Lobo narrando Minha cabeça tava o próprio inferno. A mente fervia, martelando tudo ao mesmo tempo, como se cada lembrança, cada decisão errada, cada erro que eu cometi gritasse dentro de mim. Enquanto eu pilotava minha moto pelas ruas estreitas do morro até o hospital, o capacete abafava tudo, menos o som da minha própria respiração ofegante e o peso do choro que descia. Eu nem tentava conter. Era lágrima de ódio, de frustração, de vergonha. Lágrima de quem quase morreu. De quem quase deixou a própria mãe órfã de filho a troco de nada. Lágrima de quem entendeu, tarde demais, que confiança m*l colocada custa caro. Que lealdade m*l direcionada pode virar sentença de morte. Se fosse qualquer outro dono de morro no lugar do Muralha, eu tava morto. Cravado, enterrado, esquecido. Mas ele não

