— Então isso é tudo? Eu insisto. — Você vai olhar para o outro lado e deixar que fique por isso mesmo?
Perante isso, os olhos de meu pai brilham com uma ira ardente que não tinha visto em muito tempo. Esse fogo, essa fúria,
isso é o que lhe permitiu reinar no submundo de Los Angeles, durante tanto tempo.
— Você está me chamando de bobo, menino? Ele diz com a voz arrastada.
Menino? Ele me chamou de menino?
É um tapa na cara: Ele sabe disso, eu sei, Budimir sabe. Dem*ônios, o motorista no banco da frente e o cara do cachorro-quente na esquina da rua provavelmente também sabem.
O meu furor se incha no meu peito, mas eu engulo e mantenho a boca fechada.
O seu olhar continua cravada em mim. — O que houve? Ele questiona sem tirar os olhos de mim. — Não faço perguntas que não tem respostas. Você me acha um idi*ota?
Aperto os meus punhos com toda a força que posso. — Eu apenas obedeço, Dom. Digo com frieza.
— Bom. Ele diz com um sorriso. — É assim que deve ser.
Saímos da Range Rover e entramos pela porta lateral da Sereia.
Já está cheio até transbordar. As luzes se arquean no teto. Os corpos lotam a pista de dança. Acima de tudo está o ruído da
a música.
Mas não avançamos até a pista principal de dança. Um dos homens da Bratva, da equipe de segurança, nos leva por um corredor escuro até outro imponente portão de ferro.
Do outro lado, é onde será realizada a reunião. Sem dúvida, os outros chefes já estão aqui. O meu pai, não tolera atrasos.
Antes que o guarda-costas nos abra a porta, o meu pai levanta uma mão para indicar-lhe que espere.
Ele Se vira para mim e coloca uma velha e enrugada mão no meu pulso.
Franzo o cenho em confusão. — O quê? Pergunto.
Tenho que olhar no seu rosto, uma coisa que aprendi que eu não gosto.
— Você não vai entrar. Ele diz finalmente.
Eu fico em choque. — O quê? Eu perrgunto.
Budimir coloca uma mão reconfortante no meu ombro. — Está tudo bem, sobrinho.
Eu sacudo o ombro e volto para o meu pai. — O que diabos está acontecendo?
— Você não vai entrar, filho. O meu pai repete. — Hoje não. Você não está preparado.
Estou muito impressionado e furioso para falar. Ele me olha nos olhos e assente uma vez.
Então ele se vira de novo e atravessa a porta de aço.
Deixando-me sozinho no corredor, com a raiva fervendo nas minhas veias.
Esmeralda
HOTEL MONDRIAN — LOS ANGELES, CALIFÓRNIA
— Hooola chicaaa! A diversão chegou! Ouço a Tamara.
Me forço a sorrir quando a minha prima entra pulando na minha suíte do hotel Mondrian Los Angeles.
Tudo ela grita "garota festeira da alta sociedade". Vestindo uma minissaia de couro preto e uma blusa branca de linho de grande tamanho caindo descuidadamente, de um ombro. É muito californiano, muito na moda.
Mas ela para de repente, ao ver a minha cara de desânimo.
— Mesmo? Ela pergunta, fazendo uma cara feia. — É essa, as boas-vindas que você dá a sua prima favorita?
— O que te faz pensar que você é minha prima favorito? Eu respondo, revirando os olhos.
Ela franziu o nariz e remove o cabelo preto, comprido e liso, dos ombros. — Em primeiro lugar, é óbvio que sou. E em segundo lugar, oh, sim, definitivamente esta não é as boas-vindas que a sua prima favorita merece. Vou voltar a entrar de novo e tentamos, pela segunda vez,ok?
— Ok. Respondo com uma risada e n**o com a cabeça em direção a minha prima que é uma boba. Tamara é, sem dúvida, um bom momento e eu adoro quando passamos o tempo, mas hoje não estou de muito bom humor.
Não depois do que aconteceu um pouco antes de sair do México.
Tinha planejado passar toda esta viagem trancada no quarto do hotel.
Mesmo assim, uma parte de mim se alegra de não estar sozinha.
Eu fiquei de pé e corro até ela, lhe dando um abraço forte e apertado. Para a minha surpresa, até quando eu tento me afastar, ela se agarra a mim, prolongando um pouco o abraço.
— Você está bem, prima? Ela pergunta enquanto me solta.
Franzo o cenho. A Tamara, não é de se preocupar muito com as pessoas.
— Eu estou bem. Respondo dando de ombros, mas não me sinto nada bem.
A voz de Tamara é baixa. — Você tem estado horrível ultimamente? Ela não tem que dizer o nome do meu pai, para que eu saiba de quem ela está falando.
— Por que você perguntando? Eu pergunto
— Por isso. Ela diz, com os seus dedos percorrendo com ternura o hematoma ao longo da minha mandíbula. Os seus olhos estão muito abertos com simpatia.
—Oh. Eu tinha esquecido por completo da tapa. — Não é grande coisa.
Eu posso sentir os olhos de Tamara em mim por um momento antes de abrir a sua grande bolsa de couro. A suas madeixas loiras brilham à luz do sol enquanto ela mexe dentro da sua elegante bolsa.
Quando ela termina, está com um kit de maquiagem na mão e vem na minha direção.
— O que você pensa em fazer com isso? Perguntou, confusa.
— Vou corrigir o seu rosto.
— O meu rosto está bem. Eu argumento. — Já quase não dar para ver o hematoma.
— Sinto em discordar. Acredite em mim, você não vai querer que essa coisa fique exposta quando fomos para a boate mais tarde.
Eu começo a rir de deboche. — Eu odeio estourar a sua bolha, mas não vamos para nenhum lugar esta noite, exceto para a minha cama.
Tamara põe os olhos em branco e começa a tirar uma variedade de corretivo e um pouco de blush.
— Se ele não souber, não tem como ele fazer nada com você.
— Tamara... Digo.
— Cala a boca menina, a menos que você queira que eu fure o seu olho com o rímel. Ela diz sem pensar.
Desisto e deixo ela fazer o que quiser. É mais fácil do que discutir.
Os meus pensamentos flutuam sem rumo, enquanto contemplo o horizonte.
Imagino a voz do Papa no meu ouvido.
Sente-se na sua gaiola e cale a boca.
Sente-se e sorria. Não importa se você é feliz ou não. Só continue sorrindo
— Terra, para Esme! Onde você está com a cabeça, menina?
Eu pisco e olho para Tamara. — Não importa. Murmuro. — Que tal se formos para o spa agora? Realmente eu adoraria sair desta
quarto. Eu digo.
Ela não discute. Pegamos as nossas bolsas e fomos para o spa com dois dos meus novos guardas costas.
Me dou conta de que Tamara está fixada em Ansel. É o mais alto dos dois guardas e tem um par de tatuagens no rosto, que contribuem para a sua aparência perigosa. Estou disposto a apostar qualquer coisa e que isso é uma grande parte da razão por ela se sentir atraída por ele.
— Eu não faria isso. Eu sussurro, quando entramos no spa, deixando os meus guardas parados na entrada. — Com certeza, eu não me envolveria com ninguém, que trabalhe para meu pai.
Tamara balança a mão. — O que te faz pensar que eu quero me envolver com ele? Ela pergunta. — Só estou interessado em fo*der com ele. Ela diz despreocupadamente, mas me deixa atordoada. Talvez porque é uma idéia tão estranha.
Como se faz uma coisa dessas com um cara qualquer?
O spa possui exatamente dois tons, cinza pérola e marfim. Eu sei que ele está destinado a promover a paz e a cura, mas para mim é
triste, completamente desprovido de personalidade ou vida.
Uma mulher loira e pequena, nos recebe. Ela é tão pálida como o seu ambiente.
Ela nos leva a uma sala privada que é, surpresa, tão branca e sem graça, como o resto do spa.
— Por favor, entrem e fiquem confortáveis. Ela diz sorrindo. — Voltarei com lanches para as duas.
No momento em que a porta se fecha, eu viro para a Tamara, sentindo a imensa necessidade de desabafar. — Ele está tentando me casar, você sabia? O meu pai.
Os olhos de Tamara se ampliam. — Mas você só tem vinte e dois anos!
— Aparentemente, isso não importa. Eu digo. — Nada do que eu quero que importa. E não creio que algum dia vá importar.
— Você tem que sair daqui.
— Sim. Assento com a cabeça. — Isso é exatamente o que eu preciso fazer. Mas não posso ver uma saída desta vida.
— Não. Diz Tamara, balançando a cabeça. — Eu quero dizer, fora do spa. O que você precisa é tomar o controle da sua vida, e isso começa com pequenos passos.
Eu reviro os meus olhos. — Isso é um elaborado plano para eu ir com você, está noite a boate?
Tamara coloca uma das suas mãos na minha perna. — Ok, esqueça de mim. O que você quer fazer hoje?
— Você realmente se importa? Eu digo.
Tamara grita e aplaude com entusiasmo. — Então parece que o meu plano é o vencedor!
Eu suspiro. — Você está esquecendo os dois guardas armados que nos esperam fora do spa?
Ela rola os seus olhos com desdém. — Por favor, menina. Eu saio escondida desde os treze anos. Ela diz. — Esses dois não me assusta. Se nós pegarem... bem, simplesmente terão que nos castigar não é? Ela me diz com um olhar de malícia.
Eu não posso evitar de rir. — Você está louca.
— Vamos lá. Vamos embora. Diz Tamara com entusiasmo. — Por favor, por favor, por favor?
Me dou conta que, na verdade, eu tenho vontade de ir.
Uma noite de festa com a minha prima, quem nunca ouviu falar do conceito de ter algo de que se preocupar, soa como o antídoto perfeito para todo o meu desespero.
Mas depois eu penso em Miguel.
A imagem dele espancado e ensanguentado na cadeira tem me perseguido há dias.
O que aconteceu foi culpa minha.
— Eu não sei. Digo nervosa. — Vamos desfrutar do nosso encontro no spa sim? Não temos que fazer nada imprudente agora mesmo.
Tamara suspira ruidosamente, mas a ignoro e mudo a minha roupa pelo macio roupão de banho que nos deixaram.
Me deito na mesa do spa e tento relaxar, mas me dou conta de como o meu corpo está tenso. Não importa o quanto tente respirar, nunca posso ter o suficiente de ar nos meus pulmões.
Assim será a minha vida durante nas próximas décadas.
Completamente horrível.
Intermináveis citações no spa, ações particulares de piano para os colegas de papai, eventualmente, um pesadelo de casamento com um Homem nojento.
Serei uma boneca viva, sem voz e sem liberdade. Preso para sempre no meu mundo sem cor, contando arrependimentos como outras pessoas contam o dinheiro.
Eu levanto rapidamente da mesa, e pego a minha roupa.
Tamara me olha surpresa. — Menina, o que está acontecendo?
— Novo plano. Sair daqui agora mesmo. Digo, antes que eu mude de opinião.
— O que?
— Vamos. Eu digo.
Um deslumbrante sorriso ilumina o rosto de Tamara. — Agora, sim, estamos falando a mesma língua. Siga o meu exemplo.