Capítulo 1
Milena correu em direção ao ônibus, que não a esperou, ela voltou para o ponto praguejando, estava na integração do bilhete único, e se outro ônibus não passasse em dez minutos teria de pagar mais uma condução.
— Mas que grande m***a! — mordeu o lábio inferior enquanto esfregava as mãos no rosto.
A mulher de estatura mediana e intensos olhos castanhos, estava visivelmente nervosa, primeiro porque começara o dia numa discussão com a mãe, dona Regina estava aflita quanto ao crescimento profissional, e para a mãe tudo começava nas roupas de Milena, que eram um grande problema, julgava que seus jeans surrado e desbotado e seu All Star preto cano baixo, coisas de adolescente, só que para Milena roupas tinham que ter apenas uma qualidade, conforto, talvez se soubesse que naquele dia conheceria um grande amor, concordasse com a mãe e se arrumado a altura, provavelmente não teria corrido, evitando assim que a pele branca ficasse avermelhada e com ar de cansada, evitado o suor feminino provocado pela corrida e teria se protegido do escaldante calor paulistano, e talvez até arrumasse os cabelos loiros estavam desgrenhados desde sempre.
Milena era irremediavelmente despenteada, no auge de seus vinte e nove anos a vida era correria para a jovem desempregada, que passava os dias lutando por um trabalho para concluir a faculdade de TI com dignidade, mesmo aquela carreira não sendo a praia dela como sempre afirmava, no entanto foi para ela que ganhara uma bolsa de cinquenta por cento, e como não sabia o que queria da vida, ficou por ali mesmo.
Por um milagre divino, alguns chamariam destino, outro ônibus veio na sequência e Milena conseguiu embarcar, está certo que o veículo estava lotado, o que não era novidade para a jovem que se espremeu por entre as pessoas, procurando um lugar perto da porta que dava acesso a saída, era o primeiro dia do estagio e pra variar ela chegaria atrasada.
Por outro milagre conseguiu desembarcar cinco minutos antes do horário previsto, e pode contemplar o edifício Camargo Moreira, o maior centro comercial da cidade de São Paulo, o reflexo do céu azul que cobria a Marginal Tietê, emprestava toda uma coloração para o prédio, Milena entrou de certa forma orgulhosa, se conseguisse se efetivar nesse emprego, a jovem que até ali era a preocupação dos pais, passaria a ser o orgulho.
O porteiro lhe deu acesso ao prédio e lhe informou que ela devia ir ao vigésimo terceiro andar, por ironia do destino esqueceu-se de avisar a moça que um dos elevadores era exclusivo para o presidente, que nada mais era que o filho do dono que detestava se misturar aos seus subordinados, e Milena com toda a sorte do mundo pegou o único que não poderia entrar, o elevador exclusivo do CEO, a loira entrou e reparou nos detalhes caros do seu veículo temporário, o porteiro ainda tentou avisar, porém já era tarde, a porta se fechou e o mecanismo iniciou sua subida, a mulher estranhou o fato de ninguém entrar, o prédio era muito grande e trabalhavam quase mil pessoas, no sexto andar a maquina parou, e entrou um homem alto, magro, loiro de olhos verdes aparentando ter mais ou menos a mesma idade que a sua, ele falava ao celular quando a porta fechou, só então notou Milena.
—Você é?— perguntou ele com ar desacreditado.
— Milena— ela parou de roer as unhas e estendeu a mão direita — Sou nova aqui.
— Imagino que sim— disse ele deixando a mão dela em suspenso no ar.
— Nossa como você é m*l-educado, eu te dei a mão não sou leprosa, nem tenho uma doença contagiosa não.
— Que?— o rapaz desligou o celular, e meneou a cabeça como quem estivesse muito surpreso com tamanha audácia.
— Você desligou na cara de quem tava falando com você, nossa que esnobe.
— Milena, em qual andar você vai descer?
— Por que eu deveria te responder? Olha só vou falar porque ao contrário de você, tenho educação — ela respirou fundo — Vou ao vigésimo terceiro
— Entrando ou saindo da empresa? — pela primeira vez o rapaz prestou atenção.
— Entrando, ralei muito por essa vaga o Grupo Camargo Almeida é muito concorrido!
— Eu sei, e você veio vestida assim? Antigamente se tentava impressionar os patrões....
— Olha, você deve ser um dos grandes daqui, mas eu preciso ser honesta, não trabalho por esporte, e não tenho grana como você, então não posso me arrumar feito um pavão — algo dentro dela gritava que ela estava perdendo sua grande chance, mas a língua não obedecia. — Mas olha você veio todo bonito elegante e cheiroso, mas deixou uma pessoa de mão estendida, prova que você é m*l criado.
— m*l criado, eu? — ele riu gostosamente.
— Sim, você — O elevador se abriu ele saiu na frente, mas a esperou na porta as dez pessoas que estavam no lugar ficaram de boca aberta ao vê-la entrar.
Milena parou na frente do guichê do RH seu companheiro parou junto, a mocinha que estava tomando nota dos documentos levantou a cabeça e o cumprimentou, antes de falar qualquer coisa.
— Bom dia senhor Camargo Almeida.
A moça pela primeira vez reparou no corte italiano do terno do rapaz, e certamente aquele perfume não era nada barato, os olhos azuis eram muito próximos um do outro, as sobrancelhas castanhas e bastas, ele a encarou, notando as sardas em volta do nariz empinado dela os olhos eram de um castanho claro e o cabelo claro lhe davam um ar feminino em meia a forma precária que ela se vestia.
— Qual era o seu departamento? Por que é obvio que você não conseguiria manter um cargo aqui....
— Era? Você é mesmo muito petulante, sabe seu.... Qual mesmo seu nome?
— Não que você mereça saber meu nome é Miguel.... Miguel Camargo Almeida.
— Grande coisa, quer saber eu não preciso desse emprego.... — a loira deu de ombros, virando as costas e entrando novamente no elevador privativo
— Oh menina este elevador é exclusivamente meu.
— O problema também é....
Ela entrou e apertou o térreo, Miguel segurou a porta com o pé e enfiou-se no elevador, ele a encarava abertamente, enquanto Milena só pensava que esquecera os documentos na mesa do RH, porém não queria demonstrar incompetência diante da arrogância do rapaz que teria sido seu chefe.
— Você é muito atrevida mocinha, teria grandes chances aqui, mas infelizmente pegou meu elevador, da primeira vez sei que foi um engano, mas agora quis mostrar que é do mesmo nível que eu, e Milena isto é algo que não te pertence....
A loira olhou nos olhos dele, e riu com visível deboche.
— Miguel — ela olhou no fundo de seus olhos — Só não lhe mandarei ir a m***a porque sou uma mulher muito bem educada, e antes que você abra essa boca imensa, pobre também tem educação e você devia saber que não pode tratar os outros como se tivesse o rei na barriga.
O jovem presidente parou o elevador usando o botão de emergência, e a encarou, Milena olhou pra ele com deboche:
— Vai me trancar aqui? Abra eu tenho aula hoje e ao contrario de você, tenho que me sustentar, nasci pobre....
— Menina eu faço isso aqui girar— disse ele fazendo um circulo com o dedo indicador.
— Abra, por favor, quero ir embora. Pouco me importa o que gira a sua volta, eu não giro! Nem todo mundo se vende, acha que seu dedo erguido e seu olhar de poder me intimida? Não, você é só mais um canalha.
Aquelas palavras o abalaram, a loira a sua frente era um desafio, então em um minuto de loucura insana, tomou a decisão mais improvável de todas:
— Eu abro Milena, mas você vai jurar que vamos dar uma volta e vai deixar eu te pagar um almoço, não admito que mulher nenhuma saia da minha vida me julgando um canalha sem eu ter realmente dado um motivo, vou te mostrar que não sou apenas um playboy mimado, topa?
— E depois eu nunca mais terei de te aturar? — ela mordeu o lábio inferior enquanto o analisava.
— Só vai aturar o que quiser aturar.
— Sendo assim.... Eu topo, mas não pense que eu vou mudar de opinião por causa de um rango caro.
— Rango? — Miguel riu diante daquela gíria tão antiquada .
— Sim, vai muito mais que comida para me comprar — Milena olhou para o executivo, era um homem bonito, e não podia negar que era cheiroso, se fosse menos arrogante era possível que a loira visse mais qualidades nele.
Miguel apertou o botão, o elevador desceu sem percalços, o jovem tomou a frente, Milena veio atrás de cabeça baixa reparando que desta vez não descera na portaria que entrara, era um espaço largo cheio de carros de luxo, ele parou em frente a uma Ferrari F12 vermelha, a moça fingiu não notar o design do carro, ela entrou e em dez minutos estavam no JK Iguatemi, shopping de classe alta em São Paulo, Miguel abriu a porta do carro como um cavalheiro e a loira desceu, o lugar estava quase vazio, pela primeira vez Milena viu roupas originais que antes só via em barracas de camelô na vinte e cinco de março, comeram em um restaurante fino, volta e meia ele lhe explicava qual talher usar. Parecia estar se divertindo na companhia da jovem.
— Você bebe comigo?— perguntou rindo, ela parecia uma garotinha muito tímida, porém acenou positivamente, Miguel então pediu o melhor da vasta carta de vinhos do lugar — Posso sentar mais próximo de você? — foi se achegando e afrouxando a gravata.
— Não sou de beber muito.
— Nem eu, se ficarmos bêbados eles nos colocam pra dormir lá fora — Milena podia jurar que ele estava flertando com ela, e isso fez um fio de excitação subir-lhe a espinha.
O vinho veio secaram uma garrafa, assim como uma de vodca e de saquê.
Ficaram alegres e riam por qualquer coisa, às vezes tocavam-se e demoravam um segundo a mais que o necessário, beijaram-se e então ele pediu a conta e um táxi.
— Não posso dirigir bela Milena, mas digamos que se eu te chamasse pra um motel?
— Digamos que eu iria.
— Mesmo? Vamos então!
O táxi estava na porta ele deu ordens ao motorista que lhes deixasse no motel mais próximo, assim que chegaram ao quarto Miguel a atacou. Despiu Milena revelando cada pedaço de seu copo e o beijando em seguida.
— Teimosa, gostosa eu te quis assim que você me encarou naquele elevador — disse afundando nos cabelos dela, beijaram-se por um longo tempo assim, a loira completamente nua, ele inteiramente vestido, o rapaz a levou para a cama e encaixou-se no copo da moça que podia sentir o seu m****o duro através da calça social que ele usava, o corpo dela pedia pelo dele.
Milena a começou a despi-lo os corpos nus se encaixando em um vai e vem que quase a matou antes de chegar ao êxtase. Foi intenso e muito rápido, ficaram abraçados nus ainda bêbados e assim adormeceram. Miguel acordou primeiro, ele olhou cada detalhe da mulher nua estendida ao seu lado, os pés brancos e suas unhas pintadas de preto, as panturrilhas bem torneadas, coxas grossas, o p***s liso, a barriga achatada, a cintura fina, os s***s firmes, as saboneteiras proeminentes o pescoço enfeitado por uma corrente dourada assim como os cabelos que lhe caiam por sobre as costas, a pele dela estava arrepiada, e por isso ele a cobriu, ela lentamente abriu os olhos castanhos olharam diretamente nos seus, e aquilo lhe provocou um frio na barriga, foi um impulso que o levou a f********o com aquela moça, no entanto ele gostara, não só pelo ato em si, a rebeldia nos olhos dela era um afrodisíaco.
— Meu Deus estou nua. — Milena foi corando e afundando-se nos lençóis brancos — Eu nunca fiz isso.
E ao falar Milena notou o olhar de dúvida dele, ela agora era uma mulher que fazia s**o casual com estranhos, teve que se segurar pra não chorar. Ele a abraçou quando notou a expressão triste em seu rosto.
— Ei! Fica assim não, pensa começamos o dia como inimigos em potencial, almoçamos como amigos, e neste momento você é a única mulher no mundo com a qual eu queria estar — Aquilo era mais real do que ele pensava, ou desejava.
Ela devolveu o abraço os s***s colados no tórax dele, beijaram-se e fizeram s**o novamente, desta vez com calma e sóbrios, ele beijou cada centímetro do corpo dela fazendo-a delirar, quebrando cada pudor que se instalara na soneca breve que ela tirara, Milena era de Miguel, Miguel era de Milena.
Transaram por incontáveis vezes até o celular da moça tocar:
— Meu Deus eu tenho uma prova — ela levantou-se, saiu correndo para o banheiro e pelo barulho, tomou uma chuveirada, voltou ao quarto com os cabelos molhados e começou a vestir suas roupas com rapidez, o jovem CEO estava mais do que e******o, sabia que a ereção que se pronunciava por entre os lençóis era fácil de se resolver, o difícil era o encantamento que o prendia deitado ali, curtindo aquele strip-tease ao contrário.
— Onde eu pego ônibus para o centro? — Miguel piscou algumas vezes até notar que estava embasbacado.
— Milena eu te levo, lembrei, estou sem o carro, mesmo assim, me espere, vou me trocar e a gente pega um táxi, será rápido.
O rapaz vestiu-se rapidamente enquanto Milena observava o tronco másculo, pediu o táxi pelo interfone, desceram aos beijos Miguel a colocou no carro e pediu que o motorista o esperasse, a moça ficou lá pensando o que o motorista pensaria dela. E de repente estava rindo, afinal, ela nunca ligara para o que os outros pensavam.
Miguel não demorou a entrar no táxi e foram abraçados até a porta da faculdade, quando chegaram o CEO fez sinal para o motorista aguardar mais um pouco, desceu junto com Milena, a abraçou e a beijou com tanta vontade que por um momento ela quis m***r a aula e voltar para o motel.
— Linda — disse com voz rouca
Deu mais um selinho no canto da boca dela entrou no táxi que saiu rapidamente, naquele momento Milena se sentiu incompleta, como nunca antes. E também um cadinho infeliz.