CAPÍTULO DOIS- A DESCOBERTA

1168 Words
_ ...e foi isso que aconteceu. _ Marianna fez um curto resumo sobre o momento de terror que vivenciou com a piscina. _ Nossa, ficamos tão preocupadas com você, eu não vou mais deixá-la ir sozinha naquele clube, me perdoe. Angel, irmã de Gustavo, foi a primeira a se pronunciar, segurando a mão da amiga. Angeline Smith, ou simplesmente Angel, tinha dezenove anos. Era loira, como a mãe, cabelos longos, olhos azuis, porém com um tom mais claro que o da amiga. Ela era mais alta que Marianna, mesmo assim sua estatura era considerada baixa, causando muitas risadas nela mesma e nas amigas quando comparavam suas alturas. Angel estudava Pedagogia, enquanto Marianna estudava TI. _ Não, Angel, a culpa não foi sua, a Karina é a única culpada nisso tudo. Foi ela quem me empurrou, não se preocupe. Marianna recebeu o abraço apertado da amiga que quase a fez chorar, tinha muito pelo que derramar lágrimas, mas se conteve. _ Isso é verdade, nenhuma de nós tinha ideia do que Karina poderia fazer, principalmente porque ela fez tudo de forma intencional, e não estamos no coração de ninguém, mas devemos ficar em alerta a partir de agora. _ Foi a vez de Beatrice se pronunciar. Beatrice Bonaparte, ou Bia para os mais íntimos, tinha vinte anos, era uma mulher n***a, com olhos cor castanhos claros quase beirando ao mel, cabelos pretos cacheados e de um volume lindo. Ela era a amiga mais próxima de Angel, o que causava certo ciúme em Marianna. Mesmo assim, as duas sempre foram próximas, inclusive foi Bia quem fez uma matéria explicando a importância dos bolsistas na faculdade. Aliás, isso fazia parte da área de atuação de Beatrice, pois ela cursava jornalismo e almejava ser tão boa quanto seu pai. _ A única coisa que me intrigou foi o fato de ninguém, além de vocês, o Gustavo, e a minha mãe, saberem que eu tenho pavor a piscinas, e que não sei nadar. Mas, estranhamente, Karina parecia saber exatamente o que estava fazendo, como se realmente soubesse do meu medo. _ Marianna disse olhando para a parede, lembrando do momento em que foi empurrada. Natália Abapi era a modelo e artista do grupo, a mais esbelta, a mais alta, de olhos castanho-escuros, que cursava moda e estava sempre exibindo vestidos fabulosos feitos por suas próprias mãos. A garota era a estudante mais aplicada de sua turma, tinha vinte e um anos e pretendia seguir os passos da top model Anne Abapi, sua mãe. Nat, como era chamada por suas amigas, que até então estava quieta, sentiu o olhar sugestivo de suas amigas sobre si. Temendo que descobrissem o que fizera, pôs um sorriso no rosto e pensou no que comentaria para desfazer a má impressão. _ Mari, foi bem triste o que aconteceu com você, eu vou ficar de olho nelas, prometo. _ Ela disse, ainda nervosa. _ A Karina é da sua turma de estética, não é, Natália? _ Marianna perguntou num tom sério. Chamá-la pelo nome, ao invés do apelido carinhoso, não era bom sinal. _ Sim, mas o que isso tem a ver? _ Natália respondeu, fazendo-se de desentendida. _ Tem a ver que vi vocês conversando outro dia. Essa garota nunca gostou de mim, da Angel e da Bia, sempre deixou bem claro para quem quisesse saber, e do nada você começa a andar com ela. Qual é a sua, Natália, está de que lado? _ Marianna perdeu a paciência com o jeito sonso de Natália. _ Eu não sei do que está falando, Marianna, Karina e eu só estávamos conversando sobre a matéria. _ Natália manteve a pose de ofendida diante das amigas. _ Meninas, vamos nos acalmar. _ Tentou intervir, Angel, em vão. _ Foi você, não foi? Fala, Natália, admita na frente das meninas que você contou pra Karina sobre o meu trauma. _ a certeza parecia já estar estampada no rosto de Natália, mas Marianna queria ouvir de sua boca. _ Eu… escapou, tá legal? A Karina sabe das suas condições e queria te ajudar… _ as palavras fugiram de Natália. _ Ah, por favor! Você sabe bem da aversão da Karina por qualquer um que não seja da mesma classe social que ela. Como pôde fazer isso comigo? O que eu te fiz, me fala, eu te magoei? Te fiz algo tão r**m para você se vingar dessa forma? Se unindo a uma garota que só quer me prejudicar? _ a raiva só não era maior do que a decepção para Marianna. _ Eu juro que não fiz por m*l, gente. _ Natália parecia sincera, mas a amiga não lhe deu ouvidos. A respiração oscilante de Marianna denunciou que ela estava prestes a entrar numa crise de ansiedade. Ela já conseguia identificar os sintomas e, por isso, temeu ter um episódio desse na frente das amigas. _ Eu preciso ir. Marianna se levantou com uma rapidez extrema e saiu depressa da casa de Angel, batendo a porta atrás de si. Enquanto Angel e Bia mantiveram expressões confusas no rosto, Natália apoiou a mão no rosto, se sentindo culpada, pela primeira vez na vida. Marianna só parou duas ruas depois da casa dos Smith, quando foi alcançada por Gustavo. Ela se encostou no muro e começou a respirar profundamente enquanto seu melhor amigo colocou as mãos nos joelhos e controlou a respiração. _ O que… aconteceu? _ Ele falou de forma um tanto ofegante por conta da corrida. _ Você também sabia? Todos sabiam? _ Marianna estava na defensiva. _ O que eu sabia? _ Gustavo franziu o cenho, sem entender. _ Sabia ou não que a Natália contou pra Karina sobre meu trauma de piscinas? _ Uma lágrima caiu. Depois outra. _ Eu só te vi sair de lá correndo e vim entender. Espera, a Natália o que…? _ Foi tudo que Gustavo conseguiu dizer antes de ser abraçado por Marianna, enquanto ela soluçava. Não conseguiu obter mais nenhuma resposta de Mari, apenas deixou que ela desabafasse ali, em seus braços. Era a primeira vez que isso acontecia, Marianna nunca chorava na frente de ninguém e era por isso que saiu tão depressa da casa de Gustavo, ela não queria ser vista quando desabasse, queria estar em casa. Mesmo que tenha dito a ele, dias atrás, que o achava infantil e que os sentimentos dele não eram correspondidos, não era desse jeito que Marianna o via. Gustavo era visto por ela como um rapaz maduro para seus dezoito anos, com uma fala altamente inteligente e era isso uma das coisas que Marianna mais admirava nele. Além de tudo, Gustavo lhe passava uma paz tão grande que era impossível se sentir m*l perto dele. O nadador em ascensão afagou as costas de Marianna como uma forma de lhe passar conforto, ele não a largaria até que ela soltasse seus braços. Os soluços pareciam aumentar e foi então que Gustavo entendeu: havia muito mais motivos pelo qual Marianna chorava, ele só não sabia o que era.
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