Sinto uma dor lasciva na cabeça pela noite em clara e os pensamentos acelerados e uma preocupação que parece me consumir junto a uma culpa enorme.
Caminho pelo corredor, nenhum ruído ou barulho sai de dentro do quarto. Apenas o silêncio de Ana Luiza, que deve me odiar agora com força total. Havia chegado a hora de falar e tentar conversar com ela, assim que abria a porta do quarto, eu não a vi, mas vejo tudo da mesma forma que a noite passada, a janela da varanda está aberta e vejo a silhueta de Ana Luiza sentada na mesa, com as pernas sobre a cadeira junta ao peito, vou até o closet e puxo uma camisa e depois caminho até a varanda da sacada, quando paro e olho para ela, vejo a camisa de mangas longas que ela veste.
- Ana – Ela não olha para mim, mas eu sei que ela me escuta. - Me desculpa, eu tenho esses sonhos as vezes – Ela se mantém calada. - Me deixa ver? - Falo e sinto a garganta seca. - Por favor – Ela desvia o olhar e olha de mim, se levanta da cadeira e eu me levanto também, quando paro na frente dela, dou um suspiro.
Com calma eu pego a mão dela e faço o braço dela ser erguido, quando subo a manga da blusa eu vejo o roxo, aproximo meus dedos e quando toco ela puxa o braço como reflexo.
- Não toca – Ela fala e eu olho para o rosto dela. - Dói um pouco.
- Tem mais, não tem? – Eu deixo ela abaixar o braço e quando ela ergue a blusa na altura do quadril eu vejo as marcas roxa, duas, uma de cada lado, como se tivesse amassado a carne, quando meus dedos tocam uma extremidade eu sinto a pele quente. - Você precisa ir ao médico – Ela balança a cabeça. - Ana...
- Não, Charlles.
- Pelo menos seu braço – Eu volto a encarar o braço dela e a mancha roxa nele. - Eu posso ter…
- Não quebrou, só apertou muito – Ela abaixa a manga da camisa e volta a se sentar. - Eu devia não ter ficado tão próxima, você começou a se debater, estava quente e suava muito, pensei estar ajudando, mas no fim machuquei eu mesma e você – Há um silêncio. - É o seu ombro, posso ver? - Eu me inclino e abaixo o ombro da camisa. É uma marca redonda completa com a marca da mordida dela, doía como o inferno. - Eu não pensei que...
- Não se preocupe, relaxa, está bem? Você saiu machucada de verdade – Falei. - Me perdoa por isso, eu não me lembro.
- Você alcançou meu braço e o puxou, apertando, eu acompanhei e caí, você me rolou para baixo, mas depois segurou o meu quadril com força, muita força r**m – Ela parou de falar. - Eu gritei tanto e tente chamá-lo, mas você parecia uma pedra, por isso mordi você.
Aquilo era tão r**m de escutar, parecia um pesadelo, prestes a ficar ainda pior.
- Lamento que tenha que passar por isso.
- Isso é um sonho r**m, acontece comigo, muda só a forma como o corpo reage. Você é extremo Charlles, eu não sei como agir com você quando isso acontece, da outra vez também não saiu certo as coisas.
- Não chegaram tão longe você quer dizer? - Pergunto. - Não se aproxima da próxima vez, me deixe e sai, não tenta me acordar.
Ana Luiza pareceu concordar, se mexeu e me olhou novamente.
- O que você sonhava?
- Com um momento r**m, não me lembro de muito – Eu só lembrava da chuva, fora isso não lembrava mais nada, mas eu desconfiava o que era, não precisava ser um gênio para saber. - Já tive piores, só que antes eu não tinha com quem dividir a cama.
- Você parecia com muita dor, parecia real – Encarei os olhos dela. - Não foi apenas um sonho, você falou enquanto dormia.
- O que?
- Falou sobre a chuva.
- Isso eu me lembro durante o sonho, falei mais alguma coisa – Tente ir com calma com ela, com medo da resposta e o que eu poderia falar.
- Algumas, mas coisa vaga e abafada por você – Ana ergue a mão e ajeita o cabelo atrás da orelha. - Quem é Íris, Charlles?
- Íris? - Eu fico mudo.
- Sim, Íris, você sonhava com ela, não? - Os olhos dela agora estavam atentos.
- Isso não é importante – É a única coisa que falo.
- É um caso seu? Pode falar se quiser, eu não me importo – Eu me levanto. - Por que isso incomoda você? - Eu olho para ela.
- Ela foi alguém especial – Fico parado. - Mas ela está morta, Ana Luiza.
Ficamos em silêncio, vejo ela suspirar fundo.
- Eu sinto muito – Eu volto a me sentar e meu olhar olha para o céu, fecho os olhos e fico calado, sendo a única coisa que posso fazer naquele momento. - Não queria chatear você com isso, lamento.
- Não tem importância, pelo menos estamos conversando sobre isso, ajuda a não pesar a sua cabeça Ana, não quero causar problemas – Voltei a abrir os olhos e me inclinei até alcançar a mão dela. - Ana -Ela olhou para mim e eu apertei a mão dela. - Você realmente me desculpa? - Ela ficou parada me olhando e depois pareceu aliviar a feição. - Você foi incrível ontem de noite, com você mesma e comigo.
- Charlles...
- Eu sei o quanto está tentando fazer acontecer, gosto da sua teimosia, mas também gosto de te ver de boa comigo. Não fica com raiva de mim, por favor. Se quiser eu posso dormir em outro lugar, só não fica magoada ou triste por minha causa.
- Eu não estou com raiva e nem triste, não se preocupe – Ela se inclinou para frente e colocou sua outra mão sobre mim. - Me desculpe também pela mordida – Ela deu um sorriso, parecendo não querer mais falar sobre o acontecido. - Vamos tomar café?
Vi ela querendo quebrar toda aquela tensão, sorri com a atitude dela e me levantei em seguida a puxei até mim, abraçando ela em seguida e selando meu mais sincero pedido de desculpa.
- Me desculpa, de verdade, você não tem culpa de nada disso Ana.
Talvez a culpa fosse minha por colocar ela na minha vida e agora na minha cabeça.
AVISO - Mais um capítulo fresquinho pra vocês (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham do livro e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo fantástico. Att, Amanda Oliveira, amo-te. Beijinhos. Hehehehe até