— Sarah, o que está acontecendo? Eu não entendo por*ra nenhuma! Você pode explicar?!
Eu tinha tomado uma decisão no caminho e vindo até Artur.
— Reserve-me uma passagem para Kaliningrado? Olhei e o próximo vôo seria em seis horas. Chegarei bem na hora.
— O que dia*bos é Kaliningrado, Sarah? Você caiu de cabeça?!
Eu não tinha tempo para explicar...
— Artur, por favor...
— Só se conversarmos com calma agora. Onde você esteve? Por que o telefone estava desligado? O que aconteceu?
Sentada no sofá de um pequeno estúdio com paredes azuis, coloquei o rosto nas mãos, tentando me recuperar da corrida inesperada.
Felizmente para mim não era uma floresta, e sim um imenso jardim. E rapidamente consegui pegar a rodovia e de lá mancar até a cooperativa da dacha, na entrada onde algumas pessoas estavam taxiando.
Tendo escolhido um motorista de táxi apenas com base no gênero, uma mulher com aparência de ladrã. Ela rapidamente me trouxe até o apartamento do Artur.
No entanto, ele não queria ouvir nada sobre me ajudar a escapar da cidade.
— Sarah, estou falando sério. Até que você me conte tudo, não vou levantar nem um dedo.
— Preciso ir embora, Artur. Por muito tempo.
— Por que Kaliningrado? Com um gesto nervoso, ele ajeita os óculos que haviam escorregado do seu nariz.
— Não importa.
Na verdade, há vários anos, a minha amiga íntima Kat se mudou para lá com a família. Claro que devido à distância a nossa comunicação quase desapareceu, porém, eu tinha certeza que ela me prestaria toda ajuda possível.
E de lá para algum lugar na Tailândia. Ou ainda mais longe, para Bali. Em suma, para locais onde não seja difícil obter um visto de longa duração ou onde não, seja necessário.
Planejei a minha partida na primavera. Chocado com o aparecimento de Smoke e os seus cúmplices, procurei muitas informações sobre a mudança para outro país.
Aprendi como e onde você pode alugar uma casa barata. E também sobre trabalhar remotamente. Eu podia tentar dar aulas de inglês online com crianças. Na pior das hipóteses, conseguir um emprego como redatora ou atendente de mercados populares.
Mas ainda não decidi...
Acalentei a esperança ilusória de que a tempestade de areia tivesse passado por mim.
Foi uma pena sair da universidade e mudar completamente o meu modo de vida habitual, porque nasci e cresci na capital e adorava a energia louca desta cidade.
E agora eu estava muito arrependida. Relaxei muito cedo, deixei tudo seguir o seu curso. E aqui está, um resultado deplorável, se eu não for para um bordel, então serei uma prosti*tuta. A escolha foi realmente incrível na sua diversidade.
— Tudo bem. Declarou Artur de repente e decisivamente. — Vou comprar duas passagens! Para você e uma para mim. Você me contará o que aconteceu no caminho.
— O que? Eu não pude acreditar no que ouvi.
— Sarah, iremos juntas. Artur se agachou na minha frente, colocando as minhas mãos na suas palmas molhadas.
— Artur, você está louco? Você não pode ir comigo, isso não é uma aventura adolescente?
— Você é minha garota, não vou deixar você ir sozinha!
Revirei os olhos.
— Há quanto tempo estamos juntos? Algumas semanas? Por favor, pare com esse teatro do absurdo! Eu não deveria ter vindo.
Tentei me levantar, mas Artur me manteve no lugar.
— Sarah, eu te amo! Bem, como você pode não entender? O desespero era evidente nos olhos verdes.
Aqui está a lua cheia para mim.
Bem, como alguém pode não acreditar em astrologia? Embora, normalmente, a lua se tornasse o meu amuleto e talismã... Mas desta vez não está claro.
— Artur, pare com isso...
— Vamos arrumar bons empregos com os nossos estudos! No final, podemos voltar para a faculdade! Entrelaçando os nossos dedos, ele garantiu com firmeza.
— Artur, você pode me ouvir?! Sacudi o “resolvedor” pelos ombros. — Você vai me comprar uma passagem agora mesmo! Só então conversaremos.
— E você vai me contar tudo?
— Um resumo.
— Bom, tudo bem... É que você vai embora... Mas e nós? Nosso relacionamento...
— Reserve-me uma passagem. Vou tomar um banho agora. Você tem proteção?
— Que proteção? Artur eclodiu incompreensivelmente.
Lancei um olhar eloquente para o dono do apartamento.
— Hum... eu...As bochechas do meu suposto namorado instantaneamente ficaram vermelhas.
— Ainda tenho cerca de trinta minutos. Suspirei resignadamente e me levantei, indo para o banheiro.
— Tenho preservativos...A sua voz abrupta veio de trás de mim.
— Tudo bem. Respondi com indiferença.
Embora, em geral, eu não me importasse agora.
Fazer isso pela primeira vez com um cara que ansiava por mim desde a nona série e estava pronto para desistir de tudo pelo bem do nosso relacionamento ridículo? Ou com um bandido sem alma que me vê apenas como uma mercadoria?
Isso nem é um dilema de respeito.
Embora no meu coração não muito razoável, as prioridades, infelizmente, foram definidas há muito tempo. O que sonhei nas minhas fantasias tabu acelerou instantaneamente o sangue nas artérias para centenas.
O velocímetro interno estava fora dos gráficos.
No entanto, Arte não era apenas um idio*ta de classe mundial, mas também um bandido cujas mãos provavelmente estavam manchadas de sangue até aos cotovelos.
Apenas o candidato perfeito para o primeiro homem.
Depois de tomar banho, amarrei uma longa toalha de banho branca como a neve em volta do peito e, colocando as palmas das mãos frias nas bochechas, olhei para meu reflexo.
Um rubor doentio se espalhou pelo meu rosto pálido. As pálpebras tremiam levemente, como se estivesse passando por um tique.
E os meus olhos estavam cheios de lágrimas não derramadas.
— Sarah, arrumei o sofá… A voz insinuante de Artur penetrou no meu esconderijo por trás da porta.
— Que bom. Coloquei as palmas das mãos nas bochechas em chamas.
Elas estavam queimando. Eu estava pegando fogo.
Talvez eu esteja com febre?
O corpo decidiu rebelar-se contra esta ideia idi*ota?
O que você está fazendo, Sarah?
Descansando as minhas mãos nas bordas da pia amarela lascada, respirei estremecendo.
— Sarah, estou esperando por você...Os gritos de uma balada romântica sobre amor não correspondido foram ouvidos no corredor.
Acho que ele se voltou contra Celine Dion.
Uma risada rouca escapou dos meus lábios.
Era tudo tão ridí*culo e estúp*ido que em algum momento tive vontade de rir até chorar.
Mordendo o lábio, apertei a louça fria entre os dedos até os nós dos dedos ficarem brancos, tentando me acalmar. Com os pés descalços, literalmente congelando nos azulejos frios. Eu estava tremendo.
Afinal, ele é bom. A ponto de enjoar...
Por que nós, meninas, somos tão tolas?
— Sarah... Eu sonhei com isso por tanto tempo... Bem, você está bem?
Encostando a testa no vidro frio, percebi que não conseguiria.
Estou confusa. Perdida. E quase me perdi.
É hora de admitir que o nosso “relacionamento” desde o início foi apenas uma tentativa de escapar da solidão. De qualquer maneira, nada de bom resultaria disso.
— Estou saindo! Artur, me desculpe, mas... Peguei o nó da toalha para me livrar dela e vesti as minhas roupas.
No entanto, a minha mão ficou suspensa no ar, ouvindo gritos e batidas de pés em algum lugar próximo.
Abrindo a porta, vi vários homens amarrando Artur, espancando-o com os punhos, e havia fragmentos dos seus óculos favoritos por todo o chão.
Um pesadelo. Isso está além de um pesadelo.
Agarrei um deles pelo cotovelo, mas eles imediatamente me amarraram e me empurraram para a entrada vestindo apenas uma toalha sobre o meu corpo nu.
— IDIO*TAS!!! NÃO TOQUE NELA... Artur rugiu como um predador ferido.
Eu o ouvi gemer de dor.
— Deixe ele ir! Ele não é culpado de nada...
Só na rua é que percebi que tinham me arrastado praticamente como a minha mãe me deu à luz... Nua!
Dois SUVs pretos estavam estacionados no quintal da casa. Tendo aberto a porta de um deles, fui empurrada para dentro, para um assento vazio ao lado do motorista.
O Escuro estava sentado ao volante, relaxado no banco, parecendo o mestre da vida.
Ele parecia estar num desfile. Terno preto estiloso. A camisa é meio-tom mais clara. Gravata fina. Conjunto completo. Como de um modelo.
E eu, enrolada numa toalha de banho, com os cabelos meio-secos.
— Eu te disse, hoje você vai adormecer nos meus braços. Eu não sabia que você tinha problemas auditivos. Ou o instinto de autopreservação está completamente ausente? Os olhos castanhos de Arte abriram buracos no meu traje simples, deslizando do vale entre os meus sei*os até às minhas pernas nuas cobertas de arrepios.
Eu tremia toda, não conseguia controlar a língua: seja pelo frio, seja pelo excesso de adrenalina no sangue causado pela situação de choque, eu parecia entorpecida.
Não consegui pronunciar uma palavra enquanto o seu olhar gelado, como um bisturi, cortava a minha pele.
— Seria melhor se você não fizesse isso, Sarah. Eu estou muito bravo. Eu não quero despedaçar você.