Primeiro Encontro

2053 Words
Olho novamente no espelho, nervosa demais para achar-me bonita, por mais que eu nunca me tenha arrumado tanto na vida. Estou me achando estranha com esse vestido, que Paola me fez prometer que usaria essa noite. Ele é rodado demais para ser tão curto e apesar de não ser decotado demais, o b***o bem trabalhado chama atenção para essa área. Fiz a maquiagem como ela me ensinou e os meus olhos parecem maiores e mais bonitos. Prendi os meus cabelos num r**o de cavalo bem elaborado e coloquei os brincos que ela me deu de presente. Estava, sem duvidas, muito bem arrumada, e só espero que Nero também o ache, afinal eu não gostaria que ele desfizesse o contrato por não me achar boa o bastante. Jogo a insegurança para longe enquanto me encaro uma última vez e coloco o que vou precisar numa bolsa pequena e a pendurando-a no ombro conforme caminhando para a sala. Sentei no sofá para esperar a minha carona no momento em que o telefone toca dando-me um leve susto. É a mãe da Poly. — Ciara. Tudo bem com a Poly? — Pergunto preocupada. — Tudo do mesmo jeito, mas quer me dizer como conseguiu que ela fosse transferida para um hospital particular? A pergunta me pega desprevenida. Como a mulher que me viu crescer a vida toda pegando as roupas das suas sobrinhas que não as serviam mais e dividindo lanche com a sua filha que, de repente, eu tenho como custear um tratamento particular para a Poly? — Ah... Eu... Eu pedi um empréstimo. — Empréstimo? E como conseguiu? A Poly me disse que você saiu do emprego. Tento desconversar, antes que me prenda em uma rede de mentiras que acabe por me enforcar no futuro. — Eu vou arrumar outro, a Poly precisa de um hospital melhor, com um tratamento mais especializado. Isso é a única coisa que me importa agora. —Eu sei, o Doutor Carter conversou comigo. Ela será transferência amanhã, você precisa ir ao horário entregar o dinheiro. Só espero que você não tenha feito nada de errado pra conseguir menina, mas vou ser grata pra vida toda por fazer isso. Eu juro que vou pegar tudo quanto é costura para te devolver. — De maneira nenhuma, Ciara. Eu estou dando esse dinheiro para a Poly por que eu quero que ela fique boa, sabe que eu não aguentaria se o pior acontecesse. — Você é uma menina de ouro, Lara. Não sei como te agradecer. Nesse momento a porta se abre e Pietro entra me chamando para ir para o Show. — Não precisa agradecer Ciara. Amanhã eu vou para o Hospital acompanhar a Poly para o HST, tudo bem? Agora eu preciso ir. Cuida dela para mim. — Tudo bem menina, eu te espero amanhã. Desligo o telefone e o coloco na bolsa. — O que a Ciara queria? Aconteceu algo com a Poly? — Ela queria saber como consegui o dinheiro para o hospital particular que a Poly será transferida. — E o que você disse? — Disse que peguei emprestado. É uma forma de dizer. — Fez bem. Está pronta? — Não. Mas tenho que estar não é? Ele me lança um olhar de desculpas e eu curvo os lábios num meio sorriso. Não quero que ele se sinta culpado quando me deu apenas a solução para os meus problemas, ainda que essa solução tivesse o preço que tem. Me conhecendo como conhece, ele sabe que não está nada moralmente leve para mim. Passo por ele e ele me acompanha. Após trancar a porta, me dirijo ao elevador e o meu nervoso só aumenta a medida que chega a hora de encontrá-lo. Pietro informa-me que vamos primeiro passar no hotel para que eu possa ser-lhe apresentada, e em seguida iremos ao show juntos. Fico pensando sobre como Rafael deve ser. Na TV ele parece ser simpático, humilde e até mesmo divertido, mas eu sei que esses famosos nunca são como aparentam. O carro para em frente a um hotel de luxo e as minhas mãos suam com a mesma intensidade que tremem. Pietro abre a porta para mim, que nem sequer o tinha visto descer e dar a volta no mesmo enquanto me perdia nos meus pensamentos ansiosos. Em seguida ele dá a chave ao manobrista e guia-me para dentro do hotel. O meu coração dispara ainda mais a medida que me aproximo do elevador do hall. Não quero fazer drama, mas realmente sinto-me como um touro a caminho do abatedouro. Respiro fundo diversas vezes e ordeno-me que me acalme. Quando as portas do elevador se abrem eu já estou mais calma. Ou pelo menos consigo aparentar estar. Queria não sentir como se a minha aparência não importasse tanto, como se fosse ser avaliada se valia ou não o dinheiro obsceno que eles estão me pagando. Sei qual a porta do quarto de Nero porque há uma muralha de terno na frente. O homem dá medo até de olhar. Abaixo a cabeça, mas sou repreendida por Pietro. — Ele agora é seu subordinado Lara, não abaixe a cabeça para ele ou para qualquer outra pessoa. Sua postura importa tanto quanto qualquer outra coisa. Quase mando ele tomar naquele lugar mais me controlo. Quase digo que agora ele também é meu subordinado, portanto eu quem devo dar ordens e não o contrário. Mas sei que, na verdade, eu apenas sou a patroa no papel, pois na teoria eu sou apenas uma atriz contratada. E o Pietro também não merece tanta grosseria, por mais que as minhas emoções descontroladas, no momento, tornasse tudo importante demais. Nem percebo quando nós somos anunciados, já que a próxima coisa que o meu cérebro capita é porta sendo aberta e um deus grego parado na minha frente. Não, ele não parecia tão bonito na televisão e nas revistas. Eu sempre achei que ele era lindo, mas esse homem parado na minha frente é indescritível. Parece um arcanjo sem asas. — Nero, podemos entrar? — Claro, Pietro, estava esperando que chegassem. — Sua boca se curva num sorriso e eu me pergunto se já vi dentes tão brancos. Nós entramos e eu tento-me controlar para não parecer uma pateta na sua frente, mas a sua voz... Controle-se Lara! Nunca viu um homem bonito na vida?... Um tão bonito com certeza não. — Finalmente Nero, apresento-lhe Lara Pinheiro. Ele me olha de um jeito... Tem certeza que ele é gay meu Deus? A intensidade dos seus olhos azuis parecem me afogar, mas devolvo o sorriso tentando me manter o mais firme possível. — Muito prazer Lara, é uma mulher... — Ele sorri — Não, linda com certeza não descreve. Meu sorriso se alarga em resposta. Ele está flertando comigo? Ele é gay Lara, está sendo apenas gentil, não se iluda! Uma interação humana jamais exigiu tanto autocontrole. — Muito, obrigada Sr. Nero.— Me surpreendo com o quão aveludada a minha voz soa, sequer achei que seria audível. — Sem essa coisa de senhor, Lara. Afinal, pelo que me informaram agora eu sou seu namorado. Eu ri. Isso é tão estranho que eu nem sei o que fazer além de rir. Ele se senta na cama e bate a mão ao seu lado, indicando que é para eu sentar. Eu o faço. — Eu quero te pedir desculpas, Lara. — Ele abaixa a cabeça. — Eu sei bem o que você está pensando que eu sou. — Não tem o que pedir desculpas... — Eu tinha uma escuta naquele restaurante, eu ouvi sua conversa com o meu empresário — Meus olhos se arregalam e o meu rosto queima de vergonha. — Mas não se preocupe eu que mandei eles contratarem-te, gostei muito do seu jeito. Acho que ele está blefando. Não faz sentido que ele tenha escutado tudoe tenha realmente mandado me contratar. — E você tinha opção? — Ele levanta a sobrancelha sem entender nada do que eu estou falando. — Eu já sabia a verdade, e se eu saísse dali e contasse para todo mundo que você é gay? — Se eu não te aprovasse tinha um homem preparado para sair do nada e dizer que você caiu em uma pegadinha. Se não acreditasse e saísse contando para todo mundo, eu poderia facilmente te processar já que você não tinha prova nenhuma. Embora, é claro, antes que você entrasse ali eu sabia que você não faria nada assim. Eles são inteligentes... — Já fez isso com alguém? — Já sim, uma era atirada demais, e a outra pareceu-me ter o caráter meio-duvidoso, não gostei muito. Mas, mudando de assunto, você entendeu a gravidade da quebra de qualquer cláusula do contrato, não é? — Sei sim. — Vai ser complicado. Algumas horas vão ser sufocantes, mas eu quero que saiba que em mim você pode encontrar um amigo, eu sempre vou estar para você quando precisar, não sou chefe. Pelo menos não quero ser. Surpresa, não consegui evitar sorrir. Ele parecia-me tão incrível que não poderia ser real. — Agora quer vir comigo? Temos um país para chocar. — Ele tocou o meu nariz quando disse isso e, não sei por que, mas senti o meu nervoso passar. Ele parecia ser tão diferente do que imaginei que estranhamente eu me senti a vontade com ele. Levantei e antes que eu alcançasse a porta ele se virou para mim. — Ah, quase esqueci-me, a sua amiga sabe de mim? — Eu menti para ela, apesar de ter odiado a experiência. Disse que estávamos tendo um lance, e que você me pediu em namoro. Tudo conforme me orientaram. a ruga de preocupação que se formou entre suas sobrancelhas não se desfez ainda. — Ela acreditou? — Fui convincente, e ela pareceu ficar empolgada, louca para te conhecer. A forma como seu corpo relaxou me fez achar que isso foi o bastante. — Sabe — Ele guia-me para fora do quarto do hotel — Eu fiquei curioso para conhecê-la, ela deve ser especial demais para você amá-la tanto. — Por que diz isso? Ele fica calado até estarmos na privacidade do elevador, então quando volta a falar, o seu tom é bem baixo, quase excitante. — Sei que está sendo um sacrifício para você, fazer isso. E sei que está fazendo isso por ela. Olho para ele, e respondo com sinceridade. — Sim, ela é muito especial, e gostaria muito tivesse a sorte de conhecê-la um dia. — Eu também espero. Ficamos em silêncio e nenhuma palavra a mais é dita no elevador até sairmos. Olhei de relance para ele e vi que até a forma dele andar exala confiança, mas de maneira alguma é arrogante e mesmo assim, todos ao nosso redor sabem que não se igualam a ele. Não é uma impressão fácil de causar e imagino que tenha demorado muito tempo até que ele aprendesse. Eu certamente não tenho a mesma habilidade, por mais que estivesse conseguindo equilibrar-me bem em saltos tão altos. Fico pensando que talvez não seja um sacrifício tão grande fingir que estou apaixonada por alguém como ele. Conforme cruzamos o hall de entrada, o vejo sorrir para todo mundo e não há uma só pessoa que não pare para olhar sua mão alcançar a minha. Ele sorri pra mim e seus olhos parecem ter brilho próprio, de alguma forma ele consegue torná-lo único, como se fosse a sua marca. Os seus dentes branquinhos e bem alinhados, o deixam esteticamente bonito, mas é todo o conjunto, com sua boca... De repente meus pensamentos são interrompidos quando ele me joga abruptamente contra o carro e toma sua boca na minha. Voraz, faminto. Fecho os meus olhos e esqueço por alguns segundos de toda a farsa que estou incluída, que este beijo está incluído. Eu não sou uma virgem boba, já tive minhas experiências, mas nem com o melhor orgasmo eu posso comparar o que eu sinto quando as suas mãos se apossam do meu cabelo e o seu corpo cola no meu como se quisesse atravessar-me, ou entrar inteiro dentro de mim. Sem contar o seu sabor... Não, não tem como comparar, seria uma covardia. Mas então, rápido demais, ele interrompe o beijo e cola sua testa na minha. — Me desculpa. — Ele sussurra e a realidade atinge-me como um soco.
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