Jimin e Jungkook se odiavam
— O que me diz Yoongi-hyung? — Aquele era mais um dia comum em que eu estava visitando o meu amigo no trabalho. Bem, na verdade, eu estava me consultando com ele há algum tempo.
Mas não, isso definitivamente não é porque eu quero e sim porque minha mãe insistiu muito.
— Já disse para não me chamar assim no trabalho, Jimin. — Meu médico bateu algumas folhas sobre a mesa, como se estivesse os colocando em ordem.
— Então não me chame pelo meu nome, doutor Min. — Sentei-me sobre a cadeira que tanto me esperava, dando um sorrisinho por ver que havia finalmente conseguido que ele colocasse sua atenção em mim.
— O caso é, que mais uma vez o resultado dos seus exames confirmaram que você é um ômega. — Ora, então eu sou mesmo ômega, afinal?! Se eu fosse um beta, tenho certeza que Yoongi não mentiria sobre isso. — Você só não conseguiu despertar seus feromônios ainda, senhor Park. Porém, uma hora seu cio chegará e você precisa estar prevenido para quando acontecer. — E lá vamos nós de novo...
— Eu acho que se fosse para vir, já teria acontecido há muito tempo, hyung. — Insisti, quase querendo dizer que os testes só poderiam ter sido trocados. Não era possível que eu fosse mesmo um ômega.
— Não me chame assim no hospital, i*****l. — Ele bateu com as mesmas folhas de antes sobre minha cabeça, dando um suspiro longo e jogando seu pescoço para trás. — Sua mãe está preocupada por você, ela tem medo de que isso nunca aconteça. Mas nós estamos tentando te ajudar, isso vai acontecer em breve e o único que irá sofrer com isso, será você por não acreditar que seu dia chegará. — Encarou-me sério, quando levantei da cadeira para ir embora — Você não pode simplesmente ir assim, senhor Park. Você irá precisar de ajuda caso isso aconteça. Mas como sei que não irá me ouvir agora e sim apenas quando isso acontecer, vou aconselhá-lo a tentar manter-se calmo e respirar fundo no momento. — Dizia, enquanto me seguia até a porta do consultório hospitalar.
— Tudo bem, tudo bem. Mesmo que eu acredite que não irá acontecer, eu tentarei ficar calmo e ligarei para alguém. — Suspirei, já quase pronto para lhe dar um bom motivo para calar a boca.
— Tente ficar calmo e ligue para alguém que conheça. Não seja tímido como sempre e peça ajuda a alguém, de preferência que seja de confiança. — Encarou-me uma última vez, como se quase me perguntasse com seu olhar se eu realmente estava ouvindo.
— Ok, entendido, doutor Min. — E eu finalmente pude sair dali.
Bem, mesmo que eu ache que não aconteça, guardarei as palavras de meu médico em minha inútil cabecinha.
O motivo de eu não acreditar muito nele, é pelo fato de que mesmo que eu esteja condenado a ser um ômega desde que nasci, já se passaram vinte e seis anos desde então e nada de meu corpo reagir como um. Achei que por muito novo quando os primeiros exames me apontaram como um ômega, poderíamos ter cometido um erro qualquer.
Não sei, talvez houvessem trocado meus exames com o de outro bebê, ou talvez até mesmo pudessem ter confundido e ter me dado a minha família. Que pensando bem, na verdade não seria mesmo minha família e sim pessoas desconhecidas.
Porém, mesmo que tivesse a chance de eu ser trocado no hospital, os exames diriam isso agora. Também diriam que os testes antigos estavam errados.
Não sou um alfa! Claro que não sou! Eu nem mesmo reajo como um ômega, tudo o que me restou foi a possibilidade de ser apenas um beta.
Contudo, hoje acabei de provar a mais dura verdade. Sou um ômega e nada mudaria isso, mesmo que eu ainda não tenha nem mesmo um cio. Será que sou apenas metade de um? Metade de meu corpo é ômega e a outra poderia ser um humano comum, por isso estava levando mais tempo até que eu me desflorasse.
Hoje em dia creio que homens da minha espécie, chegam aos seus cios em seus quinze anos e até os vinte já estão acostumados com isso. Se meu cio tivesse se enrolado até os meus vinte e dois anos acredito que seria normal, eu até cheguei a pensar que ele viria nessa idade. Mas hoje, quatro anos depois, vejo que isso não acontecerá. Pelo menos não antes dos meus trinta.
É uma droga pelo fato de que minha mãe ainda espera por isso, pois eu sou o único que puxou a si. Sinto pena quando ela diz que sente que eu ainda me tornarei um ômega por completo, assim como meus outros irmãos amadureceram e se tornaram mesmo alfas.
De quatro filhos, por que o último tinha que vir com defeito? Por que tinha que ser justamente eu o filho mais “frágil”, assim como eles dizem?
Mas eu, Park Jimin, não sou frágil coisa nenhuma e isso é o mais engraçado, pois sempre no meu trabalho dizem que sou o mais forte da área, que minha força equivale à força de quase três alfas juntos.
Isso não é verdade, apenas é um exagero. Mas a minha força é mesmo equivalente a de alfas, ao menos, a de um deles.
Ah, e falando em trabalho… Eu quase ia me esquecendo de que é preciso comparecer por lá para poder lucrar.
…
Uma semana se passou e nada da minha vida mudou, tudo o que eu continuo a fazer por enquanto, é trabalhar para poder pagar minhas próprias despesas. Meu trabalho não é fácil, mas digamos que é um bom emprego e que o dinheiro é muito bom também.
— Oh, Jimin! Você é o alfa que consegue carregar mais de seis pacotes de uma vez, certo? — um colega comentou, mas espera! Alfa? Desde quando me apelidaram assim?
— A-ah, sou eu sim. — Sim, esse era eu. O ômega que não tinha nada de ômega e que tem muita força.
— Mova-se do meu caminho, pequeno pedaço de merda! — Pequeno? Eu? Pequeno? Ele só podia estar brincando.
— Cale a boca, maldito bastardo. — Retruquei, quase partindo para cima do homem que me insultava segundos antes.
Eu não esperava ter que falar dele tão cedo, mas já que o mesmo apareceu neste maldito clichê, vamos aos fatos.
Esse pedaço de mau caminho é Jungkook, Jeon Jungkook. Preste muita atenção quando eu digo esse nome. É raro quando eu o chamo desse jeito todo formal e patético.
Ele é apenas um alfa mesquinho que vive disputando comigo. Sim, ele é meu rival irritante e também é um moleque insuportável que vive querendo arranjar problemas onde não tem. Sim, um grandíssimo filho da p**a!
— Você é um fracote, Park Jimin. — Atentou-me mais uma vez.
— Está brincando? Não fui eu quem carregou quatro pacotes a mais que você hoje? — Dei um mero risinho, como se o que dissesse fosse a coisa mais evidente e simples do mundo.
Em nosso trabalho éramos pagos para transportar caixas. Digamos que carregávamos bagagens de um local até o outro dentro da empresa.
— Maldito, i****a, Imprestável. — Agora ele não tinha argumentos e por isso apenas decidiu me xingar de todos os nomes possíveis. — A partir de hoje aja como se eu não existisse, certo? — Ele o disse e eu o fiz.
Porque afinal, vindo de Jungkook nada me interessava, então para mim seria uma honra se ele fingisse não existir, enquanto eu estivesse por perto. Por hora, eu já tenho problemas demais então não vou lhe dar atenção.
— Você está me ignorando? — Ele perguntou e eu não respondi, por isso tornou a repetir — Você está me ignorando, i****a?
— Não foi você mesmo quem pediu por isso, alfa e******o?
— Seu mesquinho, eu vou acabar com você! — E nós dois seguiríamos assim o resto do dia se ninguém interferisse.
— Vocês dois serão demitidos agora mesmo se não pararem — Graças a deus alguém nos parou quando eu estava prestes a castrar aquele maldito. — Vejam! — Nosso chefe apontou para um rapaz que terminava lentamente o seu turno com certa dificuldade.
— Bem, ele é um ômega, certo? Acredito que são mais frágeis quando o assunto é carregar coisas pesadas. — Jungkook disse como se aquilo não fosse raro para si, e eu estava tão focado em observar o rapaz que nem notei quando nosso chefe nos deixou ali.
Então, assim que é ser um ômega de verdade? Frágil e de estrutura baixa? Fofo e até mesmo sem músculo algum? Como posso ser um ômega se não temos nada em comum? Todos sempre dizem que ômegas são doces, suaves, calmos, são beldades, não possuem muito pelo, nem mesmo massa muscular.
Eu não sou um deus grego, nem sou um homem absurdamente musculoso, mas eu tenho certeza de que as coisas entre mim e aquele ômega eram diferentes. Eu era mais forte, com certeza. Não tenho dificuldade em carregar pesos e deve ser por isso que todos pensam que sou um alfa. Será que Jungkook pensava isso também?
Oh, céus, pobre ômega, isso deve ser realmente difícil para ele.
— Você está interessado? — Jungkook perguntou e eu não respondi, apenas fiquei quieto olhando mais uma vez para o moço. — Veja bem, eu não sou bom com conselhos, mas vou te aconselhar agora. Se estiver interessado nele é uma pena! Esse ômega parece não querer estar ligado a nada, porém, se quiser tentar, vá em frente! Eu não acho que ele vá querer alguém tão feio como você, mas quem sabe não dê certo, não é? — Deu de ombros. Como ele ousa me chamar assim quando estou presente? Quero dizer, ele não pode me chamar assim nem mesmo quando eu estiver longe.
— Já tentou flertar com ele? — Preferi ignorar seu insulto, olhando para sua face enquanto ele estava distraído admirando o ômega.
— Uma ou duas vezes, mas ele não deu bola. — Suspirou, enxugando o suor que descia por sua testa — Se ele não me quis é bem improvável que queira você, porém há uma chance… pode ser que ele esteja carente agora e aceite o primeiro e******o que passar em sua frente. — E finalmente Jungkook saiu de perto de mim, me deixando respirar livremente sem sua presença.
Esse i*****l! Quem ele pensa que é pra falar assim de mim? Alfa tão mesquinho quanto eu pensei.
— Continua —