Carol
Não havia mais portas que pudessem levar a um escape, nem janelas que oferecessem vislumbres de um mundo exterior. O ar, antes tão vital, parecia rarear a cada inspiração, denso e pesado, roubando-lhe o fôlego.
A vida se resumira a muros. Muros invisíveis, erguidos pela situação em que se encontrava, mais altos do que qualquer torre, sufocando-a em uma prisão sem grades.
Quando acordei naquela manhã, o céu da Rocinha estava cinza. A névoa se misturava com o cheiro de pólvora que ainda pairava no ar desde a noite do ataque. Eu não dormi bem. Nem poderia. Os gritos, os tiros, o sangue no ombro de Gabriel… tudo voltava na minha cabeça em ciclos. Como se o morro não me deixasse esquecer onde eu estava. De quem eu era prisioneira.
Mas o que me afogava, mais do que o medo, era a nova o
