Capítulo 4

1437 Words
Capítulo 04 Nathália Campos São Francisco | 02 de Agosto Assim que eu acordei com a luz do sol que vinha da janela, a minha cabeça já estava a milhão, enquanto eu me levantava, e já ia acordar a Clara. — Acorda, Bela Adormecida! Hoje é o grande dia! — Eu falei para Clara, que apenas olhou pra mim, como se a sua alma ainda estivesse voltando para o corpo (ou seja, ela nem estava entendendo nada do que eu estava dizendo). — Bom… dia pra você também… — ela soltou, enquanto jogava os seus cabelos bagunçados pra trás. — Bom dia, agora vamos… levanta… — falei enquanto tentava a puxar pelo braço, e lentamente, o corpo de Clara começava a se mover. — Café… — ela resmungou, — eu… não funciono sem o meu café… — disse ao se arrastar lentamente até a nossa pequena cozinha, apenas para começar a fazer o seu café (que era de se esperar de uma garota rica… era moído na hora). — Eu não superei ainda que você trouxe grãos de café pra moer, muito menos… essa caixinha — Não é uma caixinha… — Clara disse com a voz embargada pelo sono, — é um moedor.., respeito com o meu moedor. A minha querida amiga começou a fazer aquilo com toda a paciência e calma do mundo, enquanto eu? Fiquei fazendo três coisas ao mesmo tempo. Fui me trocar enquanto deixava os meus pães na torradeira, e ainda tentava fritar um pouco de presunto e queijo pra fazer um misto quente — apenas pra no fim, eu quase acabar com tudo queimado, e com o meu cabelo todo bagunçado. — Pelo amor de Deus, Nathy… — Clara acabou fazendo o sanduíche pra mim, o colocando cortado em retângulos em minha frente, enquanto fazia um penteado meio solto, e meio preso no meu cabelo, — se acalme… não vamos chegar atrasadas se você não fizer tudo como uma doida, — ela me repreendeu, — agora se o nosso quarto pegar fogo, bom… é outra história. Clara parecia uma mãe falando daquele jeito — mas eu nem podia dizer que ela estava errada — então, eu apenas fui comendo o meu café da manhã, enquanto Clara me ajudava a parecer algo minimamente decente. Claro, depois disso fomos direto para o Campos — em um dos carros que o pai de Clara, tinha a presenteado, depois dela uma vaga no intercâmbio — e ee era simplesmente enorme, com uma arquitetura antiga, que era… surreal de tão linda. — Ok, é aqui que nos separamos. — Clara disse, parando na entrada de um dos prédios. — Nos encontramos depois do aconselhamento, certo? Tenho uma surpresa pra você. Assenti antes dela ir para o próprio aconselhamento, e assim que eu fui para o meu, vi que a sala era grande e tinha um ambiente acolhedor, com cadeiras confortáveis e pôsteres motivacionais espalhados pelas paredes. E a conselheira? Parecia ser uma mulher tranquila e tinha um sorriso amável, e quando ela me cumprimentou com um abraço, eu logo senti um certo alívio me invadir. — Olá, Nathalia! — disse ela, olhando para os meus documentos. — Vejo que você é do Brasil, certo? Como está sendo a adaptação? — Está sendo maravilhoso até agora. — respondi, tentando disfarçar o nervosismo. — É tudo tão novo, mas estou animada para começar. Ela assentiu, como se compreendesse perfeitamente o que eu estava sentindo. — Entendo. É uma grande mudança, mas tenho certeza de que você vai se adaptar rapidamente. Agora, me fale um pouco sobre os seus objetivos aqui. Passei os próximos minutos explicando sobre a minha decisão de vir para São Francisco, a bolsa que eu tinha conseguido e meu desejo de conseguir um estágio para me manter durante os estudos. Ela ouviu atentamente, anotando algumas coisas enquanto eu falava. — Você está no caminho certo, Nathalia. — disse ela, após eu terminar. — Tenho algumas sugestões de empresas que estão sempre em busca de estagiários. Posso agendar algumas entrevistas para você, se estiver interessada. — Seria ótimo! — respondi, animada, era exatamente o que eu precisava! Depois de uma rápida busca em seu computador, ela encontrou algumas vagas, e uma em particular chamou minha atenção. Era para uma grande empresa em São Francisco, e a última entrevista seria no dia seguinte. Era uma oportunidade que eu não podia deixar passar. — Acho que você se encaixa perfeitamente no perfil que eles estão procurando. — disse ela, enquanto me entregava os detalhes da entrevista. — Apenas se prepare bem, e tenho certeza de que irá impressioná-los. Agradeci pela ajuda, me sentindo ainda mais confiante do que antes. Estava tudo se encaixando de um jeito tão perfeito que eu m*l conseguia acreditar, mas… eu também sabia que precisava manter os pés no chão e me focar nos meus objetivos. Ao sair da sala de aconselhamento, fui direto ao ponto de encontro onde Clara e eu havíamos combinado de nos encontrar. Enquanto caminhava pelo campus, notei um grupo de alunos conversando e rindo juntos, e entre eles, um cara em particular chamou minha atenção, ele estava de lado, mas dava para ver que era alto, com um porte atlético e cabelo loiro que brilhava sob a luz do sol. Por um momento, meus pensamentos viajaram, imaginando quem ele poderia ser. No entanto, logo me forcei a desviar o olhar e continuei caminhando, afinal, eu tinha muito o que fazer. Clara estava me esperando no lugar combinado, e quando me viu, correu em minha direção, claramente empolgada. — E aí, como foi? — perguntou, os olhos brilhando de curiosidade. — Foi incrível! — respondi, enquanto caminhávamos juntas. — A conselheira é muito prestativa, e já tenho uma entrevista marcada para amanhã. — Sério? Isso é demais, Nathy! Eu sabia que você ia conseguir! — Clara exclamou, me abraçando forte. Seguimos para o apartamento, conversando sobre nossos planos para a noite, e Clara, já estava determinada a me levar para uma balada, e por mais que eu estivesse cansada, não queria desapontar ela, falando que não iria — e também… o que adiantava ter estudado tanto, para não aproveitar nada desse lugar? E além disso, seria uma ótima oportunidade para relaxar antes da entrevista. De volta ao apartamento, nos arrumamos rapidamente. Clara, como sempre, estava deslumbrante em um vestido preto justo, enquanto eu escolhi algo mais simples, mas ainda assim bonito, e uma vez prontas, pegamos um táxi e seguimos para a balada que Clara tanto falava. O lugar era incrível, cheio de luzes e música alta, e assim que entramos, Clara foi direto para a pista de dança, e eu a segui, tentando acompanhar seu ritmo. Dançamos por um tempo, mas eventualmente, eu precisei de uma pausa para pegar uma bebida. Fui até o bar, onde o barman me deu um sorriso antes de preparar o meu drink. Enquanto esperava, senti alguém se aproximar e quando virei… lá estava ele. O mesmo cara que eu tinha visto mais cedo no campus, agora estava ao meu lado, e céus… ele era ainda mais bonito de perto, com aqueles olhos azuis, e aquele sorriso de canto, que céus… — Olá… — disse ele, com uma voz suave. — Eu te vi mais cedo na universidade, por acaso… é uma das calouras? — Ah… sim! — respondi, tentando não parecer tão nervosa. — E você? — Já me formei. Só estou ajudando um amigo que é professor por lá. — ele respondeu, e depois estendeu a mão. — Sou Michael, a propósito. — Nathalia. — disse, apertando a mão dele. — Gostaria de te ver de novo, Nathalia. Quem sabe a gente não sai um dia desses? — Diferente… — ele soltou, com arquear leve, — estrangeira? — É tão óbvio assim? — Perguntei meio sem jeito. — Oh? Não, não… na verdade, se não fosse pelo seu nome, eu nem teria notado, — ele colocou a mão atrás da cabeça, parecendo um pouco sem jeito, — o seu sotaque é um dos melhores que eu já ouvi. — Sério…? — Fiquei um tanto surpresa ao ouvir aquilo, — obrigada… eu aprendi sozinha. — Você está brincando, não está? — Ele realmente parecia surpreso ao dizer, — parece até que você cresceu aqui. — Você está exagerando… — Eu juro que não estou. — Falou de um jeito descontraído, — juro por tudo que é mais sagrado, — ele colocou a mão no peito, como se realmente estivesse fazendo um juramento, e eu? Não evitei de rir. E por conta disso? Eu vi que São Francisco era realmente… uma bela caixinha de surpresas.
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