***Enrico***
Finalmente chego no hotel que eu chamo de casa, sei lá, trinta e seis horas depois? Talvez. A volta foi bem pior que a ida, eu fui ansioso e agora tô só cansado e com um sentimento estranho dentro de mim. Jogo minha mala em um canto, a mochila em outro, tiro a roupa e entro no box, eu tomaria um banho de banheira, mas, um, do jeito que eu estou, é possível que eu durma e me afogue, e dois, banho de banheira sozinho não tem graça, se pelo menos a Dominique estivesse aqui, poderia massagear suas costas, sentindo seu cheiro enquanto ela rebola e geme baixo meu nome.
- c*****o Enrico, você pensa nessa garota há trinta e ... sete horas? – falo pra mim mesmo olhando no espelho – fo.da-sė guerreiro, deve ser alucinação.
Jogo a toalha em cima da pia e vou pro quarto, coloco meu celular pra carregar e aviso pra minha alucinação que cheguei e pretendo dormir.
***
Já tem algumas semanas que cheguei de viagem, e hoje é um dos dias de reunião no hotel, a gente junta o staff todo aqui pelo menos uma vez por mês, assim a gente alinha as expectativas e finaliza alguns processos, acho que essa é uma das mais importantes por ser uma das últimas ou a última, até o Mr. Steven Parker estará presente, o Heaven Resort está na fase final, em menos de um mês tudo será concluído.
- Acredito que a maior decisão a ser tomada depende de vocês rapazes – Steven disse direcionado a mim e Thomaz – já conversei com o pai de vocês, mas ele me disse que o que decidirem será a palavra final. Tivemos um enorme êxito com a construção da unidade Heaven Brasil, confio que são perfeitamente capazes de atenderem nossa próxima demanda, a construção do primeiro Heaven Hotels & Suites Caribbean, a Analiz esteve lá há alguns meses e fechou o terreno, já temos todas as licenças e autorizações, nosso maior desafio seria a mão de obra, mas sei que com um processo seletivo rigoroso liderado pela senhorita Diana e Enrico saberemos suprir a necessidade de acordo com o remanejamento de pessoal.
E o Parker despejou tudo no nosso colo.
Aceitar essa proposta significa assinar mais um contrato multimilionário, assumindo todos os riscos de um gigantesco empreendimento num lugar totalmente fora da nossa zona de conforto, sei que meu pai deixou a decisão para que a gente tome, porque juntos, eu e meu irmão temos mais da metade da empresa.
- Steven, ficamos lisonjeados, mas uma decisão como essa eu e Enrico precisamos de tempo para conversar – meu irmão diz.
- Eu entendo, Thomaz, não imaginei que agiriam diferente disso, porém, preciso de uma resposta rápida, posso esperá-la até amanhã no fim do dia?
- Tudo bem, Steven, vou me reunir com Thomaz hoje ainda e iremos discutir alguns pontos – respondi.
Logo depois disso, Parker foi embora dizendo que teria algumas coisas a resolver no hotel, Analiz foi com ele, pois tinham assuntos a tratar.
A essa altura, Felipe, meu parceiro de balada, que a princípio havia sido contratado por Steven já fazia parte do nosso quadro de funcionários na Ferraro Incorporações, então ficamos reunidos nós três, Diana e o senhor Luigui, nosso encarregado responsável.
Passamos o resto da tarde resolvendo o que faltava, e de certa forma, comemorando o sucesso do empreendimento.
- Thomaz, eu juro que não tenho condição nenhuma de tomar uma decisão sobre a proposta do Parker hoje – disse coçando meus olhos com a palma das mãos e as levando até o cabelo.
- Justo, Enrico – meu irmão diz fechando a tampa do notebook – hoje a gente toma uma, todo mundo junto pra comemorar a conclusão da obra e amanhã eu e você falamos sobre isso – me olha.
- Fechado, já são seis e quinze – digo olhando o relógio em meu pulso – sete e meia tá bom pra todo mundo?
Os homens concordam.
- As oito pra mim, Enrico, seja gentil – Diana diz.
- Você não precisa de mais de meia hora pra ficar gata, Diana, você já é linda – pisco pra ela, a vejo revirar os olhos.
- Não me cansa logo cedo, nerd.
Todos riem e se despedem.
Subo pro meu quarto, pego o celular no bolso e vejo uma notificação da Dom, nada mais era do que um print de um perfil que me segue: Charlotte Benson, na bio tem bandeirinhas de vários países e indicado como profissão comissária de bordo, Qantas Airlines, Dominique circulou essas informações em vermelho e colocou um “sério?” como legenda, gargalhei com a mensagem, respondi apenas com um “qual o problema” e fui tomar banho, vesti uma bermuda azul marinho e uma camisa de botão de mangas curtas, enquanto escovava os dentes, ouvi o aparelho tocar.
- Antes ou depois? – era outra mensagem dela.
- Antes, depois foi só a loirinha da fila, Maíra Costa – respondi um nome que sabia que se ela procurasse, acharia uma mulher loira.
Foi o tempo de pentear o cabelo e passar perfume, chegou outra mensagem.
- Você não vale nada, Enrico Ferraro – ela procurou, com certeza procurou.
Calcei o tênis e segui para o elevador, assim que a porta abriu, entrei e tirei uma foto no espelho.
- Acha que hoje devo pegar uma ruiva, uma morena ou outra loira? – envio junto com a foto.
- Vai tomar no cu – é a resposta desaforada que eu recebo.
Gargalho saindo do elevador.
Guardei meu celular no bolso já na frente do bar que combinamos, todos já estão acomodamos, menos Diana que deve chegar daqui a pouco, me aproximo vendo Analiz com celular no ouvido, cumprimento cada um quando vou beijar seu rosto, sinto um tapa leve no braço.
- Você pega pesado, pirralho – ri me beijando a bochecha – não tô aqui pra ser menina de recado não, mas sua batata tá assando!
- Não fiz nada, Analiz, sua amiga que é uma maluca que fica imaginando coisas – pego uma cerveja no balde e abro – e é melhor não dar corda, ou vai sobrar pra você – brindo com ela e os outros me sentando ao seu lado.
Logo Diana chegou e fizemos um brinde oficial pra simbolizar o término das obras. O senhor Luigui foi embora cedo com a esposa, o Lucas, namorado da Di, não apareceu, não tá na ilha por esses dias.
A gente conversou, bebeu, riu bastante, contei sobre a viagem, mostrei as fotos no meu celular, e como não sou idiotä, notei os olhares de reprovação da Diana em todas as fotos minhas com a Dom, e a cada vez que Analiz, Thomaz ou Felipe tocavam no nome dela. Excelente, Diana com ciúmes! Vou pegar ela? Não. Vou alimentar esse sentimento nela? Sim. Vou me aproveitar da situação? Com toda e absoluta certeza.
Não perdi nenhuma oportunidade de tocar Diana, seja na mão, na cintura, no rosto e até no cabelo, muito sutilmente pra Analiz não perceber, até porque, nem minha cunhada nem meu irmão sabem exatamente qual tipo de envolvimento nós tivemos, mas a Di sim, percebeu todas as vezes. O casalzinho decidiu ir embora também.
- Tá cedo ainda, topam uma saideira no bar do Bigode? – pergunto.
- Tô dentro – Felipe responde.
- Não sei – Diana fala me olhando.
- Vamos, Di, é uma só – insisto.
- Amanhã a gente trabalha, Enrico.
- Eu sei, a hora que você quiser ir embora eu vou, te acompanho, prometo – ponho a mão em sua cintura, ela suspira.
- Tá bom, uma só, vou ao banheiro e encontro vocês na porta – sorrio pra ela e saio com Felipe.
- Preciso de você, parceiro – falo.
- Qual foi, Enrico, o que você quer? – ele me olha sabendo que vou pedir alguma coisa.
- Nada demais, só preciso que tire umas fotos minhas com a Diana, quando ela estiver de costas, de preferência.
- Porrå cara, isso vai dar merda, certeza.
- Claro que não, não vou beijar ninguém, sei que ela namora e é coisa de uma ou duas fotos.
- Pra que isso? Tudo por causa da mina da Austrália? – pergunta.
- Em partes, sim, mas é coisa simples, Felipe, só eu e você vamos saber dessas fotos, preciso aproveitar a oportunidade, pode ser que eu precise delas um dia caso queira deixar minha morena com ciúmes – digo rindo.
Ele parece pensar.
- Eu vou te lembrar de quando eu te ajudei com a Priscila – falo apontando um dedo em sua direção.
- Você é sujo, Enrico, faz questão de me lembrar disso sempre – responde rindo – eu vou tirar essas fotos, mas se der merda, você assume o rolo.
- Bora lá, guerreiro, que a tchuca tá vindo aí – o abraço meio de lado rindo.
Fomos pro tal bar e as duas cervejas que iriamos tomar, se transformaram em doze, doze long necks pra cada um, só a Diana que tomou bem menos que isso, e a promessa que eu fiz de a acompanhar, furou, ela que me levou até o meu quarto no hotel, por sorte, ela e a Analiz já haviam entregado a casa que moravam e estavam hospedadas lá também.
- Já disse que não, Enrico – Diana diz próxima a mim – não é uma boa ideia você se enfiar nessa banheira assim, só escova os dentes que eu te ajudo a ir pra cama – soltei o ar com força a olhando.
- A melhor ideia era você me dar banho, mas você não quer – dou ombros e me apoio na pia para fazer o que ela pediu – pronto – seco meu rosto e a olho através do espelho – agora já pode me levar pra cama – sorrio de lado, Diana se vira e eu faço o mesmo colocando a mão em sua cintura.
Caminhamos assim até a cama e jogo meu corpo contra o seu propositalmente a fazendo ficar entre o colchão e eu.
- Desculpa – falo com os lábios próximo ao pescoço dela.
- Não faz isso, pirralho – Diana diz quase como um sussurro.
- Só pedi desculpas – mordo sua orelha de leve – não fiz nada demais – a escuto soltar um gemido baixo.
- Eu preciso ir, Enrico, antes que seja tarde – ela se mexe embaixo de mim, me fazendo sentir sua bundä no meu p*u.
- Melhor mesmo – aperto sua cintura – se você se esfregar em mim de novo, eu vou te fazer esquecer do teu namorado – rolo pro lado na cama e a escuto arfar.
Diana se levanta devagar, arruma o vestido no lugar e joga o cabelo pro lado enquanto dá a volta na cama, se curva sobre mim apoiando a mão na parte da minha coxa ainda coberta pela cueca e fala com a boca muito próxima a minha.
- Boa noite, pirralho, durma bem e sonhe comigo – ela beija o canto da minha boca, aperta meu p*u e acaricia minhas bolas por cima da cueca e se levanta.
- Eu tô bêbado, não broxa, Diana, se não quiser colocar um par de chifres no seu namoradinho, é melhor sair desse quarto, ou eu vou te comer igual da última vez, no contêiner.
- Hmmn, boas lembranças – a vejo morder o lábio – por mais que eu queira, não acho uma boa ideia – se afasta – até amanhã, Enrico – passa a mão pelo meu p*u de novo e sai da suíte mais rápido do que meu reflexo de levantar e ir atrás dela.
Não sei quem está mais louco, a Diana por me provocar, ou eu, por deixar ela fugir.
***
- c*****o, que gosto de cabo de guarda-chuva na boca – acordo parecendo que um caminhão passou por cima de mim – dessa vez eu juro que nunca mais vou beber – levanto da cama e me arrasto até o banheiro.
Pego meu celular na bancada da pia, vejo que ontem enviei uma dezena de fotos pra Dominique e mais um milhão de mensagens dizendo que estava com saudades.
Minha morena me respondeu com um print de uma passagem aérea pro Brasil sem data ainda, devo confessar que isso me deixou muito mais feliz do que imaginei, ligo pra ela em chamada de vídeo.
- Demorou a atender – digo quando termino de escovar os dentes.
- Isso tudo é saudade, nerd? – olho pra ela na tela.
- Tá linda com essa camisola preta – sorrio – hoje é sexta, não vai sair?
- Não – responde me fazendo sorrir.
- Por que, princesa, tá cansada? – pego o celular em cima da prateleira de vidro e levo pra dentro do box.
- Tive uma semana difícil, e vai ser assim nesse próximo mês – ligo a ducha e espero um pouco até que a água esquente.
- Quando chega e quanto tempo vai ficar?
- Não sei exatamente, só comprei a passagem de ida e ainda vou marcar a data – Dominique sorri.
- Acho que não sou só eu quem está com saudades.
Solto uma risada sacana e entro na ducha.
- Me ligou pra se exibir enquanto toma banho, seu cafajeste? – Dom arqueia uma sobrancelha me encarando fixamente.
Termino de tirar o shampoo e ensaboo meu corpo.
- Também, mas na verdade, quero saber quais são seus planos aqui no Brasil.
- Hmmn, não tenho planos ainda, vou tirar uns dias de férias, logo, estou sem compromisso.
- Posso te arrumar alguns então – digo desligando a ducha, puxando a toalha pra me secar.
Conversamos mais um pouco e eu desligo, Thomaz está me esperando, me visto rápido e me encaminho para o escritório.
***
Eu e meu irmão conversamos por horas, ponderamos todos os prós e os contras de aceitarmos a proposta do Steven, e chegamos à conclusão de que esse era o momento de arriscar, colocar a Ferraro Incorporações em um nível mais alto, a maior mudança de todas é a que teremos que sair do Brasil, e nos próximos dias, vamos estudar um bom lugar para abrirmos uma filial.