Episódio 13

1675 Words
Logo Arte saiu do território da casa e fui tomado por uma sensação sufocante de ansiedade. De qualquer forma, eu era uma perdedora. No entanto, pagar com o meu corpo ao Escuro em troca de sua proteção parecia ser a única solução para esse problema difícil, mesmo que eu precisasse de um fio extra de nervosismo. Para o meu horror e vergonha, algo ainda afundou em meu coração quando olhei para o cínico endurecido Arte Apostolov. Mas com a cabeça, claro, entendi que essa “troca de mercadorias” mancharia para sempre a minha vulnerável alma feminina. Bem… O mundo do crime está cheio de crueldade e maldade. E o meu pai foi parte integrante disso por muito tempo. Sou filha de um bandido. Parece que terei que carregar esse estigma por toda a minha vida. — Sarah? Eu me virei com uma voz feminina calma. — Meu nome é Elena. Vamos, vou levá-la para o seu quarto. Para o meu quarto? Nessa casa. De que forma pervertida nossos desejos mais acalentados às vezes se tornam realidade, não é? — Muito obrigado, Elena. Sorri forçadamente, olhando para a minha acompanhante. Ela parecia ter cerca de sessenta anos. Ela é uma morena baixa com olhos cinzentos atentos e ligeiramente oblíquos. Rosto amigável. Testa alta com maçãs do rosto largas. Ela estava vestida com um vestido marrom rigoroso com gola alta branca como a neve. — Eu cozinho nesta casa e cuido dos empregados. Mas hoje não haverá ninguém além de mim e dos guardas. Arte Aleksandrovich não gosta de estranhos. Incapaz de pensar em como responder, subi atrás dela a monumental escada dos fundos que levava ao segundo andar. A casa tinha muitos cômodos: o design era dominado por texturas de madeira escura e tons suaves de cinza. Apesar do ambiente bastante sombrio, me senti bastante confortável aqui. Provavelmente porque há muito não estou acostumado com cores brilhantes. Quando Elena saiu do meu quarto, fui até a janela, admirando o disco perfeitamente redondo da lua. Sempre me pareceu que no outono é o mais bonito e facilmente visível. Hoje foi lua cheia. No esoterismo, este período foi considerado a fase mais perigosa, como se muitos fenômenos místicos ocorressem nesta época. Os astrólogos garantiram que era a lua cheia que tinha energia pesada e sua influência poderia afetar negativamente todas as esferas da vida humana. Apesar de todos os preconceitos, adorei observar os corpos celestes. No meu décimo aniversário, os meus pais me deram um telescópio, acertando em cheio com o presente: foi então que me interessei por astrologia e considerei a lua uma espécie de meu talismã. A batida característica da porta me fez virar bruscamente. Levantei uma sobrancelha interrogativamente, olhando para Elena, que estava parada na porta com uma bandeja cheia de comida nas mãos. — Arte Aleksandrovich me pediu para garantir que você jantasse. A mulher olhou para o meu corpo frágil com preocupação. Eu apenas abri as minhas mãos desajeitadamente. Para falar a verdade, desde a primavera, sob estresse, perdi muito peso e dia após dia continuei derretendo. Parece que o Minotauro não queria “banquetear-se” com uma pilha de ossos... — Obrigada...Sem apetite, eu olhei de soslaio para a variedade de pratos que apareciam na mesa. — Não vou embora até você comer. Esta é uma ordem do dono da casa. Ela repetiu, como um disco quebrado. Suspirei alto, mas não discuti, pegando a deliciosa torta. *** Passei a maior parte do dia no quarto, só à noite decidi descer para o jardim. Apesar do crepúsculo se espalhar como geleia de mirtilo sobre a aldeia, estava quente lá fora. Eu até combinei com o meu jeans e camiseta. Foi possível trocar para algo mais leve, pois durante o dia Elena me trouxe várias sacolas cheias de roupas para todas as ocasiões, porém, depois de tomar banho, coloquei novamente nas minhas coisas. Para ser sincera, eu ainda estava no limbo, sem ter ideia de para onde Arte tinha ido e quando voltaria? E o mais importante, o que acontecerá comigo a seguir? Uma dúzia de perguntas urgentes giravam em minha cabeça e eu não conseguia mudar de assunto. Também fiquei tão farta das intermináveis ​​mensagens de Artur que tive que desligar o telefone. Parei nas profundezas do jardim, observando pensativamente o encantador sol poente que se punha além do horizonte. — Sarah. Voltei. Estremeci, instantaneamente imersa no perfume masculino espesso e ácido, quando palmas com falanges tatuadas se fecharam em minha barriga nua, rastejando sob s minha camiseta. Grunhindo, Arte passou os lábios pelo meu pescoço, puxando-me para mais perto dele pela cintura. Ele me abraçou com força, apoiando-se em mim por trás. Respirando fundo, tentei afastar em um momento a névoa de escuridão c***l que nos envolveu, agitando algo profundamente dentro de nós. — Onde você esteve? M*al movendo minha língua pesada, joguei levemente a cabeça para trás, absorvendo inconscientemente o calor que emanava do corpo do homem. — Peguei a estrada para a capital do norte. Arte traçou uma longa linha com a ponta do dedo logo abaixo do meu umbigo. O metal frio de seus terríveis anéis de soco inglês, tocando a pele delicada, me encheu de uma estranha emoção. Minhas pernas começaram a tremer. — E deu tudo certo? Mordi a ponta da língua de excitação. — Você duvidou de mim, Sarah? Arte agarrou o meu pulso com uma das mãos, fechando os seus dedos fortes sobre ele. — Então você conseguiu resolver tudo? Murmurei com indisfarçável esperança. Sentindo o ar movimentar os cabelos da minha nuca, percebi que o Escuro assentiu afirmativamente. ,— Dias sem dormir. Mas a viagem acabou sendo frutífera. Arte estava criminosamente perto: a sua respiração rouca pousou em meu pescoço e na nuca. — Mas... E agora? Fechei os olhos com força. O moreno enterrou o nariz em meus cabelos, inalando ruidosamente o seu perfume. Sua proximidade e toques confiantes causaram uma onda perigosa em algum lugar na região do coração. Perigoso, porque eu não deveria gostar disso... Nem um pouco. — Eu estava suando como uma fera. Vamos tomar um banho? Sugeriu ele, acariciando vagarosamente a pele do meu pulso com os dedos ásperos, pegando-o levemente com a unha. — Você quer... ir... Eu quase engasguei com a própria respiração irregular. —Veremos como você se comporta. O tom descontraído de Arte mostrava zombaria. — Na escola tirei A em comportamento....Ficando nervosa, falei alguma bobagem, só para distraí-lo pelo menos um pouco. — E eu tenho um empate. O Escuro riu. A sua grande mão bronzeada, deslizando para o cós da minha calça jeans, moveu-se livremente cada vez mais para baixo, privando-me da capacidade de pensar. — Você quer que eu lhe conte uma coisa? Um segredo terrível, Sarah? Tentei fugir, mas Arte interrompeu esta tentativa ridícula de fuga, empurrando-me com a sua virilha tensa. Uma bola quente agitou-se no fundo do meu estômago. Você é uma idi*ota, Sarah. Ele vai destruir você... — Eu não sei. Eu sussurrei em resposta. Alguns minutos a sós com esse homem, sem nenhum contato visual, me fizeram sentir impotente. E indefesa. — Moro nesta casa há vários meses, mas nunca usei o jacuzzi. Vamos estreiar? — Eu não tenho maiô. — Você não vai precisar disso. — E se eu recusar procedimentos de água? Prendo a respiração, e lambi os lábios secos. — Vou permitir que faça isso. Mas lembre-se, você vai dormir em meus braços hoje. Enquanto caminhávamos pelo jardim, o telefone de Arte tocou. — Fale. Ele disse brevemente. — Tolya, bem, bem na hora. Ok, você sabe o que fazer. O Escuro respondeu, perfurando-me com o seu olhar atento por baixo de seus longos cílios cor de café. — Espere por mim na sala. Elena vai trazer o jantar para você lá. “lVolto em breve. Ele desviou o olhar, baixando-o para o telefone e digitando algo rapidamente. Balancei a cabeça e não discuti. Pouco antes de entrar em casa, olhei para o homem congelado no meio do jardim. A camiseta branca como a neve se estendia sobre suas costas retas e poderosas e braços musculosos. Calças de moletom caem como uma luva em quadris fortes. Depois de atender a próxima ligação, Arte de repente mudou para palavrões seletivos. Decidindo não aquecer os ouvidos, corri para o meu abrigo temporário. Para falar a verdade, fiquei feliz por ter a oportunidade de organizar um pouco os meus pensamentos, ficando sozinha comigo mesmo. Eu precisava me preparar mentalmente para o que aconteceria no futuro próximo. Talvez, tendo recebido o “pagamento”, o Escuro me deixe em paz... Quando trabalhei como garçonete em seu estabelecimento, nunca vi Apostolov duas vezes na companhia da mesma mulher. Talvez eu consiga escapar e voltar à minha vida cotidiana amanhã? Abrindo as portas de correr, saí para a varanda, envolta pelo frescor da noite, sem encontrar lugar para mim. O meu telefone vibra com a mensagem. Espere por mim no quarto. Eu volto em breve. Eu voltarei e partirei o seu coração. Fechei os olhos com força e pensei em alguns anos atrás. Na noite em que ele saiu da nossa casa. — Bem, por que você está chorando, Sarah? — Não nos veremos novamente. Papai disse que você partirá amanhã de manhã. Ajustando o curativo no peito, nosso convidado olhou para mim com ternura. Eu chorei novamente. Com certeza sentirei falta dos nossos encontros noturnos... E embora Arte fosse geralmente um homem de poucas palavras, senti que ele gostava da minha companhia. Este era o nosso segredo. — Aqui elaborei um horóscopo de compatibilidade! Nossos sinais são perfeitos! Você pode imaginar? E entreguei ao jovem uma folha bem decorada, onde anotei especialmente tudo relacionado ao componente amoroso de nosso possível relacionamento. Fechei os olhos, ardendo de vergonha. Eu tinha treze anos. Ele tem vinte e cinco anos. E aqui estou eu com meu horóscopo! ‍ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌ ‌​​​‌‌​​‌‌​‌​‌​ ​​
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