Capítulo 5

1145 Words
Eu acordo e está escuro. Muito escuro. Tento me lembrar se fechei as cortinas na noite anterior. O lugar onde estou deitada me parece estranho e desconfortável. Eu me mecho de um lado pro outro e minha mão vai para baixo de mim para tirar alguma coisa dura que cutuca meus quadris. Eu sinto uma forma estranha e aproximo ela do rosto para conseguir enxergar melhor... E é então que eu vejo a mão de plástico pertencente a alguma bruxa. Ela escorrega da minha mão e cai seca em cima de mim, e depois desliza até o chão. E eu continuo congelada ainda processando meus milhares de pensamentos e lembranças que me atingem como um turbilhão. Passa tudo ao mesmo tempo na minha mente, meu medo, minhas escolhas e também as consequências delas... Eu tô fodida. Muito devagar eu me levanto de uma pilha de tecidos e tralhas. Agora me diga, como ainda por cima depois disso tudo, eu aparentemente peguei no sono?? Eu devo ter titica na cabeça, vindo com defeito de fábrica, pois isso não é algo que se faça!! Eu lembro da minha amiga Alice, e como ela me acusou mais de uma vez de rir na cara do perigo, e que um dia eu pagaria as consequências dessa idiotice. Eu com certeza não poderia contar a Alice o que aconteceu aqui hoje. Eu me levanto, o mais silenciosamente que consigo (caso o Sr. mistério ainda esteja por perto e resolva dar as boas graças) e mais envergonhada do que nunca, começo a pegar as roupas espalhadas. Tentou também encontrar o que resta da minha dignidade no caminho. Era pra eu ser a droga de uma boa garota, que não fode com caras estranhos numa casa dos horrores. Sinto o arrependimento quase me comendo viva. Quase, por que eu não consigo me esquecer do que fizemos. Ainda sinto sua língua em mim, e minha b****a levemente dolorida já pulsa por mais. Estou perdida, mas não é hora de chorar pelo leite derramado (literalmente) ,. É hora de dar o fora desse lugar e nunca mais encontrar esse cara na minha vida. Abro a porta do cômodo onde estávamos, e ando na pontinha dos pés, enquanto visto minhas roupas amassadas. Menos minha calcinha, que não consegui encontrar em lugar nenhum. Nem muito da minha dignidade, pra ser sincera. Eu ando muito menos do que eu andei por esses corredores do que eu tive que CORRER ontem a noite. Talvez pela minha sorte desgraçada de ontem que me levou apenas aos becos sem saída, não me deixando muito mais opções a serem exploradas, OU TALVEZ TENHA ALGUMA ENTIDADE, PEGANDO UMA PEGADINHA MUITO i****a AS MINHAS CUSTAS. Saio da casa dos horrores e o parque agora está VAZIO, sem UMA ALMA VIVA, e o céu é uma grande lona preta, me dizendo que deve ser muito tarde da noite a essa hora. isso SIM parece um cenário de terror. Sério?? que lugar bizarro. Eles não tem segurança? Não tem câmeras ou qualquer coisa do tipo? por que não conferiram se ainda tinha gente aqui dentro?? ...Talvez as histórias desse lugar estejam certas, é um ótimo lugar pra alguém desaparecer e virar lenda. Vou até a entrada do parque, e estava trancada, como era de se esperar de um parque à noite. Levo alguns minutos circulando o lugar até achar um buraco na grade, e assim que passo por ele já vejo umas três bicicletas rabiscadas e cheias de adesivos colados, encostadas perto do buraco de entrada. Fico feliz por não ter encontrado as crianças a quem deve pertencer elas, com certeza iria assustá-las com a cara de assombração que eu deveria estar agora, com minha maquiagem borrada e possivelmente com olheiras enormes. Chego até meu carro com facilidade, feliz por ter marcado de me encontrar com Steven aqui, ao invés de ter ido com ele no carro. Eu sabia que as coisas não estavam muito bem entre a gente e que era questão de tempo pra alguma coisa estourar, o melhor que podia fazer era garantir que quando isso acontecesse, eu não iria ficar na beira da estrada sozinha tarde da noite. Eu espero mesmo que ele me deixe em paz depois de hoje, não estou afim de ter que lidar com ele mais uma vez. Ainda não acredito no que ele tentou fazer comigo. Dirijo para casa com tranquilidade, graças a falta de carros nas ruas. Assim que chego, vou para meu banheiro, ligo a torneira e deixo a agua quente encher minha pequena banheira, que é a única coisa que me fez ter certeza de que era essa casa que eu queria alugar. Eu geralmente não uso, mas foi um dia muito muito longo e eu mereço. Quase durmo em meio a espuma, mas faço um esforço pra me manter acordada até sair do banho, colocar minha camisola de cetim e apagar na cama. ◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆ As lembranças da noite de ontem vem à minha mente enquanto organizo os livros na prateleira em ordem alfabética e por nome de autor. Meu trabalho geralmente é entediante o suficiente pra minha cabeça viajar pra onde quiser, mas hoje ela tem lugares até demais pra viajar, e as viagens não são nada do que se imaginaria que uma bibliotecária estaria imaginando. Trabalho em uma pequena livraria perto do centro da cidade, gosto do que faço e é uma boa forma de ganhar dinheiro sem ter que fazer nada que vai me esgotar de cansaço pela semana toda. Eu leio livros, catálogo, organizo, mantenho tudo do jeito que gosto e de vez em quando mando alguém fazer silêncio como se fosse uma velha chata. Talvez eu seja por dentro, mas isso é um segredo só meu e dos visitantes. Ainda penso na minha calcinha desaparecida, e como se não bastasse, tive um sonho maravilhoso onde um homem mascarado estimulava o meu c******s com um cabo de machado. Eu nunca tive um sonho assim quando estava com o Steven, e isso só me faz pensar mais ainda em ontem a noite. Chego na última prateleira retirando todo pó e colocando os títulos e autores por ordem alfabética quando o sininho da porta da biblioteca toca baixo. Eu me viro em direção a porta e um homem de rosto familiar entra. Eu reconheço a sua barba m*l feita e a camiseta apertada que deixa a mostra um pedaço generoso da sua barriga de cachaça. Ele não é uma visão muito bonita. Eu aperto meus olhos tentando me lembrar de seu nome, e "Will" me vem à mente. Ele não é muito de vir à biblioteca, e nós não somos amigos (na verdade nem perto disso). Tudo que eu sei dele é que tem negócios com o meu irmão, então logo me preocupo.
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