. Seus olhos brilhavam. O que não sabiam é que suas auras estavam na cor dos amantes: lilás. E que um fio dourado, que unia almas companheiras, os prendia um no outro. Mel: - Vamos disponibilizar aqui na ONG uma casa que você poderia ficar enquanto estiver aqui com a gente. Todos que trabalham aqui, moram aqui comigo, dessa mesma forma. Gabriel: - Puxa, muito interessante, assim evitam trânsito, gastos, estão sempre aí. Mel: - E Gramado é linda. Você vai adorar. Não tem o mar, mas tem cachoeiras e muito verde. Talvez estranhe o frio. Sei que o Rio de Janeiro é muito quente. Então poder morar assim, viver nesse paraíso, com mais tempo para aproveitar, você não imagina a qualidade de vida. - Ela fica séria e diz: - Respeito os horários de descanso, viu? Gabriel abre novamente um largo sorriso dizendo: - Eu sei que sim. E se o funcionário quiser ficar e ajudar mais, sem extras, como voluntário, você aceita? Mel: - Seria um funcionário dos meus sonhos. Gabriel não para de sorrir. Parece um bobo. Mel estava sorridente igual. Incrível como sorriso contagia, ilumina, floresce não é? Ela que geralmente é comedida e formal, já estava brincando e sorrindo também à toa. Gabriel era um Sol em todos os aspectos: dos mais simples aos mais complexos. Já mel era como a Lua: não possuía luz própria, só refletia o brilho dos outros os devolvendo para si. Quando mais nova foi a uma esotérica que lhe disse algo que só fez sentido ao longo dos seus quarenta anos: - Você é como uma plantinha do deserto, que não se fixa a nada e só vai espalhando sementes. Nunca essa frase fez tanto sentido. Ela estava ali fixada na ONG, mas não sentia-se parte daquele mundo, só pelos seus filhos cães. De certa forma, ao conhecer Gabriel, ela sentiu como se tivesse parte nesse mundo, sem entender, visto que só tinha falado com ele brevemente, mas havia algo... “Filhos de coração Meu doce e amado filho, nos meus braços te darei abrigo, em minha vida te devotarei amor. Velarei docemente teus passos, guardarei pelas suas emoções. Amor te darei numa constante, nunca de ti me afastarei… Meu coração a ti pertence… como são teus meus anos e minha gratidão. Renascerei em tua vida, na minha existência encontrar o perdão. Zelarei prontamente por tua proteção… para te ver alçar voo na sua vida, crescer e evoluir rumo a perfeição. Que a cada dia seu sorriso se alargue, que a cada noite teus sonhos lhe tragam paz. Em cada hora sua dor seja a minha, cada riso seja acompanhado de doce emoção. Estarei sempre a te esperar e apoiar… Abençoados sejamos desse encontro… que juntos possamos recomeçar, e unidos num enlace sejamos de novo um lar.”

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