KEYLA
Meu corpo era um campo de batalha e a p***a da guerra tava toda dentro de mim. Aquele corredor escuro da casa do Ben não era um lugar, era um estado de espírito, um buraco n***o que tinha me sugado e cuspido de volta outra.
Como é que um calor daquele, que fazia o suor escorrer frio pelas minhas costas, podia existir? Era uma contradição do c*****o, igual a tudo que envolvia aquele garoto.
Quando ele deu aquele passo pra frente, fechando o espaço, o cheio dele – água, sabonete masculino caro e pura testosterona – tinha invadido meus pulmões.
Minhas pernas simplesmente derreteram, ficaram moles que nem gelatina. Só o instinto de sobrevivência, aquele que a gente desenvolve morando aqui, me salvou de fazer uma merda colossal. Eu saí dali mais rápido do que entrei, o coração batendo tão forte que eu achava que ia pular pela boca fora.
Os vapô na rua estranharam.
— Tudo beleza, dona Keyla? Tá branca que nem papel! — um deles gritou.
Eu só acenei, um gesto mecânico, e continuei andando, quase correndo. A mente deles devia ter ido pro pior: treta, ameaça, notícia r**m do Eduardo. Nenhum deles podia imaginar que a ameaça, a notícia r**m, tava dentro de mim, em forma de um t***o proibido que eu não sentia há uma década.
Não conseguia tirar a sensação da cabeça. A mão grudada no peito molhado dele, o choque, a dureza dos músculos sob a pele lisa. E o pior: a minha bucetinha, aquela traidora, estava totalmente encharcada. O calor entre as pernas era real, pulsante, uma humilhação íntima que me fazia andar torta. A minha i********e tinha virado campo minado úmido, e eu odiava e amava aquela sensação ao mesmo tempo.
Mas era errado.
Puta que pariu, era tão errado.
Eu sou uma mulher casada.
Meu marido tá preso, mas tá vivo.
E o Ben… o Ben tem a mesma idade do meu filho. Dezoito anos. Um menino. Um menino com olhar de lobo e mãos de homem que fizeram um curto-circuito no meu sistema. A vergonha veio em ondas, quente e sufocante.
Cheguei em casa decidida. Um banho. Um banho gelado. Ia lavar aquela loucura toda, esfriar a cabeça e o corpo. Abri a porta, ainda ofegante, e quase colidi com o Douglas no corredor.
— Mãe? Onde cê foi essa hora? — ele perguntou, a voz carregada de uma desconfiança que não era comum nele.
Os olhos dele, tão parecidos com os meus, me escanearam.
O susto fez eu gaguejar.
— Eu… eu fui atrás de você. Na casa do Ben. Você disse que ia lá.
A expressão dele mudou da desconfiança para um sorriso maroto, daqueles que me deixavam com o pé atrás.
— Ah, é? No caminho, esbarrei numa gatinha, dessas novinhas, tá ligado? A gente foi pro canto conversar um pouco… demorou mais do que eu pensei. Uma rapidinha, leve e satisfatória. — ele riu, um som de menino que se acha o tal.
O alívio por ele não ter estado na casa do Ben naquela hora exata foi tão grande que quase me derrubou, seguido de um nojo instantâneo pelo que ele tinha feito.
— Douglas, pelo amor de Deus… — comecei, esfregando o rosto, cansada.
— Ah, para, mãe. — ele cortou, rindo mais alto. — Cê prefere que eu seja que nem o Ben, é? O bonzão, o chefe, o virjão?
O mundo parou.
O barulho da rua, a TV ligada no outro cômodo, a minha própria respiração.
Tudo silenciou.
Só ficou a palavra ecoando na minha cabeça, grotesca e impossível.
— O… o quê? — eu sussurrei, sentindo o rosto pegar fogo num segundo.
Uma onda de calor tão intensa que deixou a do corredor parecendo brisa de inverno.
— É! — Douglas disse, como se estivesse contando a fofoca mais suculenta do morro. — O Ben ainda é virgem! O cara é o rei da p***a toda, tem mina se jogando pra ele todo dia, e o maluco nunca comeu ninguém. Dizem que é por causa da ex, a Luana, que ele era louco por ela. Que ele fez uma promessa, mas ela foi embora e até hoje não quebrou. Que viagem, né? Eu não tankava.
Virgem.
Ainda é virgem.
A mente repetia as palavras como um disco arranhado. Não fazia sentido. Aquele corpo, aquela atitude, aquele… fogo que emanava dele. Como um homem daqueles, com aquele poder, podia ser…? A informação era um terremoto, rearrumando tudo que eu pensava que sabia sobre ele.
A promessa com a ex não era só uma história, era real. E de repente, a intensidade daquele olhar, aquele desejo cru no corredor, ganhou uma nova camada. Não era só t***o de homem. Era a fome de um homem que nunca tinha saciado o desejo.
— Isso não é da sua conta, Douglas — consegui dizer, a voz embargada. — E para de ficar espalhando a vida dos outros. — Virei as costas e me retirei pro banheiro, precisando daquela água fria mais do que nunca.
O banho foi rápido e inútil.
A água gelada batendo na pele, mas não conseguia penetrar o calor que vinha de dentro. Deitei na cama, o corpo tenso, a mente um turbilhão.
Ben.
Virgem.
Peito molhado.
Choque.
Olhar vazio cheio de fogo.
A palavra "virgem" era um fantasma dançando na escuridão do meu quarto.
Eu estava no corredor escuro de novo. Mas desta vez, não houve fuga. A respiração quente do Ben chegou na minha nuca primeiro, um sopro que fez cada fio de cabelo do meu corpo arrepiar.
Ele estava atrás de mim, o torso nu, a pele ainda úmida do banho, as gotas escorrendo pelos contornos dos músculos das costas. A toalha branca, estava enrolada na cintura dele, mas eu conseguia sentir a ereção dura, quente, roçando levemente nas minhas costas, através do tecido do meu vestido.
Não havia palavras.
Só o som da respiração ofegante da gente, mais alta que qualquer funk. Eu me virei devagar, encarando aquele peito, sem coragem de olhar nos olhos dele. As mãos dele, aquelas mãos calejadas, subiram pelos meus braços, devagar, como se estivessem decorando o caminho. Um calafrio percorreu toda a minha espinha.
E então, sem saber como, eu estava de joelhos. O piso do chão era frio e áspero contra os meus joelhos, um contraste brutal com o inferno que era o resto do meu corpo.
A altura era perfeita.
Minhas mãos tremeram quando se aproximaram do nó da toalha na cintura dele. Ele não fez nada para me impedir. Só olhava para baixo, e eu sentia o peso desse olhar, mesmo sem enxergar direito.
Eu puxei a toalha. Ela caiu no chão, um pano branco no escuro.
Eu não olhei. Fechei os olhos. Em vez disso, eu me inclinei para a frente. E senti. O toque macio dos pelos pubianos no meu rosto. O cheiro limpo, masculino, intenso. O calor, um calor radiante, pulsante. E então, o gosto.
Salgado, limpo, puramente ele.
Eu o levei à boca, e os gemidos que saíram dele não eram de menino. Eram de homem. Baixos, guturais, cheios de uma surpresa e um prazer brutal, que ecoavam no corredor estreito e me enchiam de um poder que eu nunca tinha sentido.
— Nossa Senhora!
Eu acabei sentada na cama, o grito preso na garganta. O quarto estava escuro, silencioso. Meu coração martelava as costelas. A respiração, um caos. E entre as minhas pernas… meu Deus.
Eu estava encharcada.
A calcinha totalmente molhada, e a minha bucetinha doía, pulsava com a memória fantasma do prazer, um eco do sonho. Uma vergonha profunda, quente, me lavou. Um sonho daqueles? Com o Ben? Comigo de joelhos pra ele?
A necessidade era física, urgente, inegável. A tensão dos últimos dias, o sonho, tudo tinha criado um nó de desejo no meu ventre que precisava ser desfeito. Com a mão ainda tremendo, enfiei a mão dentro da calcinha. Fechei os olhos, tentando não pensar nele, tentando pensar em qualquer outra coisa, mas era inútil.
Cada toque era a lembrança do sonho, cada suspiro era o gemido dele no meu ouvido. Gozei rápido, quase violentamente, um choque de prazer e culpa que me deixou ainda mais vazia.
Mais um banho gelado.
Desta vez, chorei no chuveiro. O que estava acontecendo comigo?
De manhã, me arrumei no piloto automático. Precisava de coisas no mercadinho. Arroz, sabão. Coisas normais para uma vida que não era mais normal. No mercadinho, o morro cheirava a pão fresco e café. Tentei me concentrar na lista, na fila.
Tentei ser a Keyla de sempre.
Até que uma presença grande e quente se posicionou atrás de mim na fila.
Eu não precisei virar.
Meu corpo já sabia.
Já estava todo em alerta, os pelos do braço se eriçando.
Ele se inclinou. O lábio quase tocou a orelha, e o sussurro, baixo e rouco, foi como uma chave ligando um motor dentro de mim.
— Tá usando o mesmo perfume do meu sonho.
A bolsinha, onde eu carregava o dinheiro do mês, escorregou dos meus dedos moles e bateu no chão de cimento, derramando notas e moedas.
Um desastre. Uma exposição.
E ele, o Ben, o rei, o virgem, não hesitou.
Se abaixou.
Na frente de todo mundo no mercadinho, ele se ajoelhou pra me ajudar a juntar minhas coisas. As mãos grandes e calejadas, aquelas que eu senti no sonho, recolheram as notas com uma delicadeza que não combinava com elas.
E então, ele olhou pra cima.
Os olhos vazios não estavam mais vazios. Estavam cheios de um fogo que eu conhecia, um fogo que tinha queimado no meu sonho. Ele me olhou de baixo para cima, de joelhos na minha frente, e o olhar dele não era de submissão.
Era de posse.
Era de adoração perigosa.
De joelhos na minha frente, ele me olhou como se eu fosse a dona do morro — e naquela hora, eu soube que estava perdida.
ESSE LIVRO É UM SPIN OFF DO MEU LIVRO: FILHA DO MEU PADRASTO
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