As Cinzas do Passado
Prólogo:
O cheiro de fumaça ainda pairava no ar quando tudo desmoronou era uma noite fria, o tipo que corta a pele, e eu estava a poucos passos de casa quando vi as chamas devorando as paredes gritei o nome dela Priscila mas o rugido do fogo engoliu minha voz corri, o calor queimando meus pulmões, e a encontrei no quintal, os olhos arregalados, o rosto manchado de lágrimas e fuligem ela viu tudo Sávio, seu irmão, jogando o isqueiro, o sorriso torto enquanto a casa dos pais virava cinzas ele queria nos separar, deixar ela órfã, com a desculpa de levar ela pra longe mas Priscila viu a verdade não houve tempo pra reagir. Sávio, já com o distintivo de delegado reluzindo, forjou provas e virou o jogo contra mim.
Fui declarado foragido antes que pudesse provar minha inocência eles a levaram, trancaram-na num hospício onde os remédios apagaram quem ela era eu fugi, perdido, até encontrar nossa "Família" um grupo de almas quebradas, cada uma com seu motivo pra estar aqui a única regra é a lealdade nossa finalidade, nos proteger. Entre sucata e sombras, eles me acolheram, e um ano atrás, arrisquei tudo pra tirar Priscila daquele inferno sento-me na penumbra da cabana, o peso da faca no cinto, o som dos carros velhos rangendo ao vento a sucata é nosso refúgio, nosso escudo Sávio está por aí, eu sei, e cada sombra me faz sentir que ele se aproxima. Mas enquanto eu respirar, ela estará segura mesmo que ela nunca mais me reconheça...