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1988 Words
Aurora — Ai, vocês três já tão altinha ein? Se controlem pra não passar vergonha. — Kauê falou e sai andando. — Tsc, até parece! — Paloma resmungou. — quem liga né? Amanhã é outro dia, é só dormir que passa. — Hoje tá sendo incrível, nunca tirei um dia assim só pra mim. — Tu devia aproveitar mais, viu? Viaja pra vários lugares e nem tira uma folguinha pra beber e curtir? Daí é s*******m gata. Continuamos bebendo, sentada na beira da piscina, onde a maioria dos meninos estavam. Assunto era o que não falta pra gente comentar. — Tem umas meia-hora que tem um vapor olhando a Aurora — Aline comenta e eu olho pra onde ela encara, vendo um homem. — mas alá, Jacarezinho também percebeu, tá bravinho. — diz e tombando a cabeça rindo. — Acho que tá na hora de você desgrudar da gente e ir lá fazer o seu, né. — Pá tira o copo da minha mão e eu encaro ela, sem entender nada. — vai lá provocar o Guilherme pra tu sentar mais tarde, mulher. Se fosse a Aurora de ontem, ela não iria. Mas a de hoje, gargalhou se levantou e foi, numa coragem que nem ela sabia ter. Achei que a qualquer momento iria esburacar no chão de tão mole que eu fiquei. Não sabia se era por todo líquido alcoólico que eu ingerir, ou se era ele que me deixava assim. — Parece que alguém bebeu além da conta. — Guilherme diz assim que eu me sento do lado dele. — Não acho, nunca estive tão bem em toda minha vida. — meu olhar se encontra com o dele e eu sinto como todas as vezes, meu corpo entrando em colapso. — Então tu tá me querendo também? — pergunta, seu olhar sobre mim dizia muita coisa, que eu não soube interpretar no momento. — Se tu for um Iphone 12 pro Max, provavelmente. — Tu pode até ter comprado os outros com essa história barata, mas eu tô ligado da verdade! — fala e eu me aproximo. Meu rosto quase grudado no dele, e o cheiro que exala do seu perfume me deixa mais ansiosa. — Pode parecer loucura, mas eu estou te querendo muito, satisfeito? — resmungo agradecendo por ter bebido o suficiente pra ter coragem de dizer, sentindo que amanhã com toda certeza, vou me arrepender. — Viu? Foi só questão de tempo até eu conseguir o que eu queria. — acrescenta e num piscar de olhos, suas mãos me tiram da cadeira que estava sentada como se eu não pesasse nadinha, e me colocou em seu colo. Não tive tempo de reclamar e nem queria, pois sua boca grudou a minha com muita necessidade, uma das suas mãos que estavam na minha cintura, subiu até o meio das minhas costas, causando arrepios por todo meu corpo. O seu beijo tinha gosto de de álcool misturado com hortelã. Ou era minha boca que estava com gosto de álcool? Nessa altura, já não me importava mais, só queria que o beijo não terminasse nunca e que eu pudesse morar pra sempre em seus lábios. O ar faltou e nos separamos, ofegantes. A cena dele depois desse beijo era a coisa mais linda e eu gravei cada detalhe na minha memória. — Você beija bem. — digo sorrindo e antes que eu pudesse sair do seu colo, ele me prendeu. — Tá achando que vai aonde? Agora que tá bom da gente ir ali. — já estava sem nenhum pingo de juízo então só disse: — Está esperando o que? Vamos. — ele me colocou em pé na sua frente e enroscou o braço na minha cintura. Percebi que todos praticamente já não estava mais na piscina e as coisas não são como a gente quer, porque a "irmã dele" surgiu como uma assombração. — Gui, será que agora tu pode me dar um pouco de atenção? Você sabe que as meninas não gostam de mim. — A gente tá um pouco ocupado agora, porém mais tarde ele te dá atenção sim viu? — puxei ele que começou a me acompanhar deixando a bruxinha pra trás. — ei, você que tem que me guiar. — Qual foi? Tô deixando tu ir, seja lá onde quer que for. — o sorriso dele se abriu e eu revirei os olhos. — isso mesmo boba, já já tu vai revirar desse jeito pra mim. — Oh safadeza viu. Bora lá, depois vocês transam. — Kauê apareceu e saiu puxando a gente para dentro da casa. — pessoal vai fazer karaokê, tá ligado? Dessa vez foi o Guilherme que ficou emburrado e só ouvir ele sussurrando um: "empata f**a do c*****o" — Ai, eles chegaram. Vai deixa os dois irem primeiro! — Paloma gritou assim que pisamos na sala. — que musica vocês querem? — Qualquer uma que eu saiba. — já estava completamente animada com a ideia. — vem cá, vamos escolher uma. — chamo o Guilherme, que primeiro faz uma careta, mas aceita de qualquer forma. No fim, todos concordaram que teríamos que cantar Evidências - Chitãozinho e Xororó. — Vai amiga, começa e arrasa! — Aline incentiva e eu vou na dela. —Quando eu digo que deixei de te amar É porque eu te amo Quando eu digo que não quero mais você É porque eu te quero Eu tenho medo de te dar meu coração E confessar que eu estou em tuas mãos Mas não posso imaginar O que vai ser de mim Se eu te perder um dia. — canto e passo o microfone pra ele. — Que isso, achei que ia cantar a musica toda sozinha. — ele reclama arrancando gargalhadas de todos enquanto espera o tempo da música voltar. — Eu me afasto e me defendo de você Mas depois me entrego Faço tipo, falo coisas que eu não sou Mas depois eu nego Mas a verdade É que eu sou louco por você E tenho medo de pensar em te perder Eu preciso aceitar que não dá mais Pra separar as nossas vidas. Ele se aproxima de mim, e com uma mão na minha cintura, compartilhamos o microfone para cantar o refrão, mesmo sabendo que as vezes cantamos errado e desafinado. — E nessa loucura de dizer que não te quero Vou negando as aparências Disfarçando as evidências Mas pra que viver fingindo Se eu não posso enganar meu coração? Eu sei que te amo! Chega de mentiras De negar o meu desejo Eu te quero mais que tudo Eu preciso do seu beijo Eu entrego a minha vida Pra você fazer o que quiser de mim Só quero ouvir você dizer que sim! Diz que é verdade, que tem saudade Que ainda você pensa muito em mim Diz que é verdade, que tem saudade Que ainda você quer viver pra mim. — Pô, vai ter o dono do morro cantando sertanejo raiz sim, tá ligado? É liberdade de expressão. — Mathias fala gargalhando. — Ainda bem que tu é artista e não cantora amiga, se não tu ia passar fome. — Pá pega o microfone fazendo o Guilherme rir. —Tu também Gui, só é rico porque é bandido se não, coitado! — Tá tirando em magrela! — ele puxa o cabelo dela de leve, e eu me sento no chão, pra esperar as próximas pessoas a se aventurarem no karaokê e logo ele está sentado do meu lado. — a gente arrasou pô, tu sabe que é inveja deles. — Eu sei, fomos os melhores! — eu pisco pra ele e o mesmo sorrir negando. Já era bem tarde, estava todo mundo bêbado e aos poucos a casa foi esvaziando restando somente Paloma, Aline, Guilherme, Kauê e eu. Paloma estava deitada com a cabeça no colo da Aline e as duas falando nada com nada. Os dois rapazes e eu compartilhávamos um sofá enquanto os dois também conversavam e eu só escutava. — Ai, vou chegar ali, levar essas duas embora. Minha mãe vai endoidar por conta da Paloma. — ele faz um comprimento de mão com o Guilherme e vem até mim. — quer uma carona? Antes que eu pudesse responder o enxerido do Guilherme me puxou pra ele, como se eu fosse uma boneca de pano e disse: — Pode adiantar o teu, que daqui a pouco eu levo ela. — Kauê me olhou, como se quisesse saber se estava tudo bem e eu fiz que sim com a cabeça. — Então falou, vou indo nessa! Bora Paloma, se apruma e vamo embora, que eu te disse pra não exagerar, sua filha da p**a. — o irmão chama ela e a mesma levanta cambaleando e sai resmungando com a Aline. Acabou que ficamos nos dois, sozinhos. Aquela ansiedade pro que vinha depois, deu lugar para a expectativa. E foi assim que eu tive a melhor noite da minha vida. […] Acordei com minha cabeça explodindo. A pouca claridade que entrava pela janela, mostrava que o quarto que eu estava, cujo o dono do meu lado, era o Guilherme. Aos poucos as memórias de ontem foram entrando na minha cabeça e eu só sabia sorrir. Sorriso esse que foi desmanchando ao lembrar dos meus tios. Porra! Já era quase quatro horas da tarde, quatro. Sair pegando minhas roupas espalhadas pela o chão e na mesma o Guilherme acordou, racionando o que estava acontecendo. — Pô tu já tá indo embora? — se sentou e coçou os olhos, ainda sonolento. — Meu tio vai me matar! Olha as horas. —Vou colocar uma roupa e te levo lá. — ele levantou e eu nem protestei. Precisava chegar no circo em menos de 5 minutos. Vesti minha roupa em um minuto, juntei meu cabelo de qualquer jeito. A resseca estava pra me judiar mas não podia me dar ao luxo de ficar deitadinha com esse homem enquanto espero melhorar. — Mas tarde tu vai vim dormir comigo? — pergunta enquanto dirigia calmamente. — vou te buscar depois que acabar lá. — Não sei, acho que não vou sobreviver até a noite e se isso acontecer meu tio não vai me deixar sair. — Quem manda aqui sou eu, pô! — diz, me fazendo suspirar fundo. — Você pode até mandar, mas daqui uns dias vamos embora e aí minha vida vai continuar sendo um inferno. — sua mão atingiu minha coxa, em um gesto gostoso. — Então não vai, fica aqui comigo.— o sorriso dele aumentou, e eu acabei sorrindo também. — Se eu ficasse, talvez você não conseguiria se livrar de mim, então é melhor não. — Acho que seria ao contrário. — fala parando em frente o arco de entrada. — e pensando bem, tu viveu a vida toda livre né? Eu não vou ser egoísta a esse ponto. Ouvir ele dizer aquilo, me deixou paralisada! Ele realmente queria que eu ficasse? Mas ele abriria mão desse desejo por achar que eu não iria gostar ou querer? Sentir vontade de dizer que nenhum outro lugar me deu tanta vontade de ficar além daqui, queria ouvir ele insistindo mais um pouco, pra mim ficar, tenho certeza que eu não resistiria. Mas fui fraca, tive medo do desconhecido. — Eu te entendo, não precisa dizer nada! Tu é uma mina maneira, gradei muito de ti, mas é isso né? Quem sabe daqui um tempos. Acho que também me emocionei nas ideias. — Não é isso Guilherme… — tento explicar mas como se ele tivesse entendido, segurou minha mão e me puxou pra ele, juntando nossas bocas. — Aurora, meu pai está te esperando! — Jade surgiu das profundezas do inferno, interrompendo nosso momento. Suspiro fundo, me afastando do Guilherme. E apenas com um aceno eu me despeço dele. Já sabia o que me aguardava, mas pouco me importava, eu estava feliz demais pra deixar qualquer um acabar com isso.
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