Muralha narrando Ela demorou a dormir. Demorou como se o próprio corpo lutasse contra o descanso. Como se a mente dela não conseguisse acreditar que, por uma noite, podia se render. O peso no meu peito aumentava a cada suspiro cansado que ela soltava, a cada movimento que fazia tentando encontrar algum alívio no meu abraço. Eu mantinha o braço firme em volta dela, mas a cabeça já girava, fervendo no ódio, contando os segundos pra ela finalmente apagar. Porque eu precisava ir. Precisava subir aquela p***a daquela favela e acabar com a raça do Coringa antes que o sol nascesse. A cada vez que ela se ajeitava em mim, me segurando mais forte, eu sentia que seria mais difícil sair dali sem acordá-la. Mas eu não podia falhar. Não hoje. Não depois do que eu ouvi. Do que eu vi nos olhos dela.

