Bárbara narrando O barulho dentro daquele galpão parecia vibrar nos meus ossos. O cheiro era horrível, mistura de cerveja choca, maconha, suor, sangue, medo. Eu não sei o que doía mais, se era o meu corpo, ainda pesado do dia inteiro correndo atrás de dinheiro, ou se era a minha cabeça, latejando por saber onde eu tinha me enfiado. Mas quando anunciaram meu nome, tudo ficou num silêncio interno pra mim. O locutor arrastou a voz, como quem tentava animar uma platéia sedenta de carnificina. Ouvi meia dúzia de vaias, uns gritos masculinos “Ai, que delícia, já vai pelar hoje!” e outros só rindo alto, apostando a derrota. Ignorei. Engoli seco, sentindo o protetor bucal pressionar meus dentes, e segui andando. Foi quando passei pelo Muralha. Ele tava lá, encostado na grade, completamente séri

