Muralha narrando Deixei a favela toda na mão do Lobo naquela manhã. Orientei, deleguei, garanti que nada sairia do controle durante minha ausência. Sabia que ele daria conta. Ele é leal, frio na hora certa, quente na bala se precisar. E naquele dia, eu precisava de cabeça fria. Porque eu tava indo pra pista resolver o que nenhuma guerra jamais poderia resolver com fuzil na mão. Assim que eu cheguei no escritório principal, logo percebi que tinha alguma coisa fora do lugar. A atmosfera estava densa, desconfortável. Aquela movimentação dos funcionários, os olhares baixos, os cochichos abafados… tinha algo errado ali. E eu ia descobrir o que era, mas naquele momento, meu foco era outro. Passei direto pela recepção, cumprimentei alguns dos que estavam mais próximos, sem parar, sem sorrisos

