PREFÁCIO
— Me*rda! Eu vou go*zar, bastardo, vá mais rápido! O gemido abafado de Tatiana foi ouvido através da porta.
Os gemidos incessantes de Tatiana e do seu parceiro se*x*ual estão sempre presentes nessa hora. Não posso fazer nada além de navegar no meu celular, ignorando-os como se não estivessem ocupados. Isso me faz rir porque sou completamente virgem aos vinte e quatro anos.
Não existe nada pior do que isso ou talvez sim.
Ser uma adulta desempregada.
Assim que desligo o celular e me jogo no sofá para ignorar os gemidos dos meus amigos, vejo o namorado da minha amiga se vestido e saindo do apartamento sem dizer uma única palavra. Eu não me importo, mas que bastardo. Eu me acomodo no sofá e vejo a minha amiga se servir de um copo d’água. Ela se aproxima, senta e suspira.
— Foi bom, não foi? Eu pisco para ela.
Ela me dá um sorriso sedutor.
— Obviamente. O melhor é registrar a penetração perfeitamente para depois jogar no Only+18.
— Pelo amor de Deus, Tati! Que loucura!
— Os meus ovários estão uma loucura, você sabe quanto dinheiro ganho na minha conta por esses vídeos e pelas ótimas fotos que o Lázaro e eu tiramos?
— Meu Deus, esse cara só pode ser louco!
— Pode até ser. Mas ele tem um pa*u bom! Ela ri alto e me mostra o seu vídeo. — Veja por si mesmo!
Não sei sobre pa*us, quase não me masturbo vendo vídeos de homens tatuados beijando mulheres e a suas bucet*as rosadas. Não me julgue, admito que sou fã de caras tatuados e tonificados.
— Bom, tem, sim, mas você não tem vergonha?
— Vergonha? Você deve ter vergonha de não ter emprego.
— Cala boca! Dou um leve soco no ombro dela e cruzo os braços indignada. — Eu estou procurando…
Ela me interrompe, deixando o copo sobre a mesa que decora o ambiente, e me olha sério.
— Por que di*abos você quer trabalhar se tem um padrasto rico?
— De novo com esse ma*ldito assunto?!
— Não seja boba. Você não será capaz de ignorar isso o tempo todo.
— Eu não ignoro, apenas mantenho distância porque…
— Porque ele mexe com você. Ela me encoraja a confessar. — Admita de uma vez por todas, tire dinheiro daquele homem, não sei.
— Tatiana! Repreendo ela, levantando-me e guardando o meu celular. — Ele é o marido da minha mãe!
— Não tem como negar. Roberta tem bom gosto. Admite ela, paqueradora e olhando para o celular. Já que você se recusa a aceitar dinheiro do seu ''pai'' rico. Por que você não se inscreve no Only+18?
— Que?
O meu rosto estava chocado e um pouco enojado.
— Escute, entendo que você tenha escrúpulos, mas é sobre continuar dependendo da sua mãe.
— Não me importo de depender de...
— Ah, ridícula, se você fica o tempo todo reclamando que está morrendo de vergonha de pedir dinheiro para o seu padrasto!
— Cala Boca! Eu solto um suspiro. — Você vê alguma graça em se prosti*tuir por aí? E se alguém te conhecer? Você não pensou sobre isso?
— As pessoas que me conhecem são as que mais me pagam. Este é um negócio onde a modéstia deve ser perdida, Maribel.
— Você diz isso como se fosse tão fácil.
— Não é, mas depois de ver esses zeros na sua conta, você pode comprar um apartamento desses, ter carro, restaurantes luxuosos e assim por diante. Você não saberá o que é vergonha e toda essa mer*da que te impede.
Suspiro e olho para o meu telefone. Ela conta isso a partir da sua vantagem, ela conquistou coisas que qualquer pessoa com trinta anos poderia alcançar e tudo isso vendendo o seu corpo para caras que ela nem conhece. Parece tentador poder pagar e ter esse tipo de vida de sonho. Apesar de ter uma “família” rica, as minhas pernas tremem ao ter que pedir dinheiro para minha mãe, que significa pedir para o meu padrasto. Sou muito tímida na hora de pedir e Tatiana é o oposto de mim.
Diferente de mim, Tatiana não tem pais, eles morreram num acidente de carro há alguns anos e desde então ela se dedica exclusivamente a esse famoso aplicativo. Ela tem milhões de assinantes e mora nesta área residencial de classe média porque não gosta de chamar atenção nesse aspecto e eu a entendo.
— Bom.
— Você está dentro então?! Ela se emociona, fazendo cara de maluca. — Mer*da, quantos euros ganharíamos com um ménage à trois, menina!
— Também não! Cruzei os braços. — Vou apenas tirar fotos.
— Mmm… bem, você pode começar com isso, mas depois eles vão te pedir mais e mais. Ela comenta e me mostra o aplicativo. — Faça o download, vamos criar um perfil para você.
No processo de criação de um perfil num aplicativo adulto, a pior parte é procurar uma foto de perfil que seja se*xy, excêntrica e não tão vulgar ao mesmo tempo. Como essas três coisas se misturam? Bom, mostrando os pe*itos, mas sem ser tão explícito.
Tenho uma tatuagem de borboleta no ombro, é pequena e ainda assim se destaca na minha pele branca. Confesso que estou nervosa, mas é isso ou ter que continuar quase morrendo toda vez que tenho que pedir dinheiro para o meu padastro. E isso eu não quero. Então eu só tenho que ser discreta para que a minha mãe nunca descubra.
Posso ir até a casa da Tati criar o conteúdo e fazer o upload, fingir para minha mãe que trabalho em um McDonald’s ou fingir que sou secretária numa loja de roupas.