O beijo de Alexandre tinha um gosto misto de bebida e um toque final de hortelã. Sua mão firme me segurava, impedindo qualquer movimento da minha parte.
Ele estava me beijando, como se buscasse provar algo. Meu coração batia descontroladamente no peito.
Podia sentir a mesma energia sendo compartilhada entre nós. Quando abri os olhos, o olhar intenso dele encontrou o meu.
Seu rosto estava próximo ao meu, e sua boca, carnuda e cheia de desejo, indicava uma nova dinâmica entre nós.
Então, aquele seria o predestinado para mim?
Um lobo disfarçado de playboy.
A experiência do beijo era avassaladora. Seus lábios se moviam com confiança, explorando cada canto da minha boca. A mistura de sabores, entre a bebida e a frescura da hortelã, criava uma sensação única, como se estivéssemos dançando em um limiar entre o proibido e o irresistível.
A mão dele, firme em minha cintura, mantinha-me próxima. Era como se estivéssemos conectados por uma força magnética, uma atração que transcendia a compreensão lógica. Mesmo que meu instinto pedisse para resistir, a intensidade do momento me deixava envolvida.
Os segundos se estendiam, transformando aquele beijo em uma jornada intensa de emoções. A energia compartilhada entre nós ecoava, criando uma ligação que, de certa forma, ultrapassava as palavras. Quando nossos lábios finalmente se separaram, o silêncio pairou entre nós, preenchido apenas pela respiração acelerada e pelos olhares que se encontravam.
Abri os olhos, encarando o olhar profundo de Alexandre. Havia algo além da arrogância que eu tinha percebido antes. A chama do desejo ardia em seus olhos, e, por um instante, a realidade de nossa situação se desvendou diante de mim.
"Você tem uma boca deliciosa, Eliza. Acho que posso mudar de ideia quanto se casar com você. Eu sou o filho do alfa, eu devo fazer isso não é?"
As palavras tinham arrogância.
Ele parecia me hipnotizar.
"Sim, isso é o certo."
Seu rosto permanecia próximo, e a proximidade revelava um lado dele que ia além da máscara de playboy. A boca carnuda que agora expressava desejo estava longe da arrogância inicial. Tinha um toque de predador, uma intensidade que não condizia com a imagem que ele projetava.
Aquele lobo em pele de playboy era mais complexo do que eu havia imaginado. A dualidade entre sua natureza lupina e a persona sedutora começava a se revelar diante dos meus olhos.
Era aquilo que escutei dele.
"Quero trepar com você, Eliza."
"O que?"
As palavras sujas e pretenciosas não causaram uma sensação boa em mim.
Ao me afastar, a sensação de seu toque ainda reverberava em minha pele. O dilema entre a tradição e a atração, entre a razão e o instinto, tomava conta de mim. Enquanto eu tentava processar o que acabara de acontecer, uma pergunta persistia: seria Alexandre o predestinado em meio ao caos do casamento forçado?
"Acha que vou me casar sem poder me aproveitar do seu corpo delicioso, Eliza?"
A confusão de emoções me envolvia, e a dualidade desse encontro, marcado pelo beijo que selava algo desconhecido, apenas intensificava a incerteza diante do caminho que se desenhava.
" Poderemos conversar depois do casamento. "
Falei firme.
" Eu quero agora. Foi um erro entrar na minha casa e pensar que não imaginaria o que teria por baixo da sua roupa."
"Você está sendo estúpido."
"Como vou saber que vou gostar de você depois do casamento? Eu posso seguir a tradição, mas não sem antes saber o que me espera."
"O que te espera? Você é um Wolfgang!"
"Mas eu também sou Alexandre, um homem que está faminto."
O lobo em pele de playboy tinha deixado sua marca, e agora, diante dessa encruzilhada, eu me via dividida entre a tradição e a fascinação por algo que escapava ao controle preestabelecido.
"Você só pode estar brincando."
"Eu tenho muita fome, Eliza. Eu gosto de comer bem."
"Estou aqui pra tentar resolver as coisas pra você. Se não quer mesmo, apenas não deixe isso seguir. Eu não quero ser humilhada pela matilha."
"Eu vou pensar no seu caso."
"Além disso, se tivesse certeza que iria fazer o certo. Eu poderia fazer o que está me pedindo. Como eu disse, eu sei o meu papel e sei o que devo fazer. Mas não posso colocar a minha pureza na mão de alguém que está disposto a fazer o certo."
Ele riu, bem na minha cara.
" Você é uma das bonecas da matilha. Acho melhor ir pra casa. "
Ele se afastou, dirigindo-se ao sofá onde se jogou despreocupadamente. Seu abdômen trincado capturou minha atenção, e involuntariamente suspirei profundamente enquanto segurava minha bolsa com mais firmeza. Num gesto automático, corrigi um amassado imaginário na minha roupa.
"Você mais que ninguém me entende, Alexandre. Seu pai é o alfa, isso te colocou um peso nos ombros e te preparou pra tomar escolhas que às vezes não eram as que você queria. Foi assim comigo."
"Por que está fazendo isso? Isso é tão importante pra você, Eliza?"
A atmosfera estava impregnada de tensão, a troca intensa de emoções ecoava no silêncio do ambiente. Observando-o no sofá, pude notar uma expressão momentânea de cansaço e ponderação em seu rosto, como se as palavras que eu acabara de proferir tivessem desencadeado reflexões profundas.
Enquanto ele permanecia recostado, sua postura relaxada contrastava com a complexidade das questões que pairavam entre nós.
Aproximei-me, ainda segurando minha bolsa com uma mistura de nervosismo e determinação. O sofá tornou-se o palco para essa conversa que explorava as camadas mais profundas de nossa conexão.
"Eu sei que não é fácil, Alexandre. A responsabilidade que você carrega por ser o filho do alfa, as expectativas da matilha... isso molda quem você é. Mas também sei que há mais em você do que essa fachada de playboy."
"Acha que me conhece pelo que as pessoas falam de mim? Acha que eu sou um playboy?"
Ao mencionar a palavra "playboy", não pude deixar de notar um lampejo de desconforto em seu olhar. Era como se eu tivesse tocado em uma ferida que ele preferiria manter escondida.
"Quero entender, Alexandre. Quero saber quem você é verdadeiramente, para além das convenções e das expectativas. Eu não quero ser apenas uma peça nesse jogo de casamento arranjado. Quero escolher o meu destino, assim como você deveria poder escolher o seu."
Ele permanecia em silêncio, absorvendo minhas palavras. Seu olhar, antes desafiador, agora carregava uma mistura de conflito e resignação. Aquele momento de vulnerabilidade revelava uma faceta dele que eu não havia visto antes.
" Não posso mudar minha opinião por você e pelas palavras de livro bonito que está falando, Eliza."
"Não estou pedindo que mude, Alexandre. Estou pedindo que encontre um meio-termo, uma forma de conciliar suas responsabilidades com sua verdadeira essência. Eu sei que há mais em você do que esse lobo rebelde que muitos veem. Há um homem que luta contra as amarras do destino imposto."
Ele desviou o olhar por um instante, como se contemplasse as palavras que eu havia proferido. A tensão no ar era palpável, mas eu me recusava a recuar. Essa era uma batalha crucial, não apenas por mim, mas por ambos.
Eu não queria ter meu nome manchado.
"O que acha que eu devo fazer?"
"Seja o lobo e o homem que você escolhe ser, não apenas o que esperam que você seja."
O silêncio pairou entre nós, como se aguardasse a resposta que poderia moldar o curso dos nossos destinos entrelaçados. O desafio estava lançado, e agora cabia a Alexandre decidir se seguiria as expectativas preestabelecidas ou se abriria caminho para uma autenticidade que transcenderia as amarras da tradição.
Céus, eu esperava ter usado tudo que eu tinha.
"Você não pode me deixar depois do casamento, apenas se você morrer ou eu. Esta pronta pra isso, doce Eliza?"
Ele abriu um sorriso de canto, um perverso e debochado. Aquilo me disse que não seria fácil.
"Eu sou uma Colin, estou pronta pra muita coisa."
"Daqui uma semana você será uma Wolfgang, você será minha. A minha escolhida. Minha loba predestinada. Apenas pra mim."