Bárbara narrando Assim que dobrei a esquina da minha rua, já vi as mesmas figuras de sempre: as velhas fofoqueiras sentadas na calçada, braço cruzado, olho afiado, prontos pra sugar qualquer novidade do dia. O Volvo preto, todo chique, chamou mais atenção do que rojão em dia de baile. Desci do carro com a chave na mão e fechei a cara, daquele jeito que todo mundo já entende: não tô pra papo. Ainda assim, senti os olhares me seguindo até eu bater o portão. Entrei em casa e já senti o cheiro de alho fritando. Minha mãe tava na cozinha, mexendo as panelas como quem já tava adiantando o almoço. A cozinha pequena parecia abraçar o cheiro de comida boa. Passei pela porta e vi meu irmão na sala, com o iPad apoiado na mesinha que adaptamos pra ele, repetindo umas frases em inglês com sotaque en

