O baú

1127 Words
— Amor, a chave não está mais aqui. Ela estava escondida aqui! Por que não está mais aqui? — disse, demonstrando nervosismo e ansiedade. — Calma, amor. Vamos procurar. Eles devem ter trocado a chave de lugar depois que você a encontrou — respondeu Evan, tentando me acalmar. As palavras de Evan me acalmaram um pouco, e logo comecei a procurar a chave. Como planejado, ele permaneceu na porta do quarto, observando com cuidado. Revisei todos os quadros e nada da chave; examinei gavetas e caixas, mas a chave também não estava lá. Tirei minha sapatilha, pois estava apertando meus pés inchados pela gravidez. Com os pés livres, continuei a busca. Olhei por tudo e nada. Até que, ao pisar no tapete ao lado da cama, senti algo diferente; parecia haver algo oco ali. Removi o tapete com dificuldade devido à minha barriga e, ao fazê-lo, descobri um compartimento escondido no chão, um pequeno quadrado que parecia se abrir. — Amor, vem cá! Veja se a chave está aí para mim! — chamei Evan. Rapidamente, Evan se aproximou, abriu o compartimento e, de fato, a chave estava lá. Suspirei aliviada ao receber a chave. Com ela em mãos, fui até o baú e me preparei para abri-lo. O coração acelerado e a mente focada, cada som e movimento foram calculados com cuidado. A tensão era palpável, mas a esperança de encontrar respostas nos impulsionava. Finalmente, conseguimos abrir o baú. O que encontramos dentro foi um misto de confusão e choque. O conteúdo desafiava tudo o que eu havia imaginado e lançava uma nova luz sobre os mistérios que cercavam minha família. O segredo que o baú continha poderia mudar a forma como eu via minha própria história e as pessoas ao meu redor, além de deixar-me confusa e cheia de novas dúvidas. Dentro do baú, havia roupas de criança, aparentemente de 4 anos, e algumas fotos. Entre as fotos, havia uma de um casal que eu nunca havia visto antes. Na imagem, a mulher estava com um bebê no colo, que parecia ter cerca de 4 anos, e minha irmã estava ao lado deles, segurando a mão do homem. Ela parecia ter a mesma idade que minha irmã tinha quando morreu, de acordo com o que minha mãe dizia. Mas havia algo que eu precisava entender: quem era esse casal? Por que minha irmã estava com eles? Quem era essa criança no colo da mulher? Ao virar a foto, observei que atrás estava escrito "Suri e Lúcia com sua família". Nesse momento, congelei. Lúcia era o nome de minha irmã e era ela na foto. Suri era o nome da garota desaparecida que tanto aparecia nos jornais. Quem era Suri? Por que ela fazia parte da família da minha irmã? Essa confusão estava me enlouquecendo. Eu precisava entender a verdade agora mesmo e esclarecer tudo isso que me assombra. Achei que minha vida era tranquila até agora. Continuando a olhar, vi um vestidinho vermelho com girassóis, que era exatamente o mesmo que eu usava naquele pesadelo tão estranho. Enquanto eu examinava o conteúdo do baú, o som de pneus chiando e portas batendo alertou-me para a chegada inesperada de minha mãe e meu padrasto. O coração disparou e a adrenalina tomou conta de mim. — Evan, eles chegaram! — sussurrei desesperada, vendo-o se aproximar apressado. — Precisamos sair daqui! Com um pânico contido, Evan e eu nos dirigimos rapidamente para a saída. No tumulto, o baú ficou aberto, com o conteúdo espalhado pelo chão. A visão do baú revirado e do material espalhado deixou a certeza de que alguém havia estado ali, e a pressão de ter que esconder o que descobrimos nos deixou ainda mais tensos. Evan correu para me ajudar a sair pela porta dos fundos, mas foi evidente que a pressa e o medo nos tornaram desajeitados, no desespero não conseguimos sair da casa. O tempo estava se esgotando. Fechei a porta atrás de nós e nos dirigimos ao sótão, onde poderiamos nos esconder sem serem vistos. A subida foi difícil e desconfortável devido à minha gravidez avançada, e cada passo parecia um desafio. O sótão era escuro e abafado. Evan me ajudou a me acomodar em um canto escondido, entre caixas e bagunça, enquanto tentava se esconder o mais longe possível da escada. O cheiro de poeira e umidade fazia o ambiente ainda mais opressivo. O barulho de passos e vozes lá embaixo aumentava a tensão. — Daria, onde você está? — chamou minha mãe, a voz cheia de preocupação misturada com uma irritação crescente. O som de sua voz reverberava pelas paredes da casa, e o pânico em mim crescia com cada segundo que passava. Meu coração batia forte, e eu tentava manter a respiração calma, o que era difícil devido ao medo e à pressão da situação. — Eles não podem nos encontrar aqui. — sussurrou Evan, segurando minha mão com firmeza. — Vamos ficar quietos e esperar. A tensão era quase insuportável. O silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pelos sons das gavetas sendo abertas e fechadas, e pelas vozes abafadas de minha mãe e padrasto discutindo o que poderia ter acontecido. Eu podia ouvir os passos deles se aproximando do sótão, e cada movimento fazia meu corpo estremeçar. — Não está em lugar nenhum aqui — disse meu padrasto. — Vamos verificar o restante da casa. As portas se fecharam e o silêncio recomeçou, mas a sensação de alívio foi breve. A situação estava longe de estar resolvida. Com a respiração controlada, Evan e eu começamos a planejar nossa saída. A fragilidade da minha condição tornava a situação ainda mais arriscada, e a necessidade de sair antes que voltassem era urgente. — Vamos sair agora — sussurrei, tentando não fazer barulho ao me levantar. Evan cuidou para que eu descesse cuidadosamente, ajudando-me a evitar qualquer ruído. Saímos do sótão e descemos as escadas com a maior discrição possível. O baú ainda estava revirado, mas não havia tempo para consertar a bagunça que deixamos para trás e isso faria eles perceberem que eu realmente estive aqui. No momento em que saímos pela porta dos fundos, o alívio e o medo misturaram-se em um só sentimento. O céu estava escuro e a noite nos envolvia, proporcionando uma cobertura bem-vinda. Evan e eu nos dirigimos rapidamente para o carro, que estava estacionado, longe dos olhos curiosos. Com um último olhar para a casa que ainda guardava tantos segredos, fizemos nossa saída, com o coração ainda acelerado e a mente cheia de perguntas sem resposta. A fuga silenciosa foi um alívio, mas o mistério e o medo continuavam a nos assombrar. Agora, éramos apenas duas figuras na noite, tentando entender a verdade em meio ao caos que nossa vida havia se tornado.
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