O tio do meu ex

-Acho que você ainda não entendeu o que eu quis dizer, Aurora. Acabou. É o fim. -Como pode dizer algo assim, de forma tão repentina, John? estamos juntos a 7 anos, e você, simplesmente acordou e decidiu que não me ama mais? -Sim, é exatamente isso. Eu sinto muito, mas, não posso me casar com você. -Que coincidência você descobrir isso justamente quando minha família decreta falência, não é mesmo? -O que está querendo insinuar com isso, Aurora? -QUE VOCÊ É UM INTERESSEIRO! DEUS, COMO TENTARAM ME ALERTAR SOBRE VOCÊ, E MESMO ASSIM EU FUI TÃO CEGA, TÃO i****a, QUE NÃO QUIS ENXERGAR! -Vou entender que você está chateada, e não vou levar isso para o lado pessoal...mas, Aurora, eu realmente quero que sejamos amigos, eu tenho um carinho muito grande por você. -UM CARINHO MUITO GRANDE? AH JOHN, VÁ SE FUDER! ATÉ ONTEM VOCÊ ME AMAVA! QUER SABER? VÁ A MERDA, EU NÃO PRECISO DISSO-Eu digo, dando de costas. -AURORA!-Ele me chama, e, seria hipocrisia da minha parte dizer que meu corpo não se encheu de esperança. -O QUE FOI?-Respondo, tentando parecer ríspida. -Preciso da minha aliança de volta... -O QUE? VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE SACANAGEM... -Não estou. É uma herança de família, você sabe, eu te disse isso quando te entreguei. Eu pego a aliança com toda a raiva que está concentrada dentro de mim nesse momento, e arremesso nele, com toda a minha força. -Ai está a p***a da sua aliança!-Eu digo, saindo do carro e batendo a porta. E essa queridos, é a história de quando a minha vida começou a dar errado. Eu me chamo Aurora Stewart, tenho 28 anos e sou estudante de medicina no quinto período...e esse que acabou de terminar comigo da forma mais escrota possível, é o meu ex-noivo, John Miller, com quem eu passei os últimos 7 anos da minha vida, ou melhor, com quem eu desperdicei os últimos 7 anos da minha vida! John e eu começamos a namorar ainda no ensino médio. Ele era o cara popular, e, eu a nerd. Apesar da minha família sempre ter sido rica, isso não me deu um bom status na escola, talvez porque, eu não lidasse muito bem com atenção, sempre tive um problema em relação a isso. Diferente da minha prima, Tracy, que amava ser o destaque em tudo. Até que, um belo dia, John veio até mim, e me chamou pra sair, assim, do nada. Todos tentaram me alertar que tinha algo de errado, afinal, porque ele me notaria, assim, do nada? mas, pela primeira vez, eu me senti especial, me senti alguém, e então, eu pulei de cabeça. Mesmo com todos os sinais de um relacionamento abusivo, mesmo com ele tendo crises de ciúme constantes e reduzindo meu círculo de amigos apenas a ele, eu achava que era porque ele queria o meu bem, porque ele se importava comigo, e, agora, ele me descarta, como um grande pedaço de lixo. Minha família era dona de uma grande importadora de tecidos, e, eu digo era, porque, nesse momento, nossa empresa deve estar em leilão, sendo comprada por algum bilionário entediado, que a usará para dividir em partes e fazer uma grande liquidação. Meu pai, que assumiu depois da morte do meu avô, acabou fazendo uma péssima gestão, e, perdendo tudo para o seu vício em jogos...como se não bastasse, ainda deve muito dinheiro, e, por isso, nossa família é ameaçada a todo instante. A verdade é que, nas últimas semanas, a minha vida virou um verdadeiro inferno, e, esse término foi só a cereja do bolo. Depois de sair do carro de John, eu não sabia muito bem pra onde ir, minha casa estava um caos, eu não tinha mais amigos, graças a ele. Tudo o que eu tinha, era a minha própria companhia, então, decidi andar de forma aleatória até o bar mais próximo, e assim eu fiz. Sentei-me sob os bancos no balcão, e pedi uma dose do drink mais forte que a casa tivesse, não acreditando muito que isso resolveria o problema. -Mais um, por favor.-Eu disse, virando a dose de uma vez só, como se fosse água. -Pode por o drink da moça na minha conta.-Um homem disse, sentando ao meu lado. -Com licença, eu te conheço?-Eu perguntei, de forma ríspida. -Acredito que não. -Então porque está pagando meu drink? acha que não sou capaz de pagar minhas próprias bebidas? -Eu só...quis fazer uma gentileza. -Pois pegue sua gentileza e enfie-a no seu r**o! tudo o que eu não preciso agora, é de mais algum babaca com senso de superproteção. O homem me encarou, mas, não pareceu amendontrado, ou chateado, pelo contrário, ele deu uma risada singela. -Está achando engraçado? eu sou uma piada pra você? -Não, de forma alguma. É que, você é sincera...eu gosto disso. -Quem dera fosse sempre assim.-Eu digo, revirando os olhos. -Não costuma falar com as pessoas, como falou comigo? -Não...na verdade não costumo, sou uma grande i****a que só abaixa a cabeça para tudo e para todos.-Eu digo, pedindo mais uma dose. -E acha que todas essas doses vão te dar a coragem de que precisa? -Está funcionando, não está?-Eu disse, virando mais uma. -Justo.-Ele diz, me acompanhando e virando uma dose também. De alguma forma, aquele homem me trouxe uma sensação de paz, e, eu não fazia idéia do porque. Depois disso, tomamos mais algumas doses, e, ficamos conversando sobre vários assuntos, e, eu admirei a capacidade dele de ter propriedade pra falar sobre qualquer coisa. Além disso, ele era um grande gostoso. Mas, essa parte foi só a bebida falando. -Você me disse muitas coisas, mas, não me disse qual o seu nome.-Ele diz. -Aurora...meu nome é Aurora.-Eu respondo, e nesse momento, começo a perceber que tudo a minha volta está rodando. Droga, eu nem tenho o hábito de beber, não deveria estar bebendo tanto. -Muito prazer, Aurora. Eu me chamo Carter.-Ele diz, estendendo a mão. -O prazer é todo meu, Carter.-Eu digo, e logo depois, vomito em cima de seu sapato, desmaiando em seguida.