DOUGLAS
Acordei no meio da noite suando frio, o coração batendo que nem um tambor de escola de samba. Tive um pesadelo dos brabos.
A minha mãe e o Ben, juntos.
Não sei explicar direito, mas era eles dois se beijando, num canto escuro, e eu tentando gritar mas não saía som nenhum. Acordei assustado pra c*****o, com um mau pressentimento grudado na pele.
Não consegui mais dormir.
Fiquei revirando na cama, a mente a mil. Aí, comecei a relembrar cada detalhe do jantar de ontem. Os olhares que eles trocaram, rápidos, mas cheios de um segredo. O vinho que o Ben levou — o cara nem gosta de vinho! E a reação dele quando minha mãe falou da soltura do meu pai.
— Não quero o Matemático nesse morro.
Na hora, estranhei, mas agora, na calada da noite, a parada ficou mais clara. E mais sinistra.
O sol nem tinha nascido direito e eu já tava em pé, com uma pulga atrás da orelha que não me deixava em paz. Decidi dar uma investigada. O Ben já tinha saído, então eu fucei o quarto dele. O cara é organizado pra c*****o, tudo no lugar. Mas aí, vasculhando embaixo da mesinha de cabeceira, eu encontrei.
Um brinco.
Pequeno, dourado, simples.
Não era nada do estilo do Ben, claro. E desde que a Luana vazou, ele não ficou com ninguém. Até outro dia ele ainda era virgem, pelo que eu sabia. E agora tinha um brinco de mulher no quarto dele? Estranho pra c*****o.
Desci pra cozinha, onde a Dona Marta, a empregada, tava fazendo café. Ela é uma senhorinha gente boa, mas é fechada com as coisas do Ben.
— Oi, Dona Marta, tudo bem? — cheguei com o maior jeitinho. — O Ben tá bem animado esses dias, né? Trouxe alguma novinha aqui em casa?
Ela ficou toda assustada, virou a cara.
— Ai, Douglas, não posso falar das coisas do patrão, não.
— Ah, vem cá, Dona Marta, eu sou como um irmão pra ele! Só queria saber se finalmente perdeu o cabaço, pô! — insisti, com meu sorriso mais convincente.
Ela hesitou, mas caiu.
— Olha, outro dia eu vim limpar o quarto e tinha duas taças de vinho na mesinha, com resto de bebida. E no banheiro, uma calcinha... rasgada, em cima da pia. — Ela revelou meio horrorizada.
Uma calcinha rasgada.
Duas taças de vinho.
O brinco.
A ficha foi caindo, e uma pontada de traição começou a doer no meu peito. O maluco transou pela primeira vez e nem me contou? A gente sempre contou tudo um pro outro!
Lembrei da nossa infância, a gente na laje da casa dele, jurando ser irmãos pra sempre, que não tinha segredo entre a gente. E agora ele esconde uma parada dessa?
Fiquei chateado pra c*****o.
Não era ciúme, era... sei lá.
Era a sensação de que alguma coisa tinha quebrado.
Precisava extravasar.
Saí de casa e fui pro QG.
No caminho, esbarrei na Dayana, indo pra escola. Uma novinha linda da p***a, morena, uns olhos verdes que eram lindos, e cheia de cachinhos. Ela me olhou com aquele olhar de "me come", e eu, cheio de raiva e confusão, puxei ela pra um beco tranquilo.
Não teve papo.
Apertei ela contra a parede e beijei com uma fúria que não era só t***o. Era raiva. Raiva do Ben, da situação toda. A gente se pegou pesado, e eu não perdi tempo. Abri meu zíper da bermuda e abaixei um pouquinho a legging dela, a virei de costas e meti com força.
Foi rápido, selvagem.
Ela gemeu, e eu virei ela, coloquei ela de joelhos e gozei na boca dela sem nem pensar duas vezes. Ela engasgou, mas nem liguei. Só queria esquecer a desconfiança que tava me corroendo por dentro.
A noite chegou, e eu ainda tava com a cabeça a mil.
Aí, o Ben manda mensagem.
📲 Ben: Mano leva meu Audi na oficina do Magrão, precisa trocar os filtros do ar e o óleo da direção, faz esse favor.
Um favor.
Claro.
Irmão é pra essas coisas, né? Mesmo com a pulga atrás da orelha, fui até a garagem dele. Peguei a chave, entrei no Audi. O carro cheirava a novo, a limpeza. Liguei o motor, e foi quando vi. No chão do passageiro, alguma coisa brilhou. Me inclinei e peguei. Era uma pulseira. Dourada, fina, com um pequeno coração.
Meu sangue gelou.
Era a pulseira que eu tinha dado pra minha mãe no aniversário dela ano passado. Ela usava todo santo dia.
Que p***a a pulseira da minha mãe tava fazendo no carro do Ben?