JERICHO
Como uma criança castigada, Bishop fica em silêncio enquanto ele e Hildebrand saem de casa. Ele ouviu as provas. Pedaços e peças que selecionei apenas para ele. Os fragmentos mais condenatórios. Ele não olhou para mim uma vez depois disso. m*l encontrou o olhar do Conselheiro. Eu me pergunto se Hildebrand está aliviado por não ter que enfrentá-lo perante o Tribunal. Um Bishop. m****o da família fundadora e filho soberano tramando a execução de outro m****o da Sociedade. O sistema de justiça IVI é extremo. Operando fora das normas da sociedade, de alguma forma acima da lei. Suas punições muitas vezes excedem as do mundo exterior e esta ofensa em particular é uma pena de morte.
Nos dias atuais, há apenas alguns anos, uma execução foi realizada por motivos IVI por um delito semelhante. Concedido, um com consequências que iam além da imaginação limitada de Carlton Bishop poderia evocar. Um homem foi executado, embora os procedimentos do Tribunal sejam secretos, os detalhes circularam entre os membros da Sociedade e servem de aviso a todos, até mesmo a Carlton Bishop.
A porta se fecha e eu me viro para encontrar Zeke me observando.
— Obter o resultado que você queria? — ele pergunta.
— O que eu queria era que Angelique tivesse uma mãe.
Zeke bebe um gole de uísque, sem pressa. — Você não é o único que a perdeu, você sabe. Ela era minha melhor amiga. Mais.
Mais.
Sim, eu sei. Kimberly foi mais para ele uma vez. Ela se apaixonar por mim não era algo que nenhum de nós tinha planejado. Nenhum dos dois tinha conscientemente desejado ou procurado. Mas aconteceu e meu irmão e eu passamos por isso. Acho que fizemos, pelo menos. Embora tenha havido alguns meses difíceis, especialmente quando ela começou a aparecer.
Zeke e eu nos observamos enquanto imagens do passado passam como uma apresentação de slides pela minha mente. Ele está pensando as mesmas coisas? Assistindo a mesma apresentação de slides? Ele me culpa? Eu me culpo. E inferno, talvez eu mereça a culpa dele também. Ela morreu por minha causa. Ele tinha me avisado também. Estar comigo não seria seguro para ela. Assim como eu avisei Dante Grigori há pouco tempo que a mulher por quem ele estava apaixonado estava em perigo simplesmente por sua afeição.
— Desculpe. — digo a Zeke. — Todo maldito dia.
— Eu sei. — Ele bebe outro gole e demora muito para falar. — Ela é jovem.
Mudança de tópico. Ele está falando sobre Isabelle Bishop.
— Uma adulta. — eu esclareço.
— Tecnicamente. Ela também é doze anos mais nova que você.
— E o mais importante, ela é uma Bishop. — Engulo o resto da minha bebida e coloco o copo na mesa. — Você não está cultivando um coração para os Bishops, está? Substituindo a memória de Kimberly?
Sua mandíbula aperta. — Só estou dizendo que ela é jovem e se você não viu, também posso te dizer pelos poucos momentos que passei no mesmo quarto com a garota, que ela não é páreo para você.
Algo sobre o comentário me deixa arrepiado. Eu me endireito, passo em direção a ele. Ele estreita o olhar infinitesimalmente, inclinando a cabeça para o lado, esperando minha reação.
— Ela é uma combinação melhor para você, então? — Eu pergunto.
— Você está falando sério?
— É isso que é ? — Eu continuo. Eu não sei por quê.
— Tire sua cabeça da sua b***a, irmão. Ela é apenas uma mulher. E eu conheço você. Tenho alguma ideia do que você está planejando.
— Você tem? O que estou planejando então?
— Só há uma coisa que faz sentido.
Eu levanto minhas sobrancelhas. Não dê nada.
— Só estou dizendo que ela é jovem. Você quer enterrar o irmão dela. Entendi. Você está disposto a destruir uma garota inocente para fazer isso?
— Ela é uma maldita Bishop. Não existe Bishop inocente.
— E como você pretende explicar tudo isso para sua filha? Você já pensou em Angelique?
— Eu vou lidar com isso. Você não precisa se preocupar com Angelique. Ela é minha primeira prioridade.
— Ela é?
A fúria queima dentro de mim. — Você não pode questionar isso. — eu rosno com os dentes cerrados.
— Ela é minha sobrinha. — diz ele, pousando sua bebida e dando um passo em minha direção. — Ela é minha primeira prioridade também. E acho que você está cometendo um erro. Acho que algo sobre essa garota chamou sua atenção. Só não deixe sua necessidade de molhar seu p*u nublar suas prioridades.
Eu o agarro pelo colarinho. — Não se atreva porra...
Ele derruba minhas mãos. — Eu não vou ficar parado e assistir você f***r com isso.
— Eu não pretendo f***r com tudo.
— Você não está focado, Jericho.
— Estou cem por cento focado, Zeke. Fique fora do meu caminho se o pensamento de punir Isabelle Bishop o deixa enjoado. Tudo o que você precisa fazer é manter suas mãos para si mesmo.
— Como você fez com Kimberly?
A porta se abre então, nós dois nos viramos para encontrar nossa mãe parada ali parecendo mais feroz do que parecia em muito tempo. Ela está francamente furiosa. Eu reconheço os olhos ardentes. Eu os vejo toda vez que olho para o meu reflexo. Pelo menos em um dos meus olhos.
Ela absorve a cena, sua boca aberta, eu percebo o quão perto estamos de chegar a um golpe.
Ela entra e fecha a porta atrás dela.
— Por que você está fora da cama? — Eu pergunto, enquanto Zeke e eu colocamos espaço entre nós.
— Vocês dois perderam a cabeça? — ela pergunta em vez de responder a minha pergunta.
Porra.
Olho para o tapete persa que cobre uma grande parte do chão. Zeke sempre gostou disso. Meu escritório, que fica do outro lado do salão, tem um design um pouco mais moderno.
Com um suspiro, desloco meu olhar para meu irmão. — Eu sinto muito. Eu não quis dizer nada disso.
— Eu também. — diz ele, parecendo tão envergonhado quanto eu.
Ele dá um passo em minha direção, estendendo a mão. Eu aperto.
— Estamos nisso juntos. Eu sou seu aliado. Não se esqueça disso. — diz ele.
— Eu não vou. — eu digo a ele.
— Melhor. — minha mãe diz.
— Você precisa descansar um pouco. — Zeke diz a ela. — Sua médica disse...
— Eu sei o que ela disse, Ezekiel. — ela diz, então se vira para mim. — Diga-me uma coisa, eu ouvi corretamente? — Ela levanta uma sobrancelha e não tira os olhos de mim. — A menina Bishop está aqui?
Zeke bufa.
Eu aperto minha mandíbula. Não devo explicações a ninguém. Nem mesmo minha família. — Ela está.
— Onde ela está? — minha mãe pergunta, olhos brilhantes.
Eu cerro minha mandíbula e ela sabe exatamente onde.
Seu rosto empalidece. — Jericho.
Eu fico lá e administro minha respiração.
— Você não pode deixá-la lá embaixo. — minha mãe começa, seu tom já me deixando irritado. Ela abrandou nos últimos anos. Mas este não é um momento para suavidade. Suas palavras se confundem com o ruído de fundo por um minuto até que ela comete um erro. — Kimberly não iria...
— O suficiente! — Eu bato minha mão na borda da mesa e minha mãe pula. Eu vejo seu rosto e sei que preciso controlar isso. A garota já nos tem na garganta um do outro. É o que os Bishops fazem.
Eu olho para meu irmão, então minha mãe e eu mantemos seu olhar enquanto falo. — Você não viu Kimberly morrer. — Minha voz está mais controlada, mas não estou calmo. Nenhum lugar perto disso. — Você não a segurou enquanto sua vida se esvaía de seu corpo. Como seus olhos perderam a luz. Eu fiz. Nenhum de vocês. Vocês não podem dizer o que acontece com a garota Bishop.
Com isso, eu pego o pergaminho assinado e passo por minha mãe deixando ela e Zeke em seu escritório.
Eu ando em direção ao porão. Eu me preparo quando chego à porta de aço. Forço uma respiração. Forço as memórias de volta. Eu me lembro de por que estou aqui. Por que eu preciso descer lá. Preciso ser tão frio e implacável quanto esta porta. Eu a destranco e a abro. Eu bano todos esses pensamentos enquanto desço as escadas para lidar com Isabelle Bishop.