Capítulo 4

1458 Words
— Estão vivos! — anunciou o Stariano que puxou as cordas mecânicas. Darius, por sorte, não flutuou longe demais do centro espacial, e conseguiram através de cordas teleguiadas puxá-los de volta. Mas ele estava extremamente frio, assim como a desacordada Gisele. [...] E quando ela abriu os olhos, já não estavam mais perto do centro espacial. Aquele lugar era mais amplo, com formas geométricas desenhadas por todo o teto e um gigante se movendo ao seu lado enquanto digitava algo em um computador sensorial. Gisele imediatamente se assustou assim que o antenado de pele um tanto prateada sorriu e lhe mostrou as presas do dente. Por instinto ela tentou se mover, mas havia grades no beiral da cama ao qual estava deitada, e o stariano notou imediatamente o seu susto. — Acalme-se humana, está tudo bem. Está tudo bem. Gisele piscou devagar, o Stariano apontou a mão para tocá-la, mas ela instintivamente fez uma negativa, fazendo o mesmo recuar. A mulher só conseguia arregalar os olhos e tremelicar de medo. Era mais natural do que ela, não dava para negar. — Eu não irei tocá-la, só irei tirar a máscara de oxigênio e… — mais que depressa, Gisele enfiou a mão na cara e tirou a máscara, jogou pra fora da cama e empurrou a mão enquanto o ar de seu peito m*l saia pelas suas narinas. O Stariano sorriu gentilmente, pegou o objeto e desligou o aparelho pacientemente. — Vou chamar alguém com quem a terráquea possa se sentir mais confortável. — Ela imediatamente notou que o Stariano percebeu seu medo, sendo que o coitado nada fez e ainda fora gentil lhe atendendo. — Desculpe. — soltou num fio de voz. Ele sorriu com a gentileza, passou pela porta metalizada e a deixou sozinha. A humana aproveitou esse tempo para olhar direito ao redor e saiu da cama. Gisele vestia as vestes que usava por baixo do traje espacial, o que a fazia concluir que não foi trocada. Não sentia frio, nem as sensações da morte e não parava de pensar nos traços e as feições de um amarelo peculiar, salvando sua vida. E olhou para seus braços, suas mãos e seus pés no chão metalizado. Ela não estava congelada. Quando Gisele passou os olhos reparando os detalhes, notou uma cortina escura dividindo o espaço em junção de alguns barulhos semelhantes a um compasso cardíaco. Alguma coisa do outro lado fazia barulho de bolhas estourando e lhe despertava a curiosidade. E devagar ela moveu a cortina, para em seguida abrir a boca e ficar paralisada. Dentro de um tubo, maior do que um stariano estava o seu salvador. Ele estava com uma máscara no rosto, os cabelos curtos estavam soltos e boiavam na água de tom amarelo, e alguns fios estavam conectados às suas costas. Gisele não conseguia fechar a boca, pois não sentia medo dele, mas ali ele parecia um objeto experimental e não um paciente com cuidados. Ela nem mesmo percebeu isso, não sentia medo dele. A terráquea apenas piscou, reparou o formato do corpo e notou a musculatura rígida. Ele era forte, tinha o trapézio enrijecido e um formato triangular muito semelhante aos humanos, mas com a pigmentação da pele diferenciada. Dependendo da posição dos seus olhos, podia jurar que enxergava escamas no stariano. Foi quando ela observou um pouco mais os traços baixos e os gomos desenhando o formato da virilha, para então chegar nos pelos grossos e íntimos e totalmente negros. Da mesma cor que o cabelo e o tronco do m****o cabeçudo. Para um “ser vivo adormecido”, estava bem cumprido. Tinha veias expondo a rigidez que se fazia para manter a pulsação da carne e a deixou extremamente curiosa sobre como poderia estar em outro momento. Por Deus, ela simplesmente arqueou a sobrancelha e mirou o p*u de um ser desacordado, mas que daria um c****e em qualquer ser humano. E que c****e! Gisele deu um passo à frente, esticou suas mãos e tocou no vidro vagarosamente, notando a diferença de tamanho. Observadora, viu as bolhas de ondulação da água mover-se enquanto ela admirava a silhueta física de Darius, e quase saltou de susto quando percebeu que o gigante dourado estava de olhos abertos. Seu único instinto foi dar um passo para trás, enquanto engolia devagar e olhava em seus olhos, tentando segurar as palpitações do coração. “Senhor, ele me viu olhando o p***o dele!” — Este foi seu único pensamento. Ser pega lhe pegou de surpresa, mas não a impediu de olhá-lo nos olhos e fixar nas feições do rosto de quem salvou sua vida. Os brincos não estavam na sua orelha, elas eram pontudas e seus traços se assemelhavam a um cantor k-pop inúmeras vezes mais rígidas. O queixo tinha uma emolduração quadrada, o nariz levemente pontudo e os lábios finos, mas se enquadrando perfeitamente ao rosto grande. E o pin*to… o pin*to dele… Oh Deus, ele é todo dourado! Darius levantou os olhos, o que a fez notar que ele enxergou alguém atrás de si. Ela se virou, olhou para trás, mas não havia ninguém. Quando pensou em olhar para ele novamente, abriram a porta e se depararam com a humana de pé e o Goldarx de olhos abertos. É claro que ela estava totalmente cor de rosa, mas tratou de andar e olhar para baixo, enquanto engolia as salivas acumuladas e colocava as palpitações do coração em seu devido lugar. — Capitão! — um Stariano bateu continência, enquanto um médico humano adiantava seus passos. — Que bom que estão bem. — Gisele tentou não prestar atenção no Stariano que adentrou a saleta e para conter sua onda de tensão, focou na atenção do seu médico. Em instantes, dois Starianos prateados e com antenas na testa adentraram o lugar, fecharam as cortinas e Gisele teve de se afastar e se sentar para que o médico fizesse uma checagem. Não que os humanos fossem fazer diferença, mas ela se sentia mais segura se não estivesse sozinha com nenhum Stariano. Era estranho, ela sabia disso, mas era como as histórias de fantasmas que ouvia quando criança. Ninguém realmente viu um fantasma antes, mas morriam de medo. Ao que se dizia sobre alienígenas, sua família eram devotos a amaldiçoar a espécie os chamando de aberrações. Então, para Gisele, Starian era o desconhecido mundo das aberrações, dos monstros e de muitos outros nomes hostis que se podia imaginar… — Porque colocaram ele naquele tubo? — perguntou baixo, enquanto o médico coletava uma dose de sangue do seu braço, sorridente e gentil. — A forma stariana não se cura como nós. — respondeu calmo. — Mas não parecia cura, parecia um experimento macabro. Tinha várias coisas nas costas dele, e ele estava boiando numa água suja… — Ela olhou para a movimentação do outro lado da cortina e se viu pensando no gigante dourado. — Eu também me surpreendi no começo, mas a medicina stariana está a anos luz da nossa medicina. Aquele tubo precisa suportar um Stariano inteiro dentro, pois enquanto as agulhas enviam medicamentos em massa, a água produz o necessário para a regeneração da pele Stariana. — Ele fez uma pausa, arrumou a ampulheta e colocou o curativo no braço de Gisele. — É mais do que isso. Mas a grosso modo, é basicamente assim. Uma movimentação aconteceu dentro das cortinas. Starianos entravam e saíam, mas ela não via e nem conseguia entender o que estava acontecendo. Até que o médico roubou sua atenção novamente. — Logo vai conseguir falar com ele, não se preocupe. Gisele corou, mas não queria passar nenhuma ideia errônea. Apenas queria ser grata, e sentia que precisava dizer isso para ele de algum modo. Sim, era apenas isso, pois morreria e esconderia em seu túmulo que agora não conseguia tirar a imensidão dourada de sua mente… — Ele salvou minha vida. — tentou se justificar. — Sim, salvou. Darius é um excelente capitão. — O médico se levantou e coletou a maleta de sangue. — Vou pedir que alguém venha guiá-la, pois já iremos pousar. O sistema de adaptação começa assim que colocar os pés em Starian e suas colegas estão esperando por notícias. — Obrigada. Quando o médico se foi, Gisele ainda observou as suas costas toda a movimentação que se faziam entrando e saindo das cortinas. “Darius…”, ela soltou em sua mente repetindo o nome do Stariano que não lhe causava arrepios de medo e tinha um adereço super dourado… Super dourado… Não que isso fosse o seu forte. Em todo o caso, ela precisava agradecer o gigante que mergulhou o espaço, deu o seu ar, o seu calor e até sua vida para trazê-la de volta. Isso era tudo o que ela conseguia pensar.
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