Carol Eu nunca pensei que veria Gabriel sangrando nos meus braços. Ele sempre foi a muralha. A tempestade. A certeza de que, quando o caos tomasse conta do mundo, ele ainda estaria ali — em pé, fuzil na mão, olhos frios e passos firmes. Mas, naquela noite, o caos nos engoliu e eu vi o meu homem dobrar os joelhos, gemer de dor, e quase apagar com a cabeça no meu colo. E quer saber? Eu entrei em pânico. Mas ninguém viu. Porque ser a mulher do dono do morro exige mais do que coragem: exige força. — Pega a toalha! — gritei para a doméstica, enquanto deitava Gabriel na cama com a ajuda de Zulu. — Já tô indo, Dona Carol! — ela respondeu, tropeçando nas próprias pernas. O sangue escorria pelo ombro dele. E não era pouco. Eu pressionava com um pano, tentando estancar a hemorragia, mas a cad

