01
BRIAN NARRANDO
Olho para meu relógio e vejo que já são seis e vinte da tarde. Estou começando a ficar irritado, tenho mais o que fazer e não posso perder tempo. A garota morena de cabelos cacheados entrou no restaurante onde combinei com ela, no centro de Dublin, Irlanda. Ela é uma típica irlandesa: Olhos azuis, cabelos ruivos e enrolados, sardas no rosto e uma estatura média. Uma mulher bonita, da qual eu adoraria passar algumas horas na cama se não estivesse tão ocupado.
— Senhor, Ahn... Quinn? — Ergui as sobrancelhas.
— Não pesquisou como falar meu sobrenome para a entrevista? — Disse, a olhando diretamente nos olhos. Ela engoliu seco.
— Desculpe, eu procurei, mas encontrei essa pronúncia e me senti insegura e... — Girei meus olhos.
— Que seja. Sente-se. — Ela sorriu sem graça e puxou a cadeira, se sentando à minha frente. — Então, seu nome é Briana Kennedy, tem vinte e três anos, família toda irlandesa... Estudou engenharia. Teve dois namorados e fez um aborto.
— Como você sabe do meu aborto? — Ela arregalou os olhos.
— Você sabe os riscos que você correrá nesse trabalho? — Eu a olhava de forma firme e bastante apática. Ela engoliu seco mais uma vez e teve que umedecer os lábios.
— Olha, eu sei, mas eu quero saber como você sabe que eu fiz um aborto, porque isso me perturbou para c*****o! Nem meu ex-namorado sabe! — Disse, indignada.
— Eu puxei seu histórico médico. — Menti. Não há nada no histórico médico dela além de alguns exames de sangue e uma fratura no braço. O que consegui sobre o aborto foi de um jeito... Nada convencional. — Sabe como funciona esse trabalho? Olhou todos os requisitos?
— Confesso que não prestei muita atenção... — p***a.
— Resumindo, você moraria comigo durante um ano. Um ano da sua vida é meu, por vinte e cinco mil euros no mês. Você será minha esposa, irá em todos os eventos comigo, e em exatos doze meses, está livre para ir embora. Se você quiser sair de perto de mim, visitar alguém ou qualquer coisa fora da minha mansão, terá que pedir autorização e irá com um segurança. E, tem alguns riscos envolvidos como entrar algum inimigo na minha casa e matar todo mundo. — Eu queria botar medo nela. Se persistir, talvez seja uma opção considerável.
— Tá, certo. Olha, eu sei dos riscos. Vinte e cinco mil euros por mês é realmente muita coisa e seria uma excelente oportunidade para mim. — Concordei com a cabeça e respirei fundo. A garçonete do local, muito bonita por sinal, finalmente trouxe meu uísque.
— Vai fazer o que com o dinheiro? — Questionei.
— Juntar e viajar. Talvez comprar um carro legal... — Fútil. Eu não gosto de mulheres fúteis. p***a, eu entrevistei seis garotas e todas elas são exatamente iguais.
Talvez pelo fato de eu estar querendo pagá-las para serem minhas esposas por um ano. E eu preciso encontrar logo uma esposa, ou não vão me deixar assumir de uma vez o meu cargo na máfia irlandesa.
— Eu te ligo daqui alguns dias com minha decisão. Pode ir embora. — Ela sorriu e concordou com a cabeça. Mas, antes de levantar, colocou a mão em cima da minha e me olhou nos olhos.
— Eu não vou ser apenas uma esposa de mentira. Eu posso fazer por você muito mais do que você imagina. — E aí, levantou e piscou um dos olhos, indo embora logo em seguida.
Igual a todas as outras. Irá abrir a boca se for sequestrada e ver algo diferente dentro da minha casa. Raramente acontece, mas pode acontecer. É por isso que pagarei caro. Por isso que farei seja lá quem for, assinar contratos de não-divulgação de qualquer que seja a coisa que ver lá. E, é por isso que eu estou procurando tanto e não encontro.
— Oi, senhor Quinn, certo? — A atendente falou meu nome certo e eu virei meu olhar para ela, enquanto tomava meu uísque. — Desculpa a intromissão, mas eu ouvi a conversa de você com a mocinha ali. — Curiosa. Gosto disso em uma mulher, por mais que seja perigoso.
— Sente-se, hm... — Olhei para o pequeno bottom com o nome dela. — Louise. Bonito nome.
— Obrigada. — Ela se sentou, parecendo confiante. — Eu ouvi o que você quer. Uma esposa contratada, fiel, que fique ao seu lado para exibir para os amigos... — Ela respirou fundo. — E se o pré-requisito é não ter medo, eu já digo que não tenho. Vim fugida do de um dos morros mais perigosos do Brasil, junto com minha mãe brasileira e meu pai que é irlandês.
— Eu acho que você não entendeu direito, boneca. Você será meu troféu em lugares muito piores do que encontros de amigos. E com gente muito perigosa. — Ela deu os ombros.
— Não dou a mínima. Feche negócio comigo. Você não vai se arrepender. — Eu inclinei o corpo para trás, enquanto mexia no copo de uísque com a mão e observava a tal da Louise.
Ela é uma mulher linda. Cabelo longo, quase até a cintura. Está trançado por ser atendente de um restaurante caríssimo. Mesmo com o uniforme do restaurante, dá pra ver que suas curvas são perfeitas. Seus lábios são carnudos, maxilar levemente marcado e olhos castanhos expressivos. É uma mulher que com certeza serviria. Seria um prazer vê-la em um vestido de seda vermelho... E depois tirá-lo.
— Como você vai usar esse dinheiro? — Ela respirou fundo, e novamente, respondeu com convicção.
— Eu vou pagar o tratamento de câncer da minha mãe. Se você quiser fazer qualquer pesquisa que seja, irá encontrar minha mãe. Ela está no hospital central internada.
— Por que você acha que devo escolher você, e não a outra garota que estava aqui? — Quero saber se ela tem uma resposta. Ela soltou uma risada anasalada, colocou os braços por cima da mesa e se inclinou o suficiente para chegar com o rosto bem próximo do meu.
— Porque eu não quero você. Eu quero seu dinheiro. E se tudo sair conforme o planejado pra você, sairá tudo conforme o planejado pra mim. Você tem a esposa de mentira, eu tenho o dinheiro. — Concordei com a cabeça.
— Eu te ligo quando tomar uma decisão.
— Quer meu telefone? — Olhei para ela com um sorriso irônico.
— Acha que não consigo seu telefone? — Ela se levantou e deu os ombros.
— Então se vire. Eu sou sua melhor opção, saiba disso. — Concluiu, sorriu e saiu andando.
Ela parece minha melhor opção. Mas antes, preciso fazer uma pequena pesquisa sobre ela.