Panda
Quando eu vi a Alexandra que nem bicho, eu bati neurose na hora. Sabe por quê? Ela não tem moral pra ficar aqui tentando bater na minha mulher, até porque a minha mulher tá fazendo o favor de cuidar do meu filho, e eu não vou deixar meu filho chegar perto dela, não. Comecei a arrastar ela pelo braço na direção do quartinho e a minha mãe e a Beatriz vieram atrás. Eu joguei ela dentro do quartinho e, antes que eu pudesse reagir, ela avançou e veio com tudo pra cima de mim, me batendo. Eu segurei os dois braços dela e encostei ela na parede.
— se liga na tua responsa. Se tu me der mais um papo, eu vou cortar tua mão fora, rapa. Não era nem pra tu tá aqui dentro do meu morro. Ninguém me avisou que tu tinha entrado junto com a minha mãe, porque se tivessem me avisado, eu tinha mandado te jogar do lado de fora.
Alexandra: eu também não quero ficar na droga do seu morro. Eu quero meu filho de volta e eu vou sair daqui com ele.
Beatriz: MEU FILHO!
Alexandra: hahaha. Nem no seu sonho. Eu acho que você não consegue engravidar, né? Porque não é possível ser tão obcecada pelo filho dos outros assim.
A Beatriz tentou avançar nela, mas eu entrei na frente pra não brigarem de novo. A Beatriz olhou pra minha cara, deu um sorrisinho e falou:
Beatriz: tudo bem, Alexandra. Você venceu. Você quer o seu filho de volta? Tudo bem. Mas você vai ter que fazer uma coisinha pro Panda. O Panda tem que recuperar a carga que você perdeu há dois anos atrás. Até hoje o morro vive com esse furo. Então, se você quiser seu filho de volta, você vai ter que recuperar a carga que ele perdeu no dia que você entregou ele pra polícia.
Alexandra: eu não entreguei ninguém, sua V.agabunda! Aquilo foi uma armação! — ela gritou, tentando ir pra cima da Beatriz, mas eu não deixei.
Panda: é isso mesmo que a minha mulher tá falando. Se você quiser chegar perto do meu filho, se você quiser conviver com ele, se você quiser ele de volta, você vai ter que devolver a minha carga.
Alexandra: eu não tenho esse dinheiro e você sabe muito bem disso. Você sabe que eu não tenho esse dinheiro! Eu tava há dois anos atrás das grades! Eu vou tirar esse dinheiro da onde? Do seu r**o, seu filho da P.ut.a?!
Panda: claro que não, meu bem. É claro que eu não ia te dar uma solução sem ter as informações que você precisa. Você sabe quem é o Voraz, não sabe? Ele é o chefe da minha facção e ele tá no Antares, que fica em Santa Cruz. E ele vai receber uma carga super valiosa, e essa carga vai pagar tudo que você me deve. Só que você vai ter que roubar ela dele e trazer pra mim. E você não pode deixar ele te pegar e falar que fui eu, porque senão ele vai me matar.
Ela me encarou desacreditada e a Beatriz deu um sorrisinho de lado. A minha mãe me olhou da mesma forma que a Alexandra, mas eu não liguei. A minha mãe já tá se metendo demais nos meus assuntos.
Alexandra: você sabe que ele é perigoso, você sabe que ele é sanguinário! Você tá me mandando pra morte! Você sabe que eu não vou conseguir roubar uma carga dele sem ele me pegar! E se ele me pegar, ele vai acabar com a minha vida, Pedro! Pelo amor de Deus, não faz isso comigo! Eu só quero conviver com o meu filho!
Beatriz: pra conviver com seu filho, você tem que estar limpa. Pra ficar limpa, você tem que trazer essa carga pra cá. Eu não sei como você vai fazer, mas se você quiser desistir é só você ir embora. Se você quiser, eu te dou uns trocadinhos pra você conseguir recomeçar. Não vai fazer falta. Nós temos muito dinheiro. E eu cuido do meu filho muito bem. Você não precisa se preocupar. Ele não precisa de uma mãe que nem você. De uma traidora.
Alexandra passou por mim e agarrou no cabelo da Beatriz. Ela mandou a Beatriz na parede. Quando a Beatriz bateu, ela caiu no chão. Ela tentou ir pra cima dela, mas eu segurei a Alexandra e falei:
Panda: se você tocar na minha mulher de novo, eu juro que eu te mato. Eu juro que você não vai ter chance nenhuma de recuperar o nosso filho. Você não vai ter chance de nada, entendeu? Ou você rouba a carga do Voraz, ou você mete o pé daqui.
Pela primeira vez desde que eu coloquei os olhos na Alexandra, eu vi lágrimas. Mas ela não deixou elas escorrerem. Ela apenas me encarou e disse:
Alexandra: e quem garante que você vai cumprir a sua palavra? Até porque o que você fala não se escreve. Até porque você falava que me amava, e agora enfiou esse amor que você sentia por mim no c.u e ainda quer ficar com o meu filho pra essa P.ut.a criar! Mas isso não vai acontecer. A sua sorte é que eu não tenho uma arma, porque se eu tivesse uma arma eu ia meter bala em vocês dois. A sua mãe ia ter que fazer DNA pra poder reconhecer o seu corpo.
Panda: tu tá muito abusada, né? — falei, segurando o rosto dela com força. Só que, quando eu ia empurrar ela na parede, a minha mãe veio pra cima de mim, me batendo, tá ligado? Que nem um bicho.
Patrícia: NÃO TOCA NELA!
Panda: eu já te dei a tua missão, Alexandra. Agora mete o pé do meu morro. Só volta aqui se tu conseguir a carga. Se tu não conseguir, nem precisa voltar. Eu vou avisar os vapores pra não deixarem tu entrar. E outra coisa: a carga chega nesta madrugada. Então é melhor você correr, senão você não vai conseguir roubar o Voraz a tempo. E aí você nunca vai colocar os olhos no seu filho pessoalmente.
Ela não respondeu nada. Apenas virou e saiu. E a minha mãe foi atrás dela.
Beatriz: você vai mesmo entregar o nosso filho pra ela?
Panda: o Voraz vai fazer pedacinhos dela. Ela não vai voltar pra infernizar a nossa vida.