***Dominique***
Me deito na cama olhando o teto branco do meu quarto. Estou dolorida e cansada, Enrico Ferraro me virou do avesso e desvirou de novo, e além de tudo foi fofo, gentil e carinhoso. Passeamos de mãos dadas, cozinhou o famigerado macarrão a carbonara pra gente jantar um dia, me trouxe café na cama hoje de manhã, fez carinho depois do sexo e dormiu de conchinha. Definitivamente ele é um cafajeste que sabe atuar muito bem como bom namorado.
Pego meu celular e ligo para Analiz, ela atende no primeiro toque.
- Diz aí prisioneira, já está liberta das garras do pirralho nerd? – pergunta rindo.
- Nem me fale – suspiro.
- Posso te chamar por vídeo?
- Pode, achei que estava com Thomaz, por isso só liguei – ela faz a troca e me observa com uma feição engraçada.
- Sabia – constata.
- Sabia o que, Ana?
- Sua cara, cara de quem deu, sua safada!
- Óbvio que eu dei sua doida, achou mesmo que ele ia vir até aqui e eu não iria dar? Te avisei desde o início que eu sentaria nele, e foi o que eu fiz, sentei, sentei até as pernas não aguentarem mais e ele cumpriu a promessa, me fez sentir coisas que...
- Eu tenho mesmo que ouvir você falar essas coisas do meu irmão, Dominique?? – escuto a voz do Thomaz ao fundo e minha amiga gargalha.
- Mais que merda, Analiz, você não disse que ele estava aí – faço uma careta e o vejo pegar o celular.
- Na boa, Dom, não precisa dar detalhes e nem encher a bola dele, o nerd já se acha o suficiente – faz uma pequena pausa – e nesse caso não é nem encher, é esvaziar as bolas dele – debocha.
- Cala a boca, Thomaz, e me respeita! Se não fosse por mim a Liz não tinha nem te dado ideia – mostro a língua.
- Tá bom, obrigado cupido, mas ainda assim eu não quero ouvir o quanto você e pirralho se pegaram – fala rindo.
- Eeeei ela ligou pra falar comigo! – Liz pega o celular da mão dele.
- Calma gente, tem Dom pra todo mundo. Na verdade, não tem não – me remexo na cama fazendo uma careta como se tivesse com dor – o pirralho nerd gostoso safado acabou comigo – gargalhamos.
- Ok, Dominique, só vou te perdoar por falar dele depois que eu ver o presente que você me mandou e eu espero que seja melhor que um imã de geladeira – diz Thomaz.
- Tudo certo então, te mandei dois imãs – sorrio. Ele ri se despedindo, dizendo que vai deixar a gente conversar.
- Pode começar falando, Dominique Cesarini, quero saber de detalhes – Analiz pede animada.
Contei absolutamente tudo, com riqueza de detalhes assim como pediu. Tudo bem que Enrico é o cunhado dela, mas antes disso, ela é minha melhor amiga, é o que eu tenho mais próximo de uma irmã, e convenhamos, Analiz já esperava que eu e ele tivéssemos um rolo algum dia, mas, assim como eu, ninguém acreditava que Enrico Ferraro, o mulherengo desapegado, despencasse do Brasil a Austrália só para passar uns dias comigo! Foi uma bela, agradável e grata surpresa, com certeza. Ana me contou que em um ou dois meses o trabalho deles na ilha seria finalizado, e que estavam esperando o Enrico voltar pra decidir o que fariam, mas que provavelmente, ela e Thomaz iriam pro Caribe, já o meu gostosinho, ainda não decidiu o que fazer.
Passei horas no telefone com Analiz, a ponto de Thomaz reclamar e sair com Felipe pra ver jogo de futebol na TV, ela só fez questão de me lembrar o quanto Enrico pode parecer fofo, mas não vale uma folha seca de orégano. Depois de bastante fofocar, desligamos, tratei de pedir alguma coisa pra comer e me sentei pra colocar umas coisas do trabalho em dia.
Foi inevitável olhar para mesa e não lembrar dos últimos dias. O filho da p**a tem razão, nunca mais vou olhar pro Ethan e qualquer outro que seja com os mesmos olhos, o nerd safado me corrompeu. Rio com as lembranças e tento me concentrar pra fazer alguma coisa que seja diferente de pensar ou falar dele.
***
Acordo com uma notificação, aperto olhos e identifico ser de Enrico, abro e vejo uma selfie dele sentado em um saguão de aeroporto fazendo uma careta com os headphones no pescoço.
- Onde está, baby? – pergunto.
- Acabei de pousar em LAX.
O chamo por vídeo.
- Oi, princesa – Enrico atende com um enorme sorriso.
- Oi – suspiro – cansado?
- Um pouco, dormi durante o voo quase todo, agora comprei um café e vou esperar o embarque pro Brasil.
- Hmmn... já tô com saudades – admito. Ele sorri de lado.
- Tão rápido? Não fazem nem vinte e quatro horas que eu saí da sua cama, garota – diz se arrumando na poltrona.
- Você também está, aceita – mordo os lábios rindo.
- Ahn... acho que não – responde fazendo careta e ri – eu ainda estaria aí se pudesse – abro um sorriso. Enrico dá ombros e toma um gole de café – quero saber o que a senhorita andou falando com meu irmão?
- Com o seu irmão? Nada ué – faço de desentendida.
- Você sabe que eu vou descobrir, então é melhor falar – o vejo soltar o corpo na cadeira e tombar a cabeça para o lado me analisando.
- Eu não disse nada demais, só que você cumpriu o que disse e acabou comigo, não disse nenhuma mentira – dou ombros. O vejo gargalhar – e a propósito, o imã de geladeira que você está levando para pra amiga do namorado de não sei quem, trate da dar pra ele, junto com o que eu mandei – Enrico ri mais ainda.
- Do que está falando, maluca? Imã de geladeira.
- Sim, não importa qual, mas dê dois imãs pro seu irmão e diga que fui eu que mandei de presente – olho com desdém.
- Eu não faço ideia do porquê tenho que dar imã de geladeira pro Thomaz, mas ok, eu entregarei – continua rindo.
- É, não faça perguntas, só me obedeça.
- Vou precisar desligar, princesa – diz se recompondo – estão chamando meu voo, te aviso quando chegar.
- Tá bom bonitinho, provavelmente estarei trabalhando, então nada de mandar fotos exibicionistas pra mim, já basta ter atrapalhado minha reunião.
- Atrapalhado sua reunião? Aposto que não pensou nisso enquanto gemia rebolando pra mim.
- Contenha-se seu safado, tem um monte de gente a sua volta.
- Não tem – diz virando a câmera, passando pelo local e parando propositalmente em uma loira que parece estar na mesma fila que ele deveria estar.
- Quem é a gostosa? Sua companhia de viagem? – pergunto.
- Talvez, mas pra isso ela precisa ser bem carinhosa, a cabeça do meu p*u tá esfolada – fala naturalmente.
- Você não vale nada, Enrico Ferraro, bom voo pra você, até mais – desligo sem que ele responda.
É mesmo um descarado!