DA
SÉRIE
MENTES PERTURBADORAS
Sejam todos bem-vindos ao quarto livro:
MATTEO - CRAPULOSO
Meses depois.
Ainda que eu lutasse contra os demônios do meu passado eles insistiam em ganhar a guerra. Dormir era como vivenciar o mesmo acontecimento todos os dias e o engraçado é que aquilo que por anos acreditei ser imperdoável era invisível. Nada me assombrava tanto quanto o ódio que eu sentia de mim mesmo por está em um dia de trabalho sendo torturado com os pensamentos me levando a ela.
— m*l*dita. Bur*ra. _Resmunguei, deferindo um soco acima dos papéis e levantando-me abruptamente da cadeira que se tornava minúscula para mim. Ouvindo a porta ranger me virei. — O que descobriu? _Fatou pouco para explodir, eu estava alucinado por respostas e o olhar intimidado do detetive que acabará de entrar me fazia questionar a mim mesmo se ele havia de novo feito um trabalho de merda. Seriamente eu esperava que a incompetência não corresse no sangue da suas veias ou drenaria todo o líquido viscoso ali mesmo.
— Veja isso. _Retirou do bolso do terno um tipo de panfleto.
Respirando, coloquei as mãos no bolso e o fitei.
— Está brincando comigo? _ Rio contra a minha vontade. De pressa grudo as mãos em seu colarinho e com força o levanto, fazendo o homem brutalmente chocar contra a parede. — Não creio que seja inocente. Está no meu recinto cercado de homens armados e acredita que sua sorte é tamanha. Eu lhe pago por um simples serviço e você me oferece um panfleto ?
Tentando se soltar, ele tosse ao me olhar com descrença.
— Ela está... morrendo...
Sou induzido a solta-lo imediatamente.
— Como?
— A mãe da moça imprimiu esses bilhetes e está entregando a cada empresa de grande porte na Itália e implorando que eles procurem alguém que tenha a salvação da sua filha. _Revelou.
Dei um passo para trás, mudando a vista.
— E o que tem no papel? _Me limitei a esboçar qualquer expressão. Era sempre assim que eu agia diante do desespero.
— Um tipo de sangue raro.
— Ela tem obtido respostas positivas? _O encarei, ansiando que um sim acoasse no silêncio daquele cômodo. E ele negou, arrumando o terno.
— Quando souber do tipo de sangue irá saber que a chance é mínima. A mãe dela deveria começar os preparativos para o enterro.
— Saí. _Gesticulei para a porta. — Saí daqui. _Indaguei nervoso.
— Boa tarde.
Ouvindo o barulho da porta se fechando, recolhi o papel do chão e ergui os olhos depois de avistar a realidade.
— Não pode ser. _Rapidamente cheguei ao telefone e disquei o número para mais informações. Antes que falassem qualquer coisa do outro lado da linha quando atenderam no segundo toque eu fui mais rápido e proferi. — É esse mesmo o sangue que precisam?
— Sim. _A voz do outro lado era baixa demais quase inaudível.
— Eu posso ajudar. _Tambem fico desacreditado por está fazendo isso .
— Meu Deus! _Foi um grito e eu me vi sorrindo. — Senhor. Minha filha está desacordada a dois meses. Seu irmão de três anos chora por não saber lidar com sua ausência.
Fecho o sorriso.
— O que aconteceu? _Eu sabia exatamente o que aconteceu, mas precisamente precisava saber o por que de muitas interrogações.
—Eu não sei. Mais algum desgraçado a atropelou e sumiu sem prestar socorro. _Sua voz era embargada, tudo levava a perceber que ela soluçava. — Minha filha só precisa do sangue. Só do sangue.
— Estou embarcando hoje mesmo. _Revelo.
— Irá doar? _O tom era puro entusiasmo.
— Até mais, senhora. _ Não respondendo-a finalizei a ligação.
Não pude deixar de notar o quanto ela era bonita. Certamente irei doar...
Quando a bela adormecida despertar terei o prazer de lhe dizer o meu preço.