Gabriel Não era só a Rocinha que estava em estado de guerra. Eu também estava. Sentado na cadeira do meu escritório, com o rádio ligado no volume mais baixo e a pistola sobre a mesa, eu observava o mapa da comunidade com os olhos fixos, mas a mente distante. Cada viela marcada com um X vermelho representava um ponto estratégico. Cada linha azul, uma rota de fuga. Mas havia algo que nenhum mapa podia me mostrar: o que se passava dentro da cabeça da Carol. Ela andava diferente. Mesmo em luto, mesmo com os olhos apagados, havia um fogo queimando por trás do silêncio. Ela achava que eu não percebia — mas percebia tudo. O jeito que ela evitava me olhar. A forma como passava rápido pelas portas. Os cochichos com Luciana. As janelas abertas por segundos a mais do que deveriam. Ela queria fug

