A Proposta do Senhor Bennett

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Nicolas

— Mãe, nós já conversamos sobre isso. Eu realmente tenho que ir, não dá para adiar mais! —

— Mas, Nick, você é bem-sucedido aqui mesmo. Para que ir para longe da sua família, meu querido? — Ela retruca chorosa. Imediatamente olho para o meu pai abraçado a minha irmã mais velha em um pedido mudo de socorro. Ele solta o ar pela boca, se afasta de Amanda e se aproxima da esposa, que ainda está abraçada a mim. Então ele a faz afastar-se e a abraça por trás, deixando um beijo casco em seu rosto.

— Querida, deixe que ele vá. Se Nick disse que precisa dessa proposta para alcançar os seus objetivos, não devemos impedi-lo, certo? — Ela me olha com os olhos cheios d'água e confesso que é de cortar o coração, mas é preciso. E para o meu alívio, ela finalmente aceita o que o meu pai lhe pede.

— Tudo bem! Mas, terá que me prometer que ligará para mim todos os dias! — pede com autoridade, embora a sua voz esteja embargada.

— Duas vezes por semana, mãe! — rebato, erguendo dois dedos para ela. Dona Gisele revira os olhos para mim e bufa audivelmente.

— Tudo bem, duas vezes por semana, mas… Nick se não der certo quero que volte para casa. Prometo que estarei bem aqui te esperando. — Com um sorriso gigante, aproximo-me da minha coroa, a abraço e beijo os fios lisos e dourados da sua cabeça.

— Prometido, Dona Gisele! Agora eu realmente tenho que ir. Essa já é a segunda chamada do meu voo. — Ela se afasta imediatamente do meu pai e me abraça mais forte mais uma vez, voltando a chorar, depois, me solta relutante e eu abraço papai e depois a minha irmã

***

Minutos depois, entro no avião com destino a Inglaterra. Ponho as minhas malas em seus devidos lugares, me acomodo em uma poltrona perto da janela e aperto cinto de segurança. Como a comissária pediu, desligo os aparelhos eletrônicos e tento relaxar um pouco. Nascer na família onde só tem advogados não é nada fácil, principalmente quando você não quer ser um advogado. Sou do tipo aventureiro, gosto de estar ao ar livre, gosto das lentes, das câmeras, da sensação de liberdade e principalmente, amo a minha profissão! Quando fiz dezoito anos e informei para os meus pais em pleno café da manhã que queria ser um fotógrafo profissional, foi um deus nos acuda! Mamãe quase teve um infarto e papai ficou completamente catatônico com o pão parado na metade do caminho até a sua boca e eles levaram meses para se adaptarem as minhas escolhas. Gisele Albuquerque e Guilherme Albuquerque são advogados renomados e reconhecidos em todo o país. Meus avós, primos e primas por parte de mãe todos são advogados. E cara, eu até tentei. Fui para uma faculdade e não aguentei nem o primeiro período completo, sai correndo e entrei em um curso de fotografia e artes. E, aqui estou eu, e não me arrependo nem um dia se quer da minha escolha. Há duas semanas recebi uma ligação de um homem chamado Joan Marli dizendo que queria contratar os meus serviços por longos dois anos. Não perdi tempo e aceitei sua proposta e agora estou indo abrir mais uma empresa na Inglaterra e fazer o meu nome internacionalmente. Assim assumirei o trabalho dele e os que vierem pela frente. Mas, para isso, deixei Mikael meu melhor amigo e sócio cuidando da empresa no Brasil. Ficarei satisfeito em assumir a filial aqui na Inglaterra. Então, eu não trouxe uma equipe treinada comigo para esses serviços para não desfalcar a empresa do Brasil, isso quer dizer que terei que treinar algumas pessoas para chegar ao meu nível de trabalho aqui na Inglaterra, e espero que Aretuza consiga alguém esperto e ágil o bastante e que aprenda rápido, porque não tenho muito tempo a perder. Joan Marli é dono de um belo haras muito requisitado na Inglaterra e no mundo. E ele quer que eu faça fotos dos seus cavalos de raça e do seu comércio para uma revista esportiva e turística muito conhecida. O que me deixou bastante eufórico foi descobrir que ele viu e ouviu falar muito do meu trabalho e o requisitou imediatamente. E aqui estou eu para realizar o meu primeiro trabalho internacional e sei que será um grande sucesso. Outra coisa que me incentivou a largar tudo e vir para Londres foi July Limeira, a irmã caçula do meu sócio, Mikael Limeira. A garota e eu tivemos um relacionamento durante o ensino médio. Na verdade, foi apenas um namoro de adolescente, curtimos muito um ao outro e quando fui para a faculdade dei esse romance por encerrado. eu precisava de liberdade, me dedicar aos meus projetos, mas, parece que ela não entendeu isso, pois, estava sempre no meu pé, armava barracos quando eu saía na nigth com alguma garota, mandava mensagens ameaçadoras para minhas modelos e clientes, e isso se estendeu até alguns dias. Era um saco! Talvez dois anos longe do Brasil deva ajudá-la a me esquecer de uma vez por todas.

Chego em Londres de madrugada e sou recebido por uma chuva torrencial. Visto um casaco n***o para manter o meu corpo aquecido e desço do carro, correndo imediatamente para entrada do meu hotel. Vou direto para recepção e faço meu check in. Alguns funcionários levam as minhas malas para o meu quarto e recebo meu cartão-chave logo em seguida. Satisfeito, sigo para o elevador e em poucos minutos, estou em minha suíte presidencial. Dentro do meu apartamento, tiro o sobretudo, coloco em um cabide na parede do quarto, deixo os meus sapatos em um canto perto da porta e vou para o banheiro. Livro-me das minhas roupas, e largo tudo pelo chão, tomo uma ducha quente que me faz relaxar e fico debaixo d’água por algum tempo e quando saio, visto um roupão felpudo e branco, e volto para o meu quarto. Pego o meu celular e envio uma mensagem para mamãe avisando que já cheguei para tranquilizá-la. O relógio em cima do criado mudo marca três da madrugada, então no Brasil ainda é meia noite. Ela visualiza a mensagem e me manda um beijo em seguida.

Vou para a sala bem decorada com móveis modernos e me sirvo um drink no frigobar que fica bem próximo a uma parede de vidro. Sento-me no sofá camurçado cor de mostarda e bebo o uísque enquanto fito a cidade quieta demais. Minutos depois, visto uma box preta e me deito na cama, apagando em seguida.