Capítulo Dois — Elisa

3014 Words
— Filho! Vamos você vai se atrasar para escola e eu para a minha residência, você sabe que a mamãe não pode atrasar para da entrada no hospital. O Tarcísio é sempre assim, não adianta eu apressar, todas as manhãs é o mesmo sufoco, pelo o menos de segunda a sexta para que nenhum dos dois cheguem atrasados. Meu filho tem 11 anos e o meu orgulho, não tenho motivos para me arrepender de ser mãe, mesmo não tendo escolhido me casar, sofri inúmeras críticas da minha filha por ser mãe solteira, enquanto o pai do meu filho deveria está curtindo com outras garotas na faculdade de direito, porém ninguém entendia que se o Thomás tinha me deixado para trás era porque ele nunca me amou, ele não merece saber que é pai de um lindo rapazinho maravilhoso como o meu filho é, nem mesmo a família dele eu deixei saber que estava grávida do mesmo, para todos os efeitos após o abandono dos filhos dele eu passei uma noite com um desconhecido e concebi o meu filho na mesma noite. Claro que os pais deles disseram que eu era uma vagabunda que só esperou o santo do Thomás ir embora para engravidar de qualquer um. Eu me importei, lógico que não quem estava dando duro para trabalhar todos os dias e sustentar o meu menino era eu, então não tinha porque me importar com a opinião de ninguém, eles se mudaram logo em seguida, então tudo ficou mas fácil, eu não corro o risco dele vir visitar os pais e descobrir que tivemos um filho, pois por ironia do destino o Tarcísio é a mesma cara do pai, não possui nenhuma característica minha, somente dele. — Estou lindo não é mamãe? As meninas vão babar por mim. Sorrio, com a ousadia desse garoto, já cansei de dizer para ele que o mesmo está numa idade de curtir a vida de acordo com a sua faixa etária não feito um adulto. — Você não está nessa época ainda não em senhor Tarcísio, aquieta o faixo, vai para escolha estudar em rapaz, não quero saber de nora nem tão cedo, deixa para se preocupar com as garotas quando estiver com dezoito anos rapaz. Digo enquanto faço cócegas no mesmo, que sai correndo em direção a porta dizendo que vamos nos atrasar, nunca vi garoto tão esperto igual a esse. Sim eu sou uma mãe extremamente coruja, talvez pelo fato de sempre ter sido somente eu e ele, não deixei que ninguém mais se aproximasse de mim, com a intenção de construir uma relação, me fechei para a questão do amor, o único amor que quero na minha vida é o meu filho. Passei a me dedicar ao meu sonho de ser médica, que adiei por tanto tempo, acredito que nunca é tarde para correr atrás daquilo que almejamos. Quando descobrir a gravidez estava me preparando para prestar o tão sonhado vestibular de medicina, na verdade o abandono do Thomás de certa forma me deu um estalo para a vida, então depois de uma semana que ele se mudou, eu comecei a me preparar do mesmo jeito que ele fez. Com um mês depois veio a surpresa, eu estava grávida, lógico que o filho só poderia ser dele, afinal namorávamos desde a nossa adolescência, até hoje não consigo entender como o mesmo jogou a nossa felicidade no lixo assim de uma hora para outra. — Coloca o cinto Tarcísio, você sabe que não pode andar sem ele. Todas as manhãs tenho que reclamar a mesma coisa, ele nunca lembra e às vezes lembra, porém ele diz que incomoda. — Ah! Mãe deixa eu ir sem só hoje, por favor? Ele não imagina quantas vidas foram salvas, por está usando o cinto de segurança corretamente, Deus me livre ter que perder o mesmo por uma irresponsabilidade minha, enquanto estiver andando comigo, vai colocar sim o sinto de segurança gostando ou não. — Não discute filho, coloca o sinto agora, ou você vai ir de ônibus para a escola, você que escolhe. Ele odeia ir no ônibus, porque segundo ele chega atrasado na escola, por sair pegando os outros alunos. — Pronto! Já coloquei mãe. Ótimo! coloco o meu também e seguimos viagem, o deixo no portão da escola, faço questão de descer para entregar o mesmo pessoalmente, também aproveito para cumprimentar o porteiro que é um senhor muito legal, meu filho adora o mesmo. — Bom dia, vir entregar o meu menino é todos de vocês em, por favor seu Pedro o mesmo só sai da escola com outra pessoa sem ser a minha mãe, o meu pai ou o meu irmão, caso eu autorize viu? O mesmo assenti, pedindo para eu não me preocupar que o meu menino estar seguro. Eu sei que ninguém da família dele está mas na cidade, porém sempre tomo precauções, pois ele é a cara do pai, basta só um deles colocar o olho nele para saber que ele é seu neto, não quero ter surpresas desagradáveis, afinal a cafeteria da família ainda existe na cidade e eu sei que uma vez no mês pelo o menos sua irmã vem verificar as coisas e fazer o pagamento dos funcionários, cidade pequena da nisso, todos de certa forma acaba sabendo da vida um do outro. — Pode deixar eu nunca que vou entregar ele para uma pessoa que não estamos acostumados a vir buscar o mesmo, pode ir salvar vidas tranquilas doutora. Aqui todos já me chamam assim, mesmo eu dizendo que ainda não estou formada, estou apenas fazendo minha residência. — Obrigada! Olho a hora, se eu não apressar o passo vou chegar atrasada no hospital, o chefe dos residentes vai comer o meu fígado se isso acontecer. Ufa! Cheguei faltando cinco minutos para o horário permitido, mas cheguei. Saio dando bom dia apressadamente pelo corredor, gosto de parar para conversar com todos que conheço, mas hoje não posso me dá a essa luxo, nem a minha xícara de café vou consegue tomar, droga! Meu dia já começou mau, como vou iniciar as visitas aos pacientes sem o meu café? Bem vou ter que esperar ter algum intervalo para poder tomar. — Bom dia pessoal, já vão começar? Pergunto aos outros residentes assim que entro na sala. Percebi que os mesmos estão impacientes, o que será que aconteceu enquanto eu não estava, acho melhor perguntar logo de uma vez. — Está acontecendo alguma coisa? Eles falam que o professor que toma conta da nossa turma , pediu para todos esperar que vai haver uma troca nas escalas. Que estranho, sempre passamos um mês ou mais em cada setor e não faz nem uma semana que comecei na clínica médica. — Ele vai mudar nossas escalas, o que é uma droga, mau comecei na ortopedia. Eu entendo o sentimento de frustração dela, porque também estou sentindo a mesma coisa, mau comecei na clínica médica, estava caminhando aos poucos e o mesmo decidi fazer está troca repentina, será que foi a pedido do diretor do hospital? Bem vamos saber agora, já que o nosso professor acaba de entrar na sala. — Bom dia a todos, sei que vocês já estavam se acostumando aonde estavam, porém é necessário fazer uma troca, lembrando que isto não é comum acontecer e que só vamos fazer isso por motivos de emergência, portanto aqui estão suas novas escalas, espero que se dêem bem e não se preocupe no final deste vocês irão retornar ao setor em qual vocês estavam agora, ok! Todos pegamos de suas mãos os novos setores que iríamos ficar, chego a arregalar os olhos, quando observo que meu novo setor é a emergência, não imaginava que a pegaria logo agora? Sinceramente sinto que não estou preparada ainda, mas não vou questionar a ordem do meu professor, vou me dirigir para a emergência e seja o que Deus quiser neste plantão de hoje. — Boa sorte a todos! Digo isso já me dirigindo para assumir o meu posto na emergência, só espero que hoje seja tudo calmo, apesar de ser quase impossível lá, o hospital daqui sempre é muito movimentado por ser o único da cidade, além de suportar a todos habitantes, ainda abrange os pacientes da cidade vizinha, ou seja chega dias de estar super lotado. — Bom dia meninas hoje ficarei por aqui no setor de vocês. Todas respondem um tudo bem Dr Elisa, não vejo a hora de estar formada, ainda não decidir em que área vou me especializar, mas acredito que em breve eu vou encontrar essa resposta, mas poe enquanto tenho que manter o foco na minha residência apenas isso. Quando eu pensava que seria tudo tranquilo todos os médicos são chamados para a entrada, com certeza deve ter chegado um acidente grave, para solicitar uma equipe inteira o paciente que está chegando não deve está nada bem. Me dirijo correndo juntos com os outros para esperar na entrada pela ambulância que está trazendo o paciente. — Mulher de 45 anos, acidente de carro, ficou presas nas ferragens, sofreu parada cardiorrespiratória a poucos minutos, tem uma fratura no fêmur esquerdo, deslocamento de clavícula, possui um corte profundo na cabeça. Presto atenção em cada detalhe que a socorrista nos passa, isso é muito importante para sabermos como devemos proceder com o paciente e qual conduta devemos tomar. — Precisamos de um acesso central, Elisa avise ao pessoal do setor de tomografia que vamos subir, precisamos descartar a possibilidade de um traumatismo craniano, ou até mesmo uma hemorragia. Corro para informar as meninas que já deixem o setor de sobre aviso, pois assim que a minha colega conseguir o acesso estamos subindo. — Meninas por favor deixem o pessoal que faz a tomografia de sobre aviso, assim que pegamos um acesso central naquele paciente vamos subir. Volto para o quarto, colocando os equipamentos que vão nos permitir verificar os sinais do paciente, com o paciente devidamente estabilizado, subimos para fazer a tomografia, agora, apenas eu e o Dr Tadeu, que é o neurocirurgião da nosso hospital, o resto da equipe voltou cada um aos seus postos, caso chegue outra emergência. — Primeiro dia bem agitado em Dr Elisa. Digo ao mesmo que de certo modo é bom para que eu possa me acostumar com a rotina. — Tenho que me acostumar, vai fazer parte da minha futura rotina Dr Tadeu. O mesmo sorri, dizendo que ver poucas mulheres com o esforço e dedicação que eu tenho, claro já fiquei em alerta, digamos que o neuro é conhecido não apenas pelo seu bom trabalho, mas também por ser galanteador. Entregamos o paciente nas mãos dos profissionais que iria fazer a tomografia e saímos da sala, pois não iríamos poder permanecer lá. Os mesmos nos chama para observar o exame de dentro da sua sala, aparetemente a mesma não sofreu nem um traumatismo craniano, o Dr Tadeu também concorda com a minha leitura do exame, o que já é um alívio. — Vamos solicitar um leito de UTI para a mesma, o traumatismo craniano foi descartado, mas não podemos esquecer que a mesma teve uma parada cardiorrespiratória antes de chegar ao hospital, então um leito lá será melhor para que a mesma fique assustada 24 horas por dia. Concordo com o mesmo, sem contar que existe todos os aparatos necessários por perto para socorrer a mesma. — Então eu vou voltar lá para emergência, o senhor mesmo solicita a entrada dela? O mesmo diz que sim, para eu não me preocupar e que eu poderia voltar para assumir o meu posto na emergência. O dia já começou agitado, mas não sei porque eu tinha a impressão de que conhecia aquela paciente, não sei ela não me é estranha, talvez tenha visto a mesma na faculdade e não me lembro, ou não. Ainda bem que só estou ficando a parte do dia, já imagino quando estiver formada e ter que dá plantões de 24 horas, tenho que me organizar para contratar uma pessoa que fique com o meu filho durante esse período, mas isso não preciso pensar agora, somente quando me formar, o que já não está muito longe. No intervalo sigo para buscar o meu filho no colégio, vou deixar ele na casa dos meus pais e aproveito para almoçar com eles também. — Vovó! Meu filho grita assim que a mesma atende a porta, ele tem um amor por esses avós, que não imagino se um dia tiver que ir morar em outro lugar como será para ele. — Parece que a cada dia o meu príncipe está maior, o que você anda colocando na comida dele filha fermento? Todas as vezes ela me faz essa mesma pergunta, só para ver o Tarcísio dizendo que ele não precisa de fermento, ele é forte igual o meu pai. — Eu não preciso de fermento vó, a senhora sabe que puxei ao vovô sou forte como um touro. Mando o mesmo correr para lavar aos mãos, se não vai perder de almoçar comigo, porque temos horas para voltar do almoço. — Cuida filho se não vou perder a oportunidade de almoçar com todos vocês juntos. Ele sai correndo feito um foguete, não tem jeito por mais que mande ele ir devagar o mesmo nunca faz. — Fico morrendo de medo desse garoto cair por aí, como você está filha? Minha mãe diz finalmente se lembrando que eu existo, quando ver o neto se esquece de todos ao redor, até dos próprios filhos. — Estou bem mamãe, na correria de sempre, a senhora sabe que agora falta muito pouco para minha formatura. A mesma diz que está muito orgulhosa de mim, por não ter desistido do meu sonho por causa do nascimento do Tarcísio, eu jamais iria desistir de ser médica, desde que me conheço pro gente sonho em ser. Seguimos para cozinha organizar a mesa e fazer nossos pratos, monto o do meu filho primeiro, para ver se o mesmo para quieto na cadeira. — Come devagar em filho, o seu avô vai passar a tarde inteira com você não precisa correr para ir aperriar o mesmo na oficina. O meu pai tem uma oficina de concertar carros e motos, o Tarcísio é louco por lá, sempre que chega almoça correndo para ir embora para perto do avô. — Preciso ir ver o vovô mãe, só dei a bença a vovó. Eu e minha mãe sabemos que ele agora só volta na hora de irmos para casa. — Não adianta filha, ele sempre vai comer nas carreiras, você sabe o quanto ele gosta de está atrás do avô naquela oficina. Ele adora ver o meu pai concertando os carros, as motos então nem se fala, mas tarde ouvirei todas as histórias. — Tenho que ir mãe ou vou me atrasar, mas tarde venho buscar ele. A mesma pede para que ele durma aqui, afinal amanhã é sábado, ele costuma dormi de vez em quando na casa do avós, na verdade, fico morrendo de saudades dele em casa, mas sei que o mesmo ama. — Deixa ele dormi aqui filha, amanhã é sábado, o mesmo não terá escola. — Então quando sair do plantão vou primeiro em casa pegar umas roupas dele, como a senhora não me falou mas cedo, acabei não trazendo nenhuma roupa. Apesar de saber que com certeza na casa da minha mãe tem roupas dele, além das que ele deixa aqui quando vêm, ainda tem as que os meus pais e o meu irmão compra para ele. — Tudo bem minha filha não tem problema, por favor não se preocupe com roupa, ele tem o guarda-roupa dele e está repleto de camisetas, de tudo, você sabe que seu irmão adora mimar o sublinho. Nisso ela tem razão, meu irmão não pode ver nada que já está comprando, já chegamos a brigar por conta disso algumas vezes, ele não pode viver dando tudo que o Tarcísio quer, temos que impor limites, pois nem sempre eu terei dinheiro para estar fazendo os gostos dele, o mesmo tem que aprender a da valor a tudo que tem. — O meu irmão não tem jeito, já reclamei isso ao mesmo, não pode está enchendo meu filho de presentes, ele tem que dá valor as coisas que já tem e não ganhar tudo fácil de mas. Ela diz que é porque ele é único neto e o sublinho da casa, por isso todos os mimos vão para ele. Coloquei um ponto final no assunto, pois não vai adiantar ficar discutindo isso com ela, eles são maravilhosos, porém estão estragando o meu filho neste assunto. Ainda bem que o decorrer do dia foi tranquilo, a emergência não teve nenhuma ocorrência grave mas, a paciente que chegou de manha já esta devidamente internada na UTI e até o momento não teve nenhuma complicação, mas não sei porque nada me tira da cabeça de que a conheço de algum lugar, só não estou conseguindo me.lembrar de onde possa ser, mas deve ser só impressão da minha cabeça apenas isso, mesmo assim vou pedir para que a mesma me mande a ficha no computador da sala de atendimento quero somente tirar uma dúvida da minha cabeça, pois não poderia ser, devo está alucinando. — Por favor manda para o meu computador a ficha daquela paciente que chegou mas cedo, eu quero verificar uma coisa. A mesma diz que em instante estarei com a ficha em meu computador, sigo para a sala em passos largos para verificar se a pessoa que deu entrada aqui de manhã nao é quem eu estou imaginando. Depois de anos a irmã do Thomás veio sofrer um acidente grave justamente aqui na cidade, seria coincidência demais, ou melhor dize azar de mais para mim. Porque do jeito que a família dele sempre foi unida, provavelmente virão todo para cá ver como a filha está, droga! Se for mesmo não posso deixar que os mesmos vejam o meu filho, porque não precisa ser muito inteligente para assim que botar os olhos nele saber de quem o mesmo é filho.
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