📓 Seraphina A gente saiu do parque com o riso ainda preso na garganta. O táxi esperava no canto da rua, o motorista encostado no volante, mexendo no rádio. Adriel abriu a porta pra mim e entrou logo depois, ainda com o urso azul jogado no ombro, como se fosse um troféu de guerra. O carro arrancou devagar, e as luzes coloridas do parque foram ficando pra trás, misturadas ao barulho da cidade que não dorme. O silêncio entre nós era confortável, mas carregava algo que eu fingia não sentir. Eu olhava pela janela, vendo o reflexo dele no vidro o maxilar firme, o olhar distante. Parecia calmo. Parecia… quase humano. — Tu sempre é assim? — perguntei de repente, só pra quebrar o ar pesado. — Metade perigo, metade poeta de bar? Ele riu baixo, mexendo no relógio. — Só quando vale a pena.

