Consequências Primárias

1717 Words
Sai com Pietro e me encontrei com os seus superiores, para assinar o maldito contrato. Não posso dizer que estava bem com isso, como você já deve suspeitar, mas estava decidida. Não é como se houvesse outra saída para mim. Então é melhor e acostumar com o destino do que lutar contra ele, até por que, a luta seria em vão. Rafael Nero está em turnê e irei conhecê-lo no fim de semana, me mudarei para meu novo apartamento amanhã à noite. É próximo a faculdade, e relativamente simples, segundo Pietro. Pelo menos o mais simples que é possível no meu caso. Terei um carro a minha disposição, apesar de que não será meu, já que eu o recusei. Mas é melhor aceitar um carro emprestado do que ter um motorista me levando para tudo que é lugar, e ônibus está definitivamente banido da minha vida, já que agora para todo mundo eu estarei namorando Rafael Nero, e as fãs dele, loucas como são, vão me espancar na primeira oportunidade. Mas não pense que eu estou reclamando por me livrar do transporte público, essa definitivamente é minha parte favorita até então. Quando cheguei na mansão após a reunião, fui recebida por uma m*l humorada e irritadiça Lorena, que por pouco não pulou em cima de mim. — A senhorita está se achando muito para me deixar plantada no escritório a sua espera. — Surgiu um imprevisto, sinto muito por não ter tido tempo de avisá-la. Quer conversar agora? — Pergunto com a maior cara lisa. Estou fazendo-a pagar todos os seus pecados. Mas você não a conhece, ela é pior que a madrasta da cinderela, vai por mim, ela merece. — No meu escritório. Agora. — Ela se vira esperando que eu a siga, e eu vou em direção a cozinha beber um copo de água. Estou morrendo de sede! Depois de saciar minha sede, dirijo-me ao escritório da senhora Max Field. No caminho eu ouvi comentários como: "Ela ficou louca" "ou então ficou rica" "Aposto que ela está tendo um caso com o senhor Pietro" "Vaca sortuda!", reprimi o riso, coitadas. Entrei no escritório de Lorena sem bater, ela não se agradou muito disso, bem como da minha demora, mas ainda assim eu não me importei. Ela pediu que eu lhe entregasse minha carteira de trabalho ainda hoje, e me informou que já falou com seu advogado, que se eu quisesse falar com o meu também, eu tinha permissão. Já calculou o valor total dos meus direitos e eu quase deixo meu queixo cair quando vejo o valor, ainda assim não seria o bastante para pagar o tratamento da Poly, nem de longe, mas é uma boa grana e será muito bem-vinda. Prometeu-me pagar tudo, disse que o valor da multa por não me dar aviso prévio estava incluso, e pediu que eu saísse de sua residência hoje mesmo. Ela iria me pagar o meu salário, antes que eu saísse. Tudo bem, eu preferia sair apenas amanhã, já que eu poderia ir direto para o apartamento que Nero irá disponibilizar para mim, mas já que ela insiste, eu fico em qualquer hotel até lá. Ir para a casa da minha mãe estava fora de cogitação, eu acabaria vendo uma orgia na sala de estar assim que abrisse a porta. Fui até meu quarto arrumar minhas coisas, nem eu sabia que tinha tanto, mas até que eu consegui arrumar tudo rápido. Depois de um banho, e me arrumar para a faculdade, eu sai do quarto com uma mochila e uma mala enorme. Encontrei com Lorena na sala, ela estava conversando com Pietro. — Já vai sair dessa casa hoje? — Pietro pergunta surpreso, acho que ele acreditava assim como eu que sua mãe iria me dá pelo menos a noite para ficar aqui. — Pois é, minha presença desagrada algumas pessoas. — Falo olhando para dona Lorena, que está distraída procurando alguma coisa na bolsa. Segundos depois ela retira um envelope amarelo, e joga na sala, próximo aos meus pés. — Aí está seu pagamento. — Ela avisa, sem nem mesmo se dar ao trabalho de olhar para mim. Eu pondero sobre pegar, eu não tenho dinheiro para passar a noite no hotel, a não ser pelo que contém naquele envelope, mas sinceramente, prefiro passar a noite em um banco de praça do que deixá-la me humilhar mais uma vez. Porém Pietro abaixa, e pega o envelope, olhando para sua mãe com repudio. — Aqui está Lara, eu peço desculpas pela falta de educação da minha mãe. Como pedido de desculpas eu vou levá-la até sua casa e posso te deixar na faculdade se quiser. Eu quase que digo que não precisa, mas sei que ela vai detestar a atitude de Pietro, então lhe ofereço um sorriso, mas olho diretamente para Lorena quando aceito. — Será um prazer Pietro. — Então olho para ele, lhe oferecendo-lhe outro sorriso, só que dessa vez mais sedutor. Percebo o quanto ela se irrita e não poderia me agradar mais. — Pietro volte já aqui, — Dona Lorena dá chilique como eu já imaginava. — Eu não admito que você se misture com esse tipinho de gente. _ Mãe para o seu bem é melhor que fique calada, ou em um futuro muito próximo vai se arrepender de suas palavras. E outra a senhora não tem que admitir, sou maior de idade. — Ele vira para mim e pega a minha mala. — Vamos Lara. Faço como ele pede, mas não resisto e olho para dona Lorena que está prestes a soltar fogo pelo nariz. Chegando na frente da casa, Pietro coloca minha mala no porta malas e abre a porta do carro para que eu possa entrar. — E ai como se sente saindo dessa casa? Respiro fundo e exclamo uma única palavra que descreve muito bem como estou me sentindo. — Livre! Ele sorri e arranca o carro. — Pra onde você quer ir? — Sabe de algum hotel próximo a faculdade que não seja muito caro? — Bom, aquela área tem muitos hotéis caros, mas acho que sei de uma pensão mais barata. — Me deixe lá então. E assim ele faz. Aumenta o volume do carro e toca uma musica do Rafael. "Os porquês". A letra é linda e sua voz parece transmitir tanto sentimento que me faz encostar a cabeça no banco do carro e fechar os olhos, deliciando-me com a bela canção. Por que a gente ama, se sabe que vai sofrer? No fundo somos eternos masoquistas Insistindo em um sentimento sabendo que vai doer. Chegamos ao hotel e ele me desejou sorte. Disse que viria amanhã me buscar para conhecer o apartamento. Acenei positivamente e entrei no hotel. A diária foi mais cara do que eu previa, mas como será a única vez que eu vou pagar, não me incomodo. Entro no carro apenas para colocar minhas coisas e caminho para a faculdade, que não fica muito longe. Após dez minutos de caminhada eu chego lá. Encontro com Kyara minha amiga no curso e Joel que também faz parte da nossa turma. Kyara acena para mim e chama para ver algo que está em seu celular. — Para justificar esse escândalo tem que ser algo muito bom, viu. — Aviso antes de me aproximar. Sento-me no banco em que está sentada junto a Joel que revira os olhos. — Não é nada bom, você deveria saber já que vem da Kyara. — Isso é despeito. Quando me aproximo vejo que é um vídeo do Rafael cantando e dançando uma musica sertaneja de outro cantor famoso. Ele é realmente lindo e o jeito que ele dança, canta e olha para as fãs, não parece gay de jeito nenhum. — Olha isso, ainda me pergunta por que eu sou fã desse cara! Ele é completo! Gato, gostoso, a voz dele é excitação pura e as canções? São perfeitas. E já viu as entrevistas dele? Nunca vi um cara tão inteligente na minha vida. — Perfeitinho demais pro meu gosto. — Joel comenta. — Para mim ele esconde alguma coisa, e quer saber? Em minha opinião ele é gay. Arregalo os olhos imediatamente, mas a gargalhada da Kyara me faz voltar a razão. É lógico que ele não sabe de nada Lara! — Quanta inveja meu Deus! — Kyara ri. — Amore aceita que dói menos. — Olha que ele é lindo eu concordo com você Ky, mas o Joel tem razão em um fato, ninguém é perfeito. E vamos para a aula por que meu amor, Rafael Nero já ta rico, famoso e com a vida ganha, agora a gente tem correr atrás para ganhar a nossa. Eles concordam comigo e vamos para sala. — Por que você não veio para a aula ontem Larinha? — Ai Ky, eu perdi algo muito importante? É que não pude vir mesmo, tem tanta coisa acontecendo na minha vida que nem te conto. — Ah deixa de ser chata me conta vai, to curiosa é coisa boa? — Depende do ponto de vista. Eu fui demitida do trabalho e a Poly... — Quê que tem a Poly? — Ela pergunta assustada ao ver meu semblante. — A Poly ta com câncer. — Meu Deus Lara! Coitada, mas como ela ta? — Não ta bem, mas eu vou dar um jeito de ajudá-la. E ainda tem mais, mas o resto eu vou deixar que você vai descobrir em breve. — Pelo amor de Deus me diz que é algo bom. Eu ri. — Você vai me dizer em breve. O professor entra na sala e nós calamos a boca para dar atenção à aula. O que vejo se tornar impossível. Por mais que eu tente me concentrar no assunto que sai da boca do professor, eu não consigo. Tenho medo de não dá tempo, de não conseguir ajudar a Poly, medo de perdê-la. Medo do que vai ser de mim agora que assinei o bendito contrato. O fato é que a aula acaba e eu não anoto nada e muito menos entendo alguma coisa que saiu da boca do professor. Vou direto para o hotel em que estou hospedada e caio na cama no jeito que estava. Preciso dormir para ver se pelo menos no sono, tudo fica mais fácil.
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