Carol
Dois dias sem Gabriel.
Quarenta e oito horas de ausência.
E a casa respirava diferente.
Os passos pesados dele, as ordens curtas no rádio, o cheiro forte de cigarro misturado a perfume — tudo sumiu como se ele nunca tivesse estado ali. Era estranho. Incômodo. Como se o morro tivesse engolido seu rei e deixado um vácuo no trono.
Mas, para mim, foi como abrir uma fresta de janela depois de meses trancada.
Pela primeira vez em semanas, consegui respirar sem olhar por cima do ombro.
Ninguém veio me vigiando de perto. Luciana voltou a me servir com um sorriso hesitante. Até o segurança da porta parecia menos atento. Eu sentia. A rigidez cedeu, ainda que por pouco. O tipo de brecha que só existe quando o predador se ausenta.
E então, pela primeira vez, decidi explorar o castelo ond
