De imediato me dou conta de duas coisas.
Em primeiro lugar, é mortalmente bem parecido com um dos homens do meu pai. É grande, musculoso, de mais de 1,80 metros e com tipo físico de atleta. Os seus traços são um pouco exóticos, mas ainda comuns. Estrangeiro, talvez. Sua pele é escura. Cabelo escuro. Olhos escuros. Tudo escuro, na verdade.
Seu nariz é afiado, orgulhoso, aristocrático. Suas maçãs do rosto são bem definidos, a sua mandíbula é um quadrado agressivo que compensa o volume dos seus lábios.
Poderia dizer que ele é "bonito", mas essa palavra simplesmente não é apropriada para ele. Não com a barba que cobre a sua mandíbula, e a penetrante franqueza de seus olhos, a forma descuidada em que passa os dedos pelo cabelo, como se não tivesse pensado em fazer isso em toda a sua vida.
Percebo que outras pessoas, também olham para ele. Os seus olhos se dirigem a ele, da mesma forma que os meus.
É um homem o que as pessoas querem se aproximar.
Mas têm medo de se aproximar, muito.
Posso entender esse sentimento. Estou a cem metros de distância dele, com mil pessoas entre nós, e até eu tenho um pouco de medo.
Há algo na forma imprudente em que ele observa a multidão, a forma arrogante em que se apoia no quadro da porta...
Parece o tipo de homem que quebra coisas e ri disso.
A segunda coisa que noto nele é a forma em que ele me olha.
Estou habituada que me olhem, me admirem, me desejem. Tamara e eu estamos fora por menos de três horas e já dá para encher um estádio com a quantidade de homens que comentaram sobre a minha b***a ou sei*os.
O ponto é que estou familiarizada com os olhares de luxuriosas dos homens.
Esta é... não é isso. É diferente.
Este homem não está me comendo com os olhos, como fazem outros homens. Seu olhar é reflexivo. Quase curioso.
Mas há um limite de possessividade em sua postura. Um sentido de propriedade que eu não entendo.
— Esme? Eh... para onde você está olhando...? Oh! Ele diz e para quando se dá conta de quem tem a minha atenção.
Sob meus olhos instantaneamente, envergonhada de ter sido pega. — Por*ra... isso sim que é um homem. Diz Tamara e eu sorrio
maliciosamente. — Sabe como escolher menina.
Eu rio com desprezo. Posso contar com dois dedos o número de homens com que já transei.
Mattias, o assistente do homem que limpava a piscina nas instalações de minha família. Meu pai fez com que batessem nele, até que ele ficasse sem sentido quando descobriu que nos estavamos juntos.
Em seguida, Felipe, o filho de um fornecedor do papai, que fazia negócios. Papai também soube dele. Teve o pai do homem trancado no porão durante um mês.
Eu Nunca mais voltei a ver nenhum dos dois.
Assim, é seguro dizer que não tenho nem idéia de "como escolher".
— Vamos. Eu digo, agarrando a mão de Tamara, e seguindo em direção ao bar. — Vamos beber alguma coisa.
— A mer*da com isso. Diz Tamara, com os olhos ainda fitando o homem.
— Vamos falar com o deus grego com queixo de super-homem.
— Não. Digo, sem hesitar.
— Por que não? Diz Tamara, fazendo-me virar para olhar para ela. — Ah, já vi tudo... você gosta dele.
Eu rolo meus olhos, tentando fingir que nada disso me afeta.
— Para, Tamara.
— Você gosta. Ela ri. — Admita isso. Você se sente atraída por ele.
— Eu...bem... quero dizer, ele não é atraente...
— O eufemismo do ano. Ela brinca.
— Mas também não importa. Eu digo para ela. — Temos que ir embora.
— De que me*rda você está falando? Ela pergunta. A noite acabou de começar!
— O que significa que o Papa, provavelmente, tem seus homens percorrendo Los Angeles em busca de nós, neste momento. Eu digo. — Devemos ir.
— Eu pensei que íamos para o bar! Diz Tamara fazendo beicinho. Claramente ainda não está pronta para sair.
Nesse momento, tropeça e gira o tornozelo com seus saltos de agulha de 10 centímetros, caindo em meus braços, com um grito.
A agarro, graças a Deus, mas é um indício de que a noite deveria terminar muito antes do que ela quer. Bebeu muito mais que eu e
começa a ficar um pouco perdida.
— Está bem. Eu acabo cedendo. — Vamos até ao bar. Eu digo. Meu plano verdadeiro é dar para a minha prima um grande copo de água, mas ela não tem que saber ainda.
Nós abrimos caminho até o bar, passando pela pista de dança, rejeitando as ofertas de um monte de homens diferentes que, de todos os modos nos agarram quando passamos.
Eu me afasto das suas mãos, me estremecendo, mas Tamara se deleita com isso.
Quando chegamos ao bar, Tamara de imediato pede ao barman. Um Moscow Mule, e começa a flertar descaradamente com ele.
A ignoro e me viro para observar a multidão.
— Você é muito sexy. Alguém diz muito perto de meu ouvido.
Ignoro a grave voz por um segundo. Mas o toque de um dedo no meu ombro é muito invasivo para ignorar.
Eu giro e olho para o homem que parou atrás de mim. É enorme e tem a forma de uma rocha com uma camisa pret*a muito apertada e seu sorriso com enormes dentes.
Algo nele me dá arrepios.
Assim, só lhe dou um sorriso tenso de 'não, obrigado'e lhe dou as costas com firmeza.
Ele não parece entender a mensagem.
— Que tal se eu convidar você para um drink, boneca? Ele volta a sussurrar no meu ouvido.
O miro e n**o com a cabeça. — Não, obrigado Respondo secamente. — Minha amiga já comprou nossas bebidas.
— Sua amigo está bêbada. Ele diz, inclinando-se um pouco para mim. — Que tal se nos livramos do reator e nos divertimos um pouco?
— Boa idéia. Se estamos nos desfazendo do reator por que você não vai a mer*da e vai se desagradavel com mais alguém ? Eu digo com raiva.
Parece que a repentina onda de ansiedade me tornou mais agressiva que de costume.
Esta era uma ideia engraçada, uma boa idéia... até que deixou de ser. Agora, só posso pensar, mais uma vez, em Miguel.
É hora de voltar para casa.
Não capto a reação do Homem Rocha, porque justo nesse momento, Tamara vomitar a bebida que havia pedido... justo sobre o balcão do bar.
O barman que ela estava flertando, até agora pouco ela me olha com um olhar assassino quando ele se vira para mim.
— Bem, ela está no limite. Ele diz. — É hora de levá-la para casa.
— Bem dito. Assento com a cabeça e agarro a Tamara, afastando-a do balcão. Ela não resiste desta vez. De fato, na realidade, geme um pouco.
Então eu sei que algo está realmente errado.
— O que bebeu de diferente? Eu pergunto.
Ela tem o braço em volta de meu pescoço, então é difícil para mim ver o seu rosto. Mas uma rápida olhada de soslaio me diz que ela não está bem.
— Esme, eu não me sinto tão...ugh ...
Ela para de falar. O olho tornar-se um desagradável tom de amarelo bem na frente de meus olhos.
— Oh, Deus. Suspiro. — Nós temos que ir para casa agora mesmo.
Tamara n**a com a cabeça violentamente. — Não é... Ugh! Banheiro... Eu quero ir ao banheiro. Mer*da!
Parece que ir para casa agora, está descartado. Faltam cerca de sessenta segundos para que comecem os vômitos.
Balançando a cabeça, tento mantê-la o melhor que posso, enquanto a arrasto e passo ao lado de Homens Rocha até o banheiro, do outro lado do clube.
No caminho, vários homens me abordam oferecendo 'ajuda' para levar Tamara.
— Venha, querida. Deixe-me levá-la para você. Se você está com ciúmes, levo você também.
— O que você vai me dar se eu te ajudar com a sua sexy amiguinha?
— Eu gosto das minhas mulheres apenas conscientes enquanto eu fo*do com elas.
Continuo agindo como se não ouvisse nada. Apenas mantenho a cabeça baixa e corro, ignorando os comentários, assim como os olhares e os apitos de lobo.
Os homens são vis.
Os homens bêbados são ainda mais.
Estou ofegante quando chegou aos banheiros.
Tamara parece ainda pior do que no bar. Seu rosto é de um verde antinatural e os sons que saem dela são como de bebê gofando misturados com um disjuntor de lixo bloqueado.
Mer*da. M*aldita mer*da. Me*rda.
Eu tenho que chutar a porta do banheiro para abri-la, e conseguimos entrar.
Pela primeira vez desde que vomitou na bar, Tamara se move por vontade própria. Suas pernas borrachas e cambaleantes a levam para uma das cabines abertas.
Em poucos segundos ela ajoelha no vaso.
Reprimindo o meu próprio reflexo de náusea, eu me aproximo e seguro o seu cabelo.
Tamara se agarra ao vaso como se fosse um salva-vidas.
Nesse momento, agradeço que Tamara tenha decidido por um dos clubes mais exclusivos da cidade. Há piores chão para se ajoelhar, este pelo menos está limpo.
Passa algum tempo. Eu não tenho certeza de quanto. Três ou quatro minutos, não sei dizer exatamente.
Mas, finalmente, por sorte, os vômitos de Tamara diminuem.
Tiro outra mecha de cabelo da frente do seu rosto suado.
— Tami, querida? Você se sente um pouco melhor?
— Ugh. É tudo que ela consegue dizer.
Pelo menos parou de vomitar. Deixei ela cair contra a parede do cubículo e suspirar profundamente, fazendo uma careta.
Ainda há uma gota de vômito correndo de um lado da sua boca. Pego um pouco de papel higiênico e molho um pouco no lavatorio. Depois eu volto até Tamara e a limpo um pouco.
Ela só fica ali, quase sem vida, com os olhos fechados. É como limpar um cadáver.
— Tamara. Eu dou um tapinha em seu rosto. — Ei, querida, vamos para o seu apartamento, o que acha? Você pode dormir quando chegarmos lá.
— Não. Ela se queixa, fechando os olhos. — Estou muito cansada. Deixe-me descansar.
Me acalma um pouco com o fato de que ela está falando de novo com frases completas e coerentes, e sua cor, definitivamente, parece melhor. — Mas você precisa descansar, e você definitivamente vai ter uma ressaca de morte pela manhã. Estamos em um banheiro. Eu digo para ela. — Estamos na banheiro do clube, Tami. Você vai se sentir melhor em sua própria cama.
— Cinco minutos. Ela diz, com os olhos ainda fechados. — Por favor? Eu só quero descansar.
E ela apaga, deixando-me de joelhos, de frente para ela, frustrada e esgotada.
Bem. Acho que posso dar-lhe alguns minutos.
Puxo Tamara contra a parede do cubículo, para que não caia no chão, depois eu volto ao banheiro para lavar minhas mãos.
Ainda estou enxaguando as mãos quando sinto alguém me olhando.
O pêlo em minha nuca se arrepia enquanto levanto o olhar para o espelho de frente para mim.
É então quando vejo seu reflexo no espelho.
Está parado logo atrás de mim, apoiado na moldura da porta com uma carranca.
É o homem do bar, que me ofereceu uma bebida antes de Tamara vomitar.
O Homem Rocha.