Carol As paredes do quarto pareciam mais próximas. Como se tivessem sido erguidas de concreto puro. Não havia grades, mas elas estavam ali — na atmosfera, na raiva, no silêncio entre as batidas do meu peito. Fazia horas que eu estava trancada. Gabriel não voltava. Nem subia. Nenhuma palavra. Nenhum toque. Só o som dos passos dele pela casa, do rádio estalando em algum lugar lá embaixo, e a certeza de que tudo dentro de mim queria gritar. Eu o odiava por me prender. Odiava mais ainda por desejar ele mesmo assim. Porque o meu corpo lembrava o dele. Cada marca, cada investida, cada beijo que me rasgou por dentro com a mesma intensidade que me moldou de novo. Quando a maçaneta girou… eu soube que não ia haver conversa. Era uma certeza gelada que me percorreu a espinha, avisando-me do f

