Gabriel O frio daquela noite não vinha do vento da Rocinha — vinha da cama vazia. Carol dormia no quarto ao lado. Sozinha. Trancada por escolha. E eu, no meu, rolava de um lado para o outro, como um prisioneiro da própria obsessão. Eu a tinha ao alcance das mãos, mas era como se ela estivesse a quilômetros de distância. E pior… cada gesto meu só parecia cavar um abismo maior entre nós. Mas eu não podia aceitar isso. Não depois do que vi no telhado. Não depois da forma como ela pegou minha mão. Aquilo foi real. Foi humano. E foi tudo que me restava pra acreditar que ainda existia um “nós”. Levantei da cama, com os pés descalços tocando o chão frio. O luar escorria pelas frestas da janela, iluminando as paredes com um brilho pálido, quase lúgubre. Peguei a garrafa de uísque pela metade

