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Chamas da Ilusão

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Blurb

Ágata, uma universitária que teve bons meses da sua vida apagados da memória, vive dia após dia com a sensação de que perdeu algo realmente importante junto com suas lembranças.

Depois de alguns anos, já acostumada com esse constante sentimento de perda, ela é atingida por uma sensação nova e estranha de que algo está prestes a acontecer. Com medo, porém ao mesmo tempo atraída pelo mistério, ela deixa essa sensação guiá-la para o desconhecido.

Mal sabia ela que estava indo direto a um encontro com seu passado e suas lembranças perdidas, que trariam a ela todas as respostas para as perguntas que a atormentaram por dois anos.

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Prólogo
O sinal anunciando o fim das aulas soou, e eu suspirei de alivio. Minha cabeça estava latejando e eu não me sentia bem desde que havia acordado. Encarar quatro aulas desse jeito não era o melhor remédio para curar meu m*l-estar. Atravessar dois longos corredores lotados de gente e descer dois lances de escada não me fez sentir nada melhor. Quando finalmente cheguei do lado de fora, minha cabeça estava explodindo, e eu estava com uma sensação r**m no estômago. Já havia me acostumado com essa ansiedade. Sempre acontecia comigo quando eu estava em crise, mas tinha algo diferente dessa vez. Meu telefone tocou no meu bolso enquanto eu descia as escadas. A foto da minha mãe apareceu no identificador. Antes de aceitar a chamada, um trovão ribombou no céu, me fazendo dar um pulo. Olhei curiosa para cima enquanto as nuvens ficavam escuras e um relâmpago cruzava o horizonte. Engraçado, a previsão para hoje era um dia ensolarado, pensei. Uma sensação de déjà vu me invadiu, e os mesmos olhos negros de sempre surgiram no fundo da minha mente. Olhei ao redor, tendo certeza de que eu já havia visto isso em algum momento da minha vida, no mesmo instante em que ouvi a voz de alguém falando meu nome. Fechei os olhos com força tentando segurar essa lembrança. Mas não consegui, como sempre. Os pelos dos meus braços se arrepiaram, e minha cabeça deu uma pontada forte. Eu odiava quando isso acontecia. Era sempre uma tortura para mim. Abracei meu corpo e continuei andando enquanto observava as pessoas saírem correndo com medo da tempestade. Eu não fiz o mesmo. Nunca tive medo da chuva e dos raios, eu adorava quando o tempo estava assim. Não sabia o porquê, mas eu achava fascinante. O celular tocou novamente na minha mão, me dando um susto. Eu havia deixado a chamada cair na caixa postal sem querer, e provavelmente minha mãe estava em pânico agora. Desde que tudo havia acontecido, era sempre assim. Se eu não atendesse da primeira vez, ela começava a passar m*l. Da segunda, ela chamava a polícia. Atendi o celular às pressas. - Oi, mãe. - Ágata! – ela gritou – Você quer me m***r do coração?! Por que não atendeu a d***a do celular? - Hey, calma estressadinha – eu ri – Eu não escutei, mas estou bem. Vivinha e sem nenhum dedo faltando. - Isso não tem graça, Ágata – ela disse séria – Dá última vez que isso aconteceu... Ela não terminou a frase. Engoli em seco. - É, eu sei... – suspirei – Desculpa. - Onde você está agora, meu amor? - Acabei de sair da aula, estou indo para os dormitórios. - Está com alguém? Revirei os olhos, sabendo que se eu dissesse não, ela iria encher o saco. - Não, mãe, mas eu estou bem. Já estou chegando, inclusive. Eu não estava nem na metade do caminho. Outro raio cruzou o céu, cada vez mais escuro, e a sensação no meu estômago ficou mais intensa. Uma angustia começou a crescer dentro do meu peito, e eu não fazia ideia porque desta vez estava tão forte. Nunca tinha sido assim antes. - Ágata?! – minha mãe gritou – Você está me escutando? - Não, mãe. Desculpa, eu estava distraída. Ouvi ela suspirar do outro lado. - Você está em um daqueles dias, não é? – ela perguntou. Eu ainda conseguia me surpreender com o poder psíquico da minha mãe. Ela sempre sabia quando eu estava em crise, mesmo quando eu tentava esconder. - Sim, mãe. - Não se preocupe, vai passar rapidinho. - Não sei... – eu disse enquanto desviava de uma poça – Dessa vez está diferente. - Diferente como? – ela pareceu preocupada. - Não sei, mãe – engoli em seco – Está mais forte. - A sensação r**m? - Sim – outro trovão – Eu não sei porque, mas eu estou com uma sensação de que algo está prestes a acontecer. - Você sempre fica assim. Não se preocupe, o médico disse que é normal. - Não, mãe. Dessa vez é diferente, escuta o que eu estou te dizendo.  Um vulto passou ao meu lado, e meu coração disparou. Eu quase dei um grito, mas quando constatei que era só um aluno correndo para não chegar atrasado, fiquei mais calma. Eu não tinha percebido que estava tão nervosa. Respirei fundo, tentando me acalmar. - Mãe, eu estou nervosa – eu sussurrei e olhei ao redor, depois continuei andando. - Não fique, meu amor. Provavelmente isso não é nada – ouvi ela beber algo e depois continuar – Algum déjà vu? - Sim – olhei para o céu mais uma vez. Por que estava tão fissurada com aquele céu? – Um bem forte. E eu ouvi algo. - Ouviu algo? - Sim, uma voz – arranhei a garganta – E também vi os olhos. - Os olhos pretos? – a voz dela assumiu um tom diferente. - Sim. - Será que era a voz dele? Ela sempre se referia aos olhos pretos que me atormentavam como se eles pertencessem ao cara que me machucou, e isso sempre me deixava irritada. Eu não conseguia me lembrar de nada que tinha acontecido naquela noite, e nem de nada do que tinha acontecido no período em que fiquei no internato. Já fazia dois anos que isso tinha acontecido, e todos os dias isso me atormentava. Sempre era a mesma coisa. Sempre as mesmas acusações. Ela não via que isso só me deixava frustrada? Eu nem sabia se realmente havia acontecido algo naquele dia. Eu só tinha sido encontrada inconsciente na floresta à noite e sem lembrar de nada que havia acontecido durante o tempo que passei na escola. Como eles podiam afirmar que alguém poderia ter feito algo comigo? Ninguém podia. Tudo que eles estavam fazendo era criar um monstro, que provavelmente nem existia, para me atormentar. A frustração que me dominou foi tão grande que tive que cerrar o maxilar com força para impedir as lágrimas de caírem. Esse assunto sempre me deixava m*l. Tanto pela frustração de não conseguir lembrar das coisas que aconteceram, tanto pelo sentimento de vazio no peito. - Ágata? Você ainda está aí? – minha mãe falou, me trazendo de volta à realidade. - Estou, mãe. - Ágata, eu sei que está difícil, mas presta atenção em mim. Outro déjà vu. Eu tinha certeza que minha mãe já havia me dito isso em algum momento na minha vida. Mais especificamente, em algum momento naquele período de tempo que foi totalmente apagado da minha memória. Já era o segundo déjà vu naquele dia, e a sensação no meu estômago só aumentava. Isso estava me deixando nervosa. Eu estava tremendo dos pés à cabeça. - Eu estou prestando, mãe – minha voz vacilou, e eu rezei para que ela não tivesse percebido. - Tente se lembrar de mais coisas, Ágata – ela falou – Pense no quanto seria bom se você se lembrasse do rosto desse cara? Tudo o que eu mais quero é lembrar do rosto dele, mãe. O pensamento invadiu minha mente sem permissão nenhuma, e eu me perguntei o que isso queria dizer. Por que eu não conseguia sentir medo dos olhos pretos, por mais que minha mãe plantasse isso na minha cabeça? - Mãe, eu tenho que desligar agora, tudo bem? – eu não queria mais falar sobre isso, e acho que ela percebeu. - Tudo bem, meu amor. Fique bem. E que, mesmo sem a correntinha que você fez o favor de perder, Deus te livre do m*l. Eu ri, me sentindo aliviada por ela ter levado o assunto para outro lado. - Você nunca vai me perdoar por ter perdido essa correntinha, não é? – perguntei. - Claro que não – ela fez uma voz de quem estava dando uma bronca, mas eu sabia que só estava brincando. Esse discurso já tinha sido feito um milhão de vezes antes – Essa correntinha era para ser entregue ao seu primogênito, Ágata. Espero que você conviva com a culpa de ter levado nossa tradição de família para o espaço. Junto com a minha memória, pensei. Afinal de contas, eu havia perdido a correntinha em algum momento que eu também não era capaz de lembrar. - Já estou convivendo. Afinal, tem alguém que não me deixa esquecer disso, não é?  Ela riu. - Você tem que arcar com as consequências – ela falou – Agora eu também tenho que ir. Seus avós te mandaram um beijo. - Manda outro para eles. - Eles estão perguntando quando você vai vir visitá-los. - Não sei, mãe. Está complicado agora. - Eu sei, meu amor. Vou avisar isso a eles, mas você sabe que eles não se conformam que você tenha preferido ficar em São Paulo a ter voltado comigo. Eles se sentem abandonados. Revirei os olhos. - Por favor, para de tentar usar meus avós para que eu volte, porque eu não vou. Ela resmungou. - Eu nunca vou entender isso. Nem eu, pensei. - Mas valeu a tentativa, mãe. - Pois é, não custa nada tentar – ela riu – Beijos. - Tchau. Botei o celular no bolso e continuei o caminho até os dormitório. Há alguns anos, minha mãe havia conseguido o trabalho dos sonhos dela, mas teve que se mudar para São Paulo e largar nossa vida em Santa Catarina. Eu odiei ter que me mudar, mas não pude fazer nada. Não era difícil entender porque todos estranharam quando minha mãe conseguiu se transferir para o escritório de lá, mas eu preferi ficar aqui. Nem eu mesma era capaz de entender, eu só sei que eu tive que ficar. Eu sentia que eu tinha que continuar aqui, no lugar onde eu havia perdido uma parte da minha vida. Sentia que havia algo lá fora que eu havia perdido, e que eu tinha que encontrar. E se eu fosse encontrar isso, sendo minhas memórias ou algo mais, era ali que eu conseguiria, e em nenhum outro lugar. Estava passando pelo trecho que cruzava com a floresta, quando senti a sensação no meu estômago se intensificar. Eu sempre ficava meio nervosa quando passava por aquele trecho, mas aquilo era diferente. Diferente como tudo naquele dia havia sido. Apressei o passo para sair dali o mais rápido possível, mas algo me impediu. Eu não sei exatamente quando, mas algo me fez parar enquanto uma sensação estranha preenchia meu coração. Era como se ele fosse explodir a qualquer momento. Me virei e fiquei cara a cara com as árvores. Olhei para dentro, até onde eu podia enxergar. Outro déjà vu invadiu minha mente, e dessa vez eu tive certeza que vi uma imagem forçar as barreiras do meu cérebro. Fechei os olhos com força, tentando capturar essa lembrança. Não foi uma imagem clara, mas eu vi a mim mesma entrando em uma floresta parecida com aquela, e havia alguém vindo atrás de mim. Eu não sabia quem era, mas eu sabia que eu queria que aquela pessoa estivesse ali. Não sei porque, mas instintivamente minha mão foi ao meu pescoço, onde a minha correntinha costumava ficar. Só quando não senti a frio do metal ali, que pareci despertar e rompi o contato com a lembrança. Abri os olhos novamente, frustrada. Já eram três déjà vus naquele dia, e dois deles trouxeram juntos pedaços soltos de lembranças perdidas. Isso não era normal. Ágata... Ouvi meu nome soar na minha cabeça, como se alguém tivesse falado bem no meu ouvido. Prendi a respiração e fiquei imóvel. Era a mesma voz que eu havia escutado agora pouco, quando os olhos pretos invadiram minha mente. Os mesmos olhos pretos que estavam invadindo agora. Ágata... De novo. E dessa vez acompanhado de um impulso repentino de seguir a voz que eu sentia que vinha de algum lugar entre aquelas árvores. Dei um passo para a frente e parei. Isso é insano, pensei. Não tem voz nenhuma aqui, é só minha cabeça me pregando peças. Recuei um passo e depois mais outro, lentamente. Cheguei à parte que eu deveria me virar e continuar andando, mas eu não conseguia parar de encarar as árvores, como se a voz fosse me chamar novamente. Meu Deus, como eu queria que ela me chamasse novamente. Ágata... Me assustei quando a voz pareceu soar mais alto no meu ouvido. Minha mochila caiu dos meus ombros. Dei um passo para frente involuntariamente e, também involuntariamente, um nome escapou por entre meus lábios. - Dorian... – eu disse baixinho, sem nem sentir direito que tinha dito. Eu não fazia a mínima ideia de onde esse nome havia surgido e nem me importava. Estava mais ocupada tentando desviar dos galhos das árvores enquanto avançava floresta adentro. Eu não sabia aonde estava indo e nem porque, eu só sabia que eu tinha que ir. Era como se houvesse uma força maior do que eu me impulsionando. Não sei quanto tempo andei até chegar em uma parte da floresta em que não havia árvores. Uma pequena clareira. Olhei ao redor, sem saber o que fazer. A sensação no meu estômago ameaçando me engolir. Então, como se alguém tivesse me cutucado, olhei para o lado. A primeira coisa que vi foi uma grande pedra entre as árvores. A segunda coisa que vi foi que havia algo em cima da pedra. Algo que parecia familiar, mesmo à distância. Os pelos dos meus braços se arrepiaram, e meu coração começou a bater tão forte que pareceu que ele faria um buraco no meu peito a qualquer momento. Cautelosamente, me virei e comecei a avançar naquela direção. Um passo de cada vez, sem pressa. Eu sabia que eu estava diante de algo grande, eu só não sabia se estava preparada para isso. Eu tinha noção de que soava estranho, mas era assim que eu me sentia. Lentamente, avancei até me aproximar da pedra. Pude identificar o objeto antes mesmo de o alcançá-lo, mas simplesmente não pude acreditar no que estava vendo. As palavras fugiram, e eu só consegui abrir a boca e prender a respiração. Aquilo não era possível. Encarei a correntinha em cima da pedra com espanto enquanto as perguntas começavam a bombardear minha mente. Me aproximei um pouco mais. Eu não conseguia acreditar, mas estava ali. Era exatamente a correntinha com o crucifixo onde havia escrito Sed libera nos a malo. Eu não fazia a mínima ideia de como ela havia ido parar ali, mas era a mesma correntinha da qual eu havia acabado de falar com a minha mãe. A mesma correntinha que eu não via há anos. Estiquei o braço e toquei nela só para me certificar de que era real. Peguei-a na mão e a aproximei do meu rosto. Isso não era possível. Como? Será que eu estava ficando louca, afinal? Será que era minha mente pregando peças em mim? Porque eu tinha certeza de que aquilo não podia ser real. Virei a cruz para ler a escritura em latim. Lá estava ela. Não percebi a princípio... Só quando eu estava à beira de ser sugada pela escuridão foi que eu me toquei que havia algo errado. Minha cabeça deu uma pontada forte quando minha visão escureceu por completo. A última coisa que pensei foi: Eu estou morrendo.  

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