Da infância a maturidade

Jordan estava sentado na cama ouvindo mais uma vez sua mãe discutindo com um dos homens que frequentava sua casa todas as noites, acabara de acordar com gritos e barulho de coisas quebrando na cozinha, ele sabia que não devia sair do quarto quando sua mãe tem visita, mas a curiosidade falou mais alto, então ele desce com passos leves com medo de ser ouvido, escuta sua mãe gritando enquanto esse homem puxava seu cabelo, uma lagrima solitária desce pelo seu rosto, ele era apenas um menino de dez anos e não merecia ver e ouvir aquelas coisas, ficou ali na ponta da escada pensando oque fazer, mas o medo te impedia de fazer algo, suas pernas tremiam e seu rosto suava, então ele resolveu ir até eles. - Mamãe? – diz o garotinho dando passos até a porta da cozinha. - Fique ai, não entre! – grita ela ao seu filho. - Olha, quem é esse? – pergunta o homem sorrindo sadicamente, nunca tinha visto um menino tão lindo quanto aquele, com o rosto choro e corpinho tremendo. - Ninguém – respondeu a mãe rapidamente. - Está escondendo o ouro porque? – perguntou o homem alisando uma mecha de cabelo dela, nesse momento ela desvia o olhar dele e recua dois passos para trás. - Ele é só uma criança – diz ela – suba pro seu quarto jordan – completa ela duramente. Então o menino sai correndo de volta para o seu quarto se trancando lá, e mais uma noite teria que dormir de porta e janela trancada, e a luz acesa, com medo de a qualquer momento ter o quarto invadido, essa não é a vida que uma criança deveria ter, mas é a que ele tem. Já no dia seguinte seria seu primeiro dia de aula na quinta serie, sempre foi um menino dedicado e tinha o sonho de virar médico, a mesma professora do ano anterior continuaria dando aula a ele, ela sempre dizia " Continue assim jordan, aposto que será um grande médico algum dia", mas ninguém sabia como era sua vida em casa, a escola virou sua casa e sua professora virou sua família, mesmo sem eles saberem, ele acorda cedo e arruma sua mochila com um único caderno e um único lápis, era tudo que tinha e era o suficiente para si, desceu as escadas e encontra sua mãe dormindo no sofá com várias latas de cerveja no chão, ele sabia que não eram de sua mãe, era do homem, isso já aconteceu tantas vezes que ele se acostumou, pegou uma sacola na cozinha depois de verificar que não tinha ninguém e começou a pegar as latinhas do chão, logo depois ele sai de casa sozinho e vai até a escola, sempre prestando atenção nas ruas. - Bom dia professora liza – diz o garotinho com o maior sorriso do mundo, a união da professora com a escola o fazia se sentir bem, apenas por estar fora de casa e se sentir seguro. - Bom dia meu bem, esse ano você irá sentar pertinho de mim tudo bem? – pergunta ela abaixando na altura do garoto – seu novo colega Luke está se sentindo sozinho, porque não vai lá e se senta com ele? Jordan nesse momento olha para a mesa dupla no canto da sala e lá estava ele, um garoto franzino com a pele branca, olhos azuis e o cabelo ruivo, ele matinha o olhar baixo enquanto brincava com os próprios dedos, ele anda lentamente até lá e se senta devagar. - Oi – diz jordan timidamente, ele esperou uma resposta durante um tempo mas nada vinha, então ele repetiu — Olá, eu sou jordan. - Oi – responde o garoto desviando o olhar dos dedos. Sem muita conversa a professora começa a dar aula, a todo momento eles se entreolhavam com vontade de começar uma conversa, mas jordan era tímido demais e luke fechado demais, na hora do intervalo os dois vão para a sala de brinquedos e sentam cada um de um lado da sala, luke percebendo que jordan não encontra brinquedos para brincar ele tira uma boneca e um boneco de dentro da mochila e vai até ele. - Você quer brincar? – pergunta ele colocando a boneca na frente de seu rosto que estava confuso e surpreso. - Mas é brinquedo de menina – diz ele inocentemente. - Minha mãe diz que não, ela diz que tudo é brinquedo, então? – pergunta ele novamente, jordan pensa e acaba pegando a boneca, luke se senta em sua frente – Eu vou ser um policial! - Hm... Eu sou um medico – diz ele e fica olhando a boneca percebendo que não poderia ser um medico, antes que ele possa dizer alguma coisa luke já entra na brincadeira. - AAA meu deus, refém ferido, chamem o medico – nesse momento jordan olha pra ele e abre um sorriso. - Afastem, coloquem ele na maca – diz ele entrando na brincadeira. O resto do dia na escola foi só risada e brincadeiras com o novo amigo, mas a hora sufocante de voltar para casa estava chegando, ele se despede do seu amigo na porta do colégio e o vê entrando no carro e sendo abraçado por uma mulher, então ele começa a caminhar de volta pra casa, ele entra e encontra a mão no mesmo local, deitada no sofá e novas latinhas espalhadas pelo chão, ele vai até a cozinha e futica nos armários a procura de algo para comer, mas não tinha nada, a ultima vez que comeu foi no dia anterior e estava morrendo de fome, então ele resolve tomar um banho e ir dormir para se esquecer da fome, por incrível que pareça ele conseguiu dormir até o dia seguinte sem ouvir gritos ou conversas altas, ao acordar a dor no estomago estava maior, então ele puxa o resto de suas forças e vai para a escola, ele fica o primeiro tempo amuado e cabisbaixo pela fome. - Não trouxe lanche? – pergunta luke sentado ao seu lado enquanto abria sua lancheira. - Não estou com fome – diz ele desviando o olhar, ele estava morrendo de fome, mas não queria dizer nada e muito menos comer da comida do coleguinha, não era justo com ele. Seu amigo termina de comer e então eles voltam para sala de aula, ele continua fraco e começa a ficar pálido, mas segura até o final da aula, eles começam a andar para fora da escola, jordan sentia vontade de vomitar mas não tinha nada para sair, havia dois dias que não comia nada e isso estava acabando com ele, ao parar ele se debruça encima do carro da mãe de luke e desliza desmaiando, tudo ficou preto e ele não via mais nada.